sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O brete do custo para rastrear o rebanho gaúcho

Brinco a preço de joia

Falta de acordo frustrou recente proposta do governo, que promete novo projeto de lei


O brete do custo para rastrear o rebanho gaúcho Adilson Oliveira Garcia/Especial
Animais certificados passam por inspeção antes de serem encaminhados ao abate em frigoríficoFoto: Adilson Oliveira Garcia / Especial
A cada nova tentativa de alