terça-feira, 25 de outubro de 2011

USDA: mercados mundiais e comércio de carnes - Previsões para 2012

Competição aumenta entre os principais exportadores de carne bovina em 2012:



(p) - Previsão

Índia substitui Estados Unidos como terceiro maior exportador

As exportações de carne bovina deverão aumentar em 5% em 2012 devido à forte demanda global, particularmente pelo Sudeste da Ásia, Oriente Médio e África do Norte. A Índia será responsável por quase metade do crescimento mundial em 2012 devido às maiores ofertas e às exportações com preços competitivos aos mercados emergentes. A expansão permite que o país passe os Estados Unidos e se torne o terceiro maior exportador do mundo.

Os Estados Unidos mantêm os ganhos obtidos desde 2003, último ano antes da detecção de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) no Estado de Washington, devendo alcançar níveis recordes de exportação. Apesar do enfraquecimento do dólar, um crescimento adicional nos Estados Unidos está limitado pela menor produção.

Rússia é o maior importador mundial de carne bovina

A Rússia, que agora inclui o comércio com a Bielorússia, deverá continuar sua nova posição como maior importador do mundo. Uma produção levemente menor deverá ser compensada parcialmente por um aumento nas importações. O volume dentro da cota sujeita a tarifas deverá se manter sem mudanças em 2012 e novamente um volume significante deverá ser importado além da cota.



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Nota: Os totais incluem somente os países que fazem parte do banco de dados oficial do USDA. Isto significa que os totais não incluem toda a produção, consumo e comércio mundial, mas sim, a soma dos dados dos países presentes no banco de dados do USDA, que representam os países mais importantes no mercado mundial de carnes. Para capturar esses países mais importantes, a lista muda periodicamente. (p) - Previsão

Previsões para o mercado de carne bovina e de vitelo em 2012

A produção mundial total deverá se manter virtualmente sem mudanças, apesar de outro ano de antecipadas ofertas globais estreitas com forte demanda. O declínio significante esperado na produção dos Estados Unidos será em grande parte compensado pelos ganhos da Índia, Brasil e Argentina, enquanto União Europeia (UE) e China permanecerão relativamente estagnados.

Produção dos Estados Unidos cairá

A produção pelo líder mundial, Estados Unidos, deverá cair em 5%, para 11,4 milhões de toneladas. As ofertas de gado disponível para abate serão significantemente mais estreitas devido aos rebanhos menores e aos declínios nas safras de bezerros ocorridos nos últimos anos. Além disso, as importações de gado bovino deverão cair, colocando mais pressão de baixa nas ofertas de gado. Os preços elevados dos alimentos animais e a seca no sudoeste do país manterão os pesos das carcaças relativamente estáveis, evitando qualquer compensação parcial pelos menores abates de bovinos.

Índia cresce devido à demanda de lácteos e de exportação

Como o maior consumidor de lácteos do mundo, o rebanho bovino da Índia continua sendo impulsionado pela demanda doméstica de lácteos. Os maiores rebanhos de bovinos e búfalos facilitaram os menores custos e a maior produção de lácteos, enquanto os fortes lucros têm facilitado a melhora nas práticas de manejo. A expansão da indústria de lácteos da Índia gera produção adicional de carne bovina, à medida que um aumento nos rebanhos aumenta o número de animais disponíveis para abate.

Além do ímpeto da indústria de lácteos, a forte demanda global por carne bovina a preços competitivos gera novos incentivos para os estabelecimentos de abate para recuperar o valor dos animais anteriormente subutilizados.

A forte demanda externa direciona a previsão de produção em 7% para cima, para 3,3 milhões de toneladas. O consumo marginalmente maior reflete somente o crescimento populacional, considerando que a preferência na Índia é por fontes protéicas vegetarianas ou à base de lácteos.

Produção brasileira maior devido à demanda doméstica

O suporte financeiro do Governo para a reconstrução de rebanhos, bem como as melhorias genéticas e de pastagens deverão gerar um aumento no rebanho bovino brasileiro, aumentando as ofertas de animais prontos para abate. Alguns processadores têm feito parcerias com produtores para aumentar a produção de animais confinados, permitindo que eles tenham número de bovinos terminados disponíveis durante todo o ano de forma a evitar quedas durante a estação de seca quando as pastagens são insuficientes, principalmente na região centro-oeste.

Esses fatores, combinados com pesos levemente maiores das carcaças, deverão aumentar a produção em 2%, para 9,2 milhões de toneladas. Apesar de os preços elevados terem retido as exportações, o aumento da classe média com mais poder de compra está direcionando a forte demanda doméstica.

