terça-feira, 11 de junho de 2013

Conheça os principais pontos da compra da Seara, da Marfrig, pela JBS


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Miguel Cavalcanti, diretor do BeefPoint, participou ontem (10/junho) da coletiva com a direção da JBS e Marfrig onde foi apresentado e explicado o negócio da venda da Seara para o JBS. Acompanhe as principais informações.
Sergio Rial, CEO da Seara e futuro CEO da Marfrig
  • Marfrig vendeu Seara Brasil e Zenda, empresa de couros no Uruguai, também com atuação na África do Sul e México
  • Negócio é 100% privado, envolvendo apenas assunção de dívidas pela JBS. BNDES não participou da operação. 65% da dívida repassada a JBS é em dólar, mas reforça que a Seara exporta muito, o que é um seguro contra o risco dólar.
  • Negócio no valor de R$ 5,85 bilhões.
  • Seara Brasil tem 75 unidades, sendo 30 fábricas e 21 centros de distribuição. São 45 mil funcionários. Fatura cerca de R$ 8 bilhões por ano.
  • Objetivo para Marfrig é reduzir dívidas. Com a operação, a empresa praticamente zera dívidas bancárias e reduz pela metade a dívida total da empresa.
  • As dívidas repassadas a JBS no negócio tem vencimento em 2013, e também de 2014 até 2017.
  • Venda da Seara Brasil marca o retorno ao core, ao foco do negócio do Marfrig, que é a operação de bovinos, com especial foco no foodservice. O Marfrig também distribui produtos de outras empresas.
  • A empresa vendeu praticamente 1/3 do seu negócio. Uma significativa redução no tamanho da empresa.
  • Com essa venda, não será necessário vender novas / outras unidades ou empresas do grupo.
  • A venda foi conduzida de forma rápida (2-3 semanas) e de forma muito cordial.
  • A Seara hoje é muito maior do que a Seara que o Marfrig comprou em 2010. É o resultado de diversas aquisições que o Marfrig fez nos últimos anos, de empresas de suínos e aves. Acredita que é um ativo muito melhor e muito mais integrado hoje do que era a Seara inicial.
  • A empresa Keystone continua uma empresa Marfrig.
  • Negócio ainda precisa da aprovação do CADE, mas isso não deve ser problema. Estima que a aquisição seja finalizada ainda nesse trimestre, ou seja, esse mês.
Wesley Batista, CEO da JBS
  • Seara Brasil abate 17 mil suínos por dia, capacidade de 80 mil toneladas de processados por mês.
  • Compra está atrelada ao foco da JBS em expandir valor agregado, marcas e margens.
  • A empresa de couro tem alta sinergia com a operação de couro da JBS, que já é a maior do mundo.
  • JBS vinha reduzindo alavancagem, com grande geração de caixa. Isso deixou a empresa com capacidade de comprar Seara sem emitir papéis ou pegar novos empréstimos.
  • Tem grande confiança de que vão conseguir desalavancar, mesmo com essa compra, que no curto prazo aumenta a dívida da empresa.
  • 25% da dívida total da JBS é de curto prazo, mas a empresa tem em caixa mais do que esse valor.
  • JBS se torna segunda maior empresa de processados do Brasil e ganha destaque no cenário mundial de suínos e aves.
  • JBS já atua com aves no Brasil, com a compra da planta da BRF em Ana Rech, RS. E já é um grande player mundial em suínos e aves, com grandes operações nos EUA. Isso vai dar muita sinergia para a empresa.
  • O negócio é estratégico, atende bem as duas companhias.
  • 4 motivos para a compra da Seara pela JBS: posição da empresa gerando caixa, marcas, ativos (fábricas, centros de distribuição) e também cenário positivo para mercado de aves e suínos produzidos no Brasil (câmbio para exportação e preços de grãos).
  • Gilberto Tomazini, que já trabalhava com aves no JBS será o novo responsável pela operação de suínos, aves e processados da companhia.
  • Estima aumento de faturamento em R$ 10 bilhões, o que deve totalizar R$ 100 bilhões em 2013.
