O Rally da Pecuária 2011 chegou ao fim, pessoal, e foi muito interessante! Só conheci gente bacana, lugares bonitos e a organização está de parabéns. Iniciativas como essa devem ser aplaudidas de pé!
Segue uma foto da última equipe:
Se quiser, acompanhe mais fotos no www.rallydapecuaria.com.br
Mas vamos ao mercado. Olha, eu estou achando linda essa disparada dos preços do boi gordo. Em setembro confesso que fiquei bem pessimista com o volume de animais confinados que apareceu e com a queda de preços ao longo do mês.
O consumo estava forte, mas encontrava dificuldades em andar ainda mais e me perguntei se esta seria uma daquelas entressafras “exceção”, em que vemos preços mais altos no primeiro semestre em relação ao segundo.
Novembro veio pra provar a força descomunal que tem a entressafra e que ela não pode ser subestimada, mas já tenho uma pulga atrás da orelha aqui. O mercado está forte, tem muita gente por aí que até se ofende se eu falar em queda.
Não me refiro a mercado em baixa por enquanto, mas alguns sintomas já começam a me deixar de olho aberto.
Bom, as escalas encurtaram? Sim. Mas é claro que a falta de animais não faz nada por si.
Observem o primeiro gráfico.
Gráfico 1.
Evolução das escalas de abate (dias) e dos preços do boi gordo em São Paulo (R$/@).
O que se observa é que as escalas já estiveram mais curtas do que estão hoje. Basta fazer a comparação entre o que acontecia com a linha preta na metade do ano e o que acontece agora. A linha preta representa a média das escalas em São Paulo no mês. Mesmo assim, a reação não vinha com a força que veio agora, e o motivo é a carne, que resolveu andar.
Bom, sobre isso já tínhamos conversado na semana passada. Qual é a novidade desta semana, afinal?
A novidade é que a carne voltou a pesar dentro da cesta básica em outubro. Isso significa que os gastos com carne voltaram a representar mais de 35% dentro do gasto total com a cesta básica, o que não ocorria desde fevereiro de 2011, quando o boi estava em R$105,00/@ em São Paulo e essa relação (carne/cesta básica) estava decrescendo, ou seja, saiu de 39% em dezembro para os seus 35% em fevereiro e manteve uma média de 35% durante o restante do ano.
O dado para novembro ainda não saiu, mas não há muita dúvida de que virá em alta forte. Observe a figura 2.
Gráfico 2.
Representatividade do gasto com carne dentro do gasto total com a cesta básica (%).
Outro detalhe que já citei há pouco, mas vale lembrar: o pico do ano passado foi de 39%. Não sei qual será a alta a ser registrada em novembro, nem afirmo que pulará de 36% para 39%, apesar de ser exatamente o que aconteceu entre outubro e novembro do ano passado (3 pontos porcentuais de alta).
De toda forma, já dá pra ficar de olho. Afinal de contas, contando apenas a primeira quinzena de novembro, a carne já subiu 12% ou R$0,73/kg.
E falando em carne, observe o gráfico 3.
Gráfico 3.
Evolução do preço do boi casado no mercado atacadista de São Paulo (R$/kg).
Vejo duas coisas nessa figura. A primeira é que o boi casado está quase chegando ao patamar máximo do ano passado. O topo, que ocorreu no dia 10/11 nos R$7,36/kg.
O segundo fator é a formação do gráfico propriamente dita. Algo no comportamento de hoje te lembra do mesmo período de 2010? A mim, sim.
Por último, vamos falar sobre a inflação, que no mesmo período de 2010 era mais ameaçadora do que é hoje.
Bom, pelo menos é o que acha o Banco Central, já que deu início a uma rodada de diminuição dos juros à espera de reflexos da crise que aparecerão por aqui. De toda forma, fica claro que a pressão inflacionária está menos intensa neste momento, como é possível observar no gráfico 4.
Gráfico 4
Evolução do IGP-DM mês a mês.
Mas a carne pode ajudar a apertar a situação novamente em novembro. De toda forma, ontem li uma notícia boa: de acordo com o Serasa, a redução da pressão inflacionária fez diminuir a inadimplência no Brasil pelo segundo mês consecutivo após seis meses de aumento ininterruptos. Bom sinal!
Bom, aquela nossa conversa da semana passada ainda está valendo: o bom é vender na alta, gente.
Vender devagarzinho, compassadamente, nos melhores patamares possíveis para o momento, com calma para colocar na negociação o frete, o prazo, o pagamento à vista, enfim. Vocês devem saber melhor do que eu como aproveitar quando estamos com as rédeas nas mãos. Mas o que quero dizer é que é bom aproveitar enquanto a reação do consumo aos altos preços continua na inércia.
Ah, só mais um comentário. Ontem (16/11), o indicador subiu novamente, foi para os R$107,81/@. Na BM&F, o vencimento novembro/2011 por enquanto estacionou no topo anterior de 2011, os R$108,90. Não conseguiu romper esse patamar ainda. Caso isso não ocorra amanhã e se o efeito da segunda quinzena do mês não for sentido, talvez esse topo possa ser rompido, mas cuidado.
Os osciladores mostram um pouco de divergência e o volume negociado hoje, quando os preços encostaram nessa barreira, foi considerável. Para quem especula, seria ideal um rompimento de topo anterior com volume e osciladores positivando.
Aliás, o mercado futuro já paga 108,40 para novembro, 107 para dezembro e 101,55 para janeiro. A curva está bem inclinada e isso me cheira a oportunidade.
Gráfico 5.
Curva futura.
Abraços a todos e até a semana que vem!
FONTE: WWW.AGROBLOG.COM.BR / AUTOR LYGIA PIMENTEL
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