Outros importantes produtores deverão ter ganhos devido à reconstrução de rebanhos

A produção de carne bovina da Argentina deverá se recuperar levemente, aumentando em 4%, para 2,5 milhões de toneladas. São esperados maiores abates por causa dos retornos lucrativos devido aos contínuos preços elevados do gado. As melhores condições encorajam os investimentos e a retenção. Os produtores se beneficiam de uma forte demanda doméstica e global.

A reconstrução do rebanho na Austrália começou em resposta às condições bem melhores das pastagens e de oferta de alimentos animais comparado com os últimos anos. Os maiores abates compensarão uma leve redução nos pesos das carcaças, gerando um aumento na produção de 2%, para 2,2 milhões de toneladas, que é destinada principalmente para exportação.

Depois de anos de contração, a indústria pecuária do Canadá poderá entrar em fase de reconstrução do rebanho. Os maiores estoques e um aumento na safra de bezerros, junto com menores exportações de animais vivos aos Estados Unidos, aumentarão a disponibilidade de gado para abate doméstico.

O Canadá continuará mantendo sua vantagem recentemente adquirida de custos dos alimentos animais em comparação com os Estados Unidos, apesar de a uma margem mais estreita. Com amplas ofertas de trigo e cevada de qualidade para alimentação animal, as exportações de bovinos vivos cairão à medida que os animais permanecerão no Canadá para engorda e abate. A produção deverá aumentar em 4%, para 1,2 milhão de toneladas.

Diferentemente do setor de suínos, a indústria de carne bovina da Coreia foi bastante poupada dos abates abundantes devido ao surto de febre aftosa registrado pelo país no ano anterior. Estoques de tamanho consideráveis nascidos em 2010, quando os produtores estavam expandindo, estão agora ficando prontos para abate. Os rebanhos recordes exercerão pressão de baixa nos preços, estimulando os abates de animais mais jovens. A produção deverá aumentar em 13%, para 295.000 toneladas.

Expansão do Paraguai impedida por causa de foco de febre aftosa em setembro

Com as queda nos preços, os pecuaristas do Paraguai esperam reter os abates de animais prontos o máximo possível, esperando pela recuperação dos preços no restabelecimento das exportações. Por causa do foco de febre aftosa, quase todas as plantas exportadoras foram fechadas, mas as plantas menores locais de abate continuaram suas operações normais. A produção no Paraguai aumentará levemente para 440.000 toneladas, permanecendo abaixo do nível dos últimos anos.

Comércio: maiores envios aos mercados emergentes; Índia captura ganhos significantes

A maior demanda global, particularmente dos mercados emergentes do Sudeste da Ásia, Oriente Médio e norte da África deverão aumentar as exportações mundiais em 5%, para 8,2 milhões de toneladas. Os envios aos mercados desenvolvidos, exceto para os Estados Unidos, ficarão bastante estagnados.

Importações

Estados Unidos lideram o aumento nas importações

O declínio na produção dos Estados Unidos pressionará as importações para cima, aumentando para 948.000 toneladas, apesar de permanecer abaixo dos níveis históricos. Um crescimento adicional é limitado por uma fraca recuperação econômica dos Estados Unidos, um fraco dólar, as escassas ofertas da Oceania e a forte demanda de importadores competidores.

Expansão no Oriente Médio e norte da África continuará

A demanda se manterá robusta na região, com as importações em todos os países reportados devendo aumentar.

O maior crescimento deverá ocorrer no Egito, à medida que o consumo de carne aumenta. As importações deverão ser 9% maiores, para 250.000 toneladas. As ofertas domésticas não deverão ser capazes de suprir a demanda, apesar das maiores importações de gado para abate. A lucratividade no setor de lácteos, o direcionador da indústria pecuária, estimulará a retenção de animais.

O Irã deverá ter um aumento de 4%, para 235.000 toneladas, à medida que o consumo permanece forte. O investimento iraniano em abatedouros brasileiros garante um contínuo e forte comércio bilateral.

As importações da Arábia Saudita, Argélia, Jordânia, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, deverão ser de 4% a 9% maiores com base nas maiores populações e rendas, à medida que a produção é limitada.

Mercados emergentes do sudeste da Ásia lideram crescimento asiático

O Vietnã e a Malásia gerarão oportunidades para maiores importações, de 8% a 11%, respectivamente, devido à forte demanda, crescimento econômico, crescente classe média e crescentes rendas disponíveis.

Similarmente, Filipinas e Cingapura deverão ver aumentos nas importações, de 3% a 11%, respectivamente.

Entre os mercados desenvolvidos tradicionais da Ásia, somente Hong Kong e Coreia do Sul deverão aumentar as importações, em 8% e 2%, respectivamente.

O Japão deverá manter suas importações sem mudanças, em 725.000 toneladas, à medida que o consumo relativamente estável será suprido pela produção doméstica estável e pelo retorno à distribuição normal desde o terremoto em Miyagi em 2011.