  • Reforça o histórico e capacidade da empresa em fazer integrações das suas aquisições, reduzir custos, conquistar sinergias. Cita o que foi feito nos EUA, com grande sucesso e também os serviços compartilhados no Brasil que reduz custos da operação e que continuará sendo feito com a Seara.
  • JBS tem 12 centros de distribuição no Brasil, e agora terá 21 novos com a compra da Seara.
  • As sinergias frango-bovinos é grande, em especial na estratégia go to market, ou seja, no atendimento a clientes, distribuição, equipe de vendas, logística, etc.
  • JBS não está mais interessada na compra da Smithfiled, gigante de suínos dos EUA, que foi comprada por empresa chinesa e que a JBS estava interessada.
  • A última aquisição relevante do JBS foi em 2010.
Copa do mundo
  • Patrocínio da Fifa (copa do mundo) e do Santos continuam com a JBS.
  • Marfrig havia cancelado contrato de patrocínio com a seleção brasileira (CBF) há cerca de um mês.
Comentários BeefPoint e impactos para pecuária de corte
  • Marfrig bovinos está numa situação muito mais confortável e deve atuar com mais tranquilidade agora, pois tem muito menos dívidas e também tem seu foco direcionado a bovinos. O CEO Sergio Rial foi muito bem recebido pelo mercado.
  • Vamos aguardar a resposta do mercado de ações sobre o valor da Marfig e JBS. No momento (segunda-feira, 10:40hs), Marfrig sobe na bolsa, e JBS cai.
  • A outra opção da Marfrig era vender a unidade de bovinos, o que seria mais dificilmente aprovada pelo CADE e teria menos compradores. O negócio Seara foi o que resgatou a Marfig e ao mesmo tempo traz menos impactos para o mercado de bovinos.
  • JBS tem um histórico muito positivo de integrações de empresas compradas e ganhos de sinergia. Estive recentemente nos EUA, na sede da empresa, e fica claro a cultura de busca pela negligência zero, redução de custos e frugalidade.
  • O impacto para o mercado de bovinos deve ser pequeno, com exceção para o mercado de carnes especiais.
Sobre a plataforma de marcas de carne do Marfrig:
  • O maior impacto no setor de bovinos é em relação as marcas de carnes especiais do Marfig. Nos últimos anos, o investimento vinha sendo feito na plataforma Seara. As marcas de carnes Angus, Hereford e Nelore Natural estavam embaixo do guarda-chuva Seara. Depois de um breve período de transição (não divulgado), a Marfrig não mais poderá usar essas marcas, que serão da JBS.
  • As principais marcas de carne bovina da Marfrig agora são Bassi e Montana.
  • Há um problema e oportunidade para os programas de carne de qualidade das associações de criadores de Angus, Hereford e Nelore. Seu principal parceiro vendeu as marcas com esse selo. Há duas opções: a pior é a redução ou paralização desse trabalho.
  • Por outro lado, há uma oportunidade, pois a JBS pode dar sequência nas vendas, promoção e trabalho das marcas Seara Nelore Natural, Seara Hereford e Seara Angus.
  • E ao mesmo tempo, uma oportunidade de reforçar o trabalho de construção de marcas ligadas a associações de criadores com a Marfrig.
  • Quem sabe nascerão desse processo nascerão marcas Bassi Angus, Bassi Hereford, Bassi Nelore Natural, e o mesmo com a marca Montana. Ao mesmo tempo que podem ganhar um novo e importante parceiro no mercado de carnes especiais – a JBS, que atualmente tem a marca Swift Black.
  • A JBS tem a possibilidade de ganhar importância nesse mercado. Já tem uma marca de alto padrão, contratou executivos reconhecidos no mercado para atuar no comercial dessa linha de produtos e agora incorpora diversas marcas já presentes no mercado.
  • Em resumo, há um dever de casa a ser feito pelas associações de raça para manter e/ou ampliar essas marcas de carne. Mas é uma oportunidade.
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FONTE: BEEFPOINT

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