quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Conheça os modelos de parceria para confinamento adotados no Brasil e opte pelo que melhor enquadra ao seu perfil

Visando gerar informações para os produtores, um guia de fácil acesso para saberem quais os modelos de parceria são adotados em alguns confinamentos do Brasil e então verificar qual o modelo que melhor se enquadra a cada “sistema de produção e bolso”. O BeefPoint realizou uma série de entrevistas com os proprietários e/ou gerentes de três confinamentos do Brasil e o resultado dessas entrevistas está compilado aqui!
Vale ressaltar que essa série de entrevistas não representa um endosso especial do BeefPoint em nenhum dos confinamentos listados, mas o trabalho, opinião e comentários de quem trabalha com modelos de parceria para confinamento. Também contamos com o apoio da Assocon (Associação Nacional dos Confinadores), que nos indicaram alguns dos confinamentos listados.
Confinamentos entrevistados
  • JBS Confinamentos;
  • Confinamento Fazenda São Francisco, em Goiatuba, GO e
  • Confinamento São Lucas, em Santa Helena de Goiás, GO.
O confinamento
O confinamento de gado de corte se tornou expressivo a partir de 1980, com o fornecimento de alimentação, água e suplementos aos animais nos meses de inverno (junho a setembro) em função da estacionalidade de produção de forragem (entressafra). Cabe ressaltar que o sistema de produção intensiva de bovinos confinados é crescente e apresenta maior densidade na região Centro Oeste devido a logística de produção de alimentos, menor custo da terra e oferta de mão de obra mais acessível.
Assim, ressaltam Peixoto et al. (1989) algumas vantagens da prática de confinamento que dentre elas estão:
  • Alívio da pressão de pastejo;
  • Abates programados;
  • Liberação de áreas de pastagens para utilização do plantio de outras culturas;
  • Redução na idade de abate;
  • Maior qualidade de carne (melhor acabamento de carcaça);
  • Abate precoce ou encurtamento do ciclo além e
  • Outros.
O confinamento, quando executado com planejamento e estratégia é uma excelente saída.  
A terminação em confinamento depende basicamente de:
  • Fonte de animais para terminação
  • Fonte de alimentos 
  • De preços e mercado para o gado confinado
A partir disso, podem ser enumeradas como condições básicas para a adoção do sistema de engorda em confinamento:
  • Disponibilidade de animais com potencial para ganho de peso
  • Disponibilidade de alimentos em quantidade e proporções adequadas
  • Mão de obra 
  • Gerência (planejamento e controle)
E para isto, tem aumentado a cada dia os investimentos em instalações próprias, ou para quem prefere poupar os esforços e investimentos destinados às condições básicas necessárias para a implantação de um confinamento,  há uma série de confinamentos que disponibilizam sistemas de parcerias para com pecuaristas e demais instituições privadas.
Confira os modelos de parceria adotados nos três confinamentos listados 
Confinamento Fazenda São Francisco
1.  Boitel:
  • O cliente contrata o confinamento e paga um valor por animal/dia referente a alimentação dos animais.
  • O cliente é responsável pela negociação dos animais com o frigorífico.
  • Na chegada dos animais no confinamento destinados a este modelo, é feita a pesagem individual no brete de contenção, juntamente com a rastreabilidade, everminação e vacinas contra botulismo e clostridiose.
  • Estas despesas de entrada são de responsabilidade do confinamento, que ainda disponibiliza ajuda com frete dos animais, com uma distância máxima de 150 km do confinamento.
  • Após esta operação de entrada, os animais são lançados no sistema gerencial do confinamento, o qual permite um acompanhamento detalhado pelo proprietário dos animais.
  • O parceiro optando por usufruir da rastreabilidade e assim receber o diferencial pago na arroba pelos frigoríficos, deve aguardar a permanência de noventa dias dos animais no confinamento, para animais advindos de fazendas sem adoção de rastreabilidade e de quarenta dias para aqueles animais que já apresentam rastreabilidade diretamente da fazenda de origem.
  • O confinamento garante níveis de proteína e energia nas dietas.
2. Parceria:
  • O cliente cede os animais para o confinamento, sendo estes pesados na entrada.
  • O cliente não tem despesas com a alimentação dos animais.
  • Após o abate, o cliente recebe do confinamento pelos bois magros o valor em @ boi gordo que foi negociado com o frigorífico.
  • Neste modelo de parceria, os animais são e devem ser pesados individualmente no brete de contenção do confinamento. Recebem a rastreabilidade, além do mesmo protocolo sanitário e cadastro de informações adotados no modelo de parceria anteriormente citado – boitel. Estas despesas inerentes a entrada são por conta do confinamento.
  • Os animais são pesados em jejum de seis a oito horas, porém, geralmente já chegam nestas condições devido ao tempo de transporte até o confinamento, onde é feita a pesagem imediatamente, quando dentro deste prazo.
  • O rendimento calculado é de 50%. O proprietário, além de receber o valor em arrobas de boi gordo por esse peso na entrada, recebe a metade do bônus Europa de cada animal, que é divido com o confinamento.
3. Contrato de parceria para prestação de serviço:
  • O confinamento é “arrendado” para um pecuarista, que é responsável por confinar um número acordado mínimo de animais, e fornecer toda a comida necessária para alimentação destes animais.
  • O cliente desfruta da infraestrutura adequada, do trabalho operacional e administrativo do confinamento, os quais são de responsabilidade do confinamento.
  • Por esses serviços, o confinamento é remunerado na maioria das vezes por uma diária estipulada por animal. O valor varia entre R$ 0,75 e R$ 1,30 dependendo de questões contratuais e de cada negócio.
JBS Confinamentos
1. Parceria de engorda:
  • Peso de entrada em arrobas x preço base CEPEA/Esalq/USP.
2. Diária a preço fixo:
  • Diária calculada a partir das características dos animais – raça, peso, sexo e condição corporal.
3. Arroba produzida com valor fixo:
  • Diferença de arrobas na saída e na entrada, serão acertadas por um valor em reais, pré acordado.
Confinamento São Lucas
1. Boitel:
  • O pecuarista desembolsa um determinado valor de diária de acordo com o peso vivo de entrada do animal.
  • O pecuarista paga o protocolo sanitário, a rastreabilidade e o frete.
  • O valor integral do prêmio Europa pertence ao pecuarista.
2. Parceria – opção 1 (parceria propriamente dita):
  • O animal é recebido com 50% do peso vivo de entrada (geralmente é pesado na balança rodoviária existente no confinamento).
  • O confinamento paga o protocolo sanitário, a rastreabilidade e o frete até uma distância de 200 quilômetros.
  • O valor do prêmio Europa pertence ao pecuarista na totalidade das arrobas de entrada, e o excedente é do confinamento.
3. Parceria – opção 2:
  • O animal é recebido com 50% do peso vivo (balança confinamento) e sai com o peso de carcaça morto (peso frigorífico).
  • Sobre a diferença de peso apurada no confinamento, o cliente paga o valor combinado por cada arroba produzida.
Exemplo: o animal chega na balança do confinamento com 300 quilos e é recebido com 50%, ou seja, 150 quilos, ou 10 arrobas que é a carcaça de entrada. Após 95 dias ele é abatido no frigorífico, onde se apurou o peso de 244,08 quilos, ou seja, 16,27 arrobas. Esse animal ganhou no confinamento 6,27 arrobas. Então o cliente pagará o preço combinado sobre as 6,27 arrobas.
Com relação ao tempo médio da parceria, Alexandre Parise, do Confinamento São Lucas  afirma que:  ”independente do modelo a ser adotado, é de 95 dias, haja vista a necessidade dos animais terem que cumprir uma noventena para ter o prêmio Europa.”
Confira abaixo as vantagens e desvantagens da parceria em confinamento
Para Fernando Saltão, da JBS Confinamentos, a principal vantagem para o pecuarista em adotar qualquer um dos modelos de parceria supracitados, é a de não necessitar imobilizar capital em insumos, bem como a questão de acesso à tecnologia em nutrição, manejo, maquinários para processamento, mistura e distribuição de rações entre outros.
Por fim, ele ressalta que vale a pena conferir os detalhes intrínsecos de cada modelo de parceria, e vale destacar que a escolha depende de uma série de fatores, como por exemplo, o padrão dos animais. Na JBS Confinamentos, há uma simulação dos quatro modelos, proporcionando a melhor escolha para o pecuarista.
Segundo Osvaldo Neto, gerente geral do confinamento da Fazenda São Francisco, temos:
Vantagens
Para o pecuarista
  • Desocupação das áreas para agricultura.
  • Melhor aproveitamento dos animais.
  • Giro mais rápido.
  • Oportunidade de melhores preços nas vendas.
  • Ausência de mão de obra, etc.
- Para o confinamento
  • Melhor aproveitamento da estrutura montada.
  • A não necessidade do desembolso do capital para aquisição dos animais.
  • Oportunidade de bons negócios.