UE e Rússia deverão ter pequenos aumentos

Um leve aumento nas importações da UE, para 375.000 toneladas, será limitado pelos elevados preços na América do Sul, restrições devido à rastreabilidade às ofertas brasileiras, taxas de câmbio e fraca demanda.

As importações da Rússia deverão ser 1% maiores, em 1,06 milhão de toneladas, com as maiores importações parcialmente compensando a menor produção. Os estoques de gado continuam caindo, à medida que a indústria de lácteos se reestrutura e um menor número de animais está disponível para abates, limitando a produção.

O volume dentro das cotas sujeitas a tarifas permanecerão sem mudanças em 2012 e uma quantidade significante deverá novamente ser importada acima da cota. Entretanto, as importações permanecem voláteis devido às barreiras sanitárias. A Rússia restringiu as importações de certos frigoríficos de carne bovina do Brasil em junho de 2011 e, embora significante em número, a restrição não enfraqueceu tanto a oferta quanto impactou na carne suína.

Apesar disso, as ofertas alternativas deverão de beneficiar das contínuas restrições. A Rússia e a Bielorrússia ainda deverão estabelecer planos para 2012, mas o acordo deverá ser muito parecido com o atual acordo (que permite que a Bielorrússia exporte 130.000 toneladas à Rússia) com forte potencial para aumentar o comércio bilateral visando manter a oferta estável. Entretanto, uma vez que os controles fronteiriços foram removidos em julho de 2011, o comércio poderá ser provavelmente mais difícil de ser regulado e tabulado.

Exportações

Índia solidifica sua posição como fornecedor com preço competitivo

As exportações da Índia deverão aumentar em 16%, para 1,28 milhão de toneladas. A rápida expansão continuará devido à posição competitiva como um fornecedor de carne bovina (búfalo) de baixo custo. Outros fatores que impactarão positivamente é a capacidade de colocação no mercado, particularmente no norte da África e Oriente Médio. A carne é produzida a partir de abates seguindo os padrões halal e a pouca quantidade de gordura da carne de búfalo tem várias características positivas buscadas pelos processadores.

Amplas ofertas e uma demanda doméstica relativamente fraca resultam em maior produção sendo exportada, apesar do acesso limitado ao mercado comparado com outros importantes fornecedores. A Índia mantém importantes classificações junto à Organização Mundial para Saúde Animal (OIE): "risco insignificante" para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) e "livre" para peste bovina e pleuro-pneumonia contagiosa bovina.

Entretanto, seu status de febre aftosa apresenta problemas para os ganhos de acessos adicionais a mercados. Apesar de a doença ser controlada através de programas de vacinação, a Índia não mantém um status de classificação de febre aftosa junto à OIE.

Exportações australianas e brasileiras crescerão de forma limitada

As exportações da Austrália aumentarão para níveis quase recordes (1,38 milhão de toneladas) baseado em maiores ofertas. Entretanto, um dólar australiano relativamente forte, uma demanda doméstica robusta e quedas nos pesos das carcaças limitarão uma expansão adicional.

A valorização do dólar australiano em 2011 tem diminuído os envios aos Estados Unidos e, de certa forma, tornado a Austrália menos competitiva em outros mercados como o Japão, impulsionando, assim, mais envios a mercados não tradicionais, como a Rússia.

A recuperação nas exportações do Brasil é baseada em uma maior produção e uma recuperação dos importantes mercados da Rússia, Oriente Médio e Hong Kong. Existe pouca expectativa de que os envios à União Europeia (UE) se recuperarão, à medida que as preocupações econômicas limitam a demanda e as ofertas que cumprem com o programa de rastreabilidade da UE são limitadas.

A recuperação dos envios aos Estados Unidos também é antecipada devido à resolução do resíduo de ivermectina. As exportações brasileiras deverão aumentar em 4%, para 1,38 milhão de toneladas.

Exportações dos Estados Unidos permanecerão constantes apesar da oferta estreita

Apesar da produção significantemente reduzida, os Estados Unidos deverão manter as exportações que alcançarão 1,25 milhão de toneladas, uma participação histórica de 11% da produção. A contínua forte demanda por importantes mercados, como Canadá, México e Ásia sustentarão os envios.

As exportações do Canadá e da Argentina aumentarão devido ao crescimento da produção

As exportações do Canadá deverão aumentar 8%, para 450.000 toneladas, baseado em mais ofertas e forte demanda global.

Apesar de a Argentina estar limitada pelas restrições do Governo e pelos preços domésticos da carne bovina, a maior produção deverá sustentar as exportações, que deverão alcançar 300.000 toneladas.

Consequentemente, a indústria tem focado nos envios de cortes de maior valor para mercados premium, como a UE (dentro e fora da cota Hilton), bem como Rússia e Israel.

Fonte: USDA, traduzido a adaptado pela Equipe BeefPoint.

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