Desvantagens
- Para o pecuarista
  • Não fazer uma parceria com um confinamento que cumpre com o que foi acordado em termos de dietas (níveis de proteínas e energia), operacional e administrativo, o que pode influenciar no desempenho dos animais e nos resultados.
  • Porém, hoje dificilmente encontramos estabelecimentos assim, pois os mesmos não conseguem se manter por muito tempo oferecendo seus serviços.
- Para o confinamento
  • O confinamento quando bem planejado, bem regido e calculado, dificilmente há desvantagens, a não ser por oscilações de mercado, as quais podem ser minimizadas com a utilização das opções que o mercado futuro oferece e os contratos com os frigoríficos.
  • A desvantagem para o confinamento que presta serviços é que em determinados anos, que são muito bons para a atividade, o mesmo fica impossibilitado de poder investir confinando o gado próprio e ter um retorno melhor, em função das parcerias.
Assim sendo, na opinião de Osvaldo Neto, o modelo de parceria melhor é aquele que se encaixa a cada pecuarista/cliente, dependendo do método e possibilidade de que ele deseja investir.
  • Se o produtor quer ser responsável pela alimentação do seu gado e negociação, opta-se por boitel.
  • Se o produtor deseja oferecer seu gado ao confinamento e não quer compartilhar as despesas até o abate e receber o valor deste gado em @ de boi gordo no fim, deve-se optar por parceria.
  • Se o produtor deseja confinar um volume muito alto e ter a possibilidade de produzir uma dieta e uma @ engordada mais barata, pode-se fazer um contrato de parceria para a prestação de serviço.
Já na visão de Alexandre Parise, temos:
Vantagens
  • O pecuarista gira muito mais rápido o seu rebanho, pois enquanto um animal a pasto levaria 3 ou 4 anos para ser abatido, em regime de confinamento ele é geralmente abatido com 2 anos de idade.
  • Todas as negociações com os frigoríficos são feitas pelo confinamento, que cuida de apresentar aos seus clientes as propostas existentes.
  • Além da premiação relativa a União Europeia, por estar localizado perto de uma unidade frigorífica, o confinamento consegue vantagens com relação ao frete e a sustentabilidade ambiental.
  • O confinamento disponibiliza aos seus clientes um contato direto com a consultora em gerenciamento de risco – pecuária, Lygia Pimentel, da FCStone Brasil, tanto para análise de riscos como para operações no mercado futuro.
  • Possui, ainda, convênio com uma empresa que acompanha os abates do confinamento (na modalidade parceria esse custo é pago pelo confinamento, e na modalidade boitel é pelo cliente).
  • Os sistemas Feedmanager e Feedtracer geram diversos relatórios aos seus clientes, a fim de permitir um melhor acompanhamento do desenvolvimento do seu rebanho.
Desvantagens
  • É um investimento de longo prazo.
Adicionalmente, em sua opinião, o modelo de parceria adotado vai depender da aptidão de cada um. Sendo que, a decisão sobre a utilização de boitel ou parceria é de cunho subjetivo.
  • A diferença é que no boitel o cliente paga todas as despesas até o abate, e compartilha com o confinamento o risco de determinados animais não engordar, dos refugos de cocho, das mortes, das doenças, etc.
  • A parceria é um estilo mais conservador, ou seja, o cliente entrega os bois para o confinamento e fica proprietário de determinadas arrobas ao preço que estiver sendo praticado pelos frigoríficos na ocasião do abate. Os riscos, neste caso (refugo de cocho, mortes, doenças, etc.), são todos do confinamento.
  • A terceira modalidade é a mesma do boitel.
Comentário BeefPoint: o BeefPoint espera que com este estudo realizado com os principais confinamentos do Brasil,  aqueles que trabalham com modelos de parceria, possa ter contribuído para que você conheça mais a fundo os sistemas, os modelos e opções. Que você tenha conhecido como esse negócio está funcionando hoje.
Agradecimentos
Bruno de Jesus Andrade - Gerente Executivo / ASSOCON
Fernando Saltão – JBS Confinamentos
Osvaldo Neto – Gerente geral do confinamento da Fazenda São Francisco
Alexandre Parise – Dirigente do Confinamento São Lucas
Veja na íntegra as entrevistas realizadas com estes profissionais, bem como mais informações dos confinamentos listados
Artigo elaborado por Gustavo Freitas, membro da Equipe Conteúdo BeefPoint, com base nas entrevistas feitas com os profissionais acima listados, que trabalham com modelos de parceria para confinamentos.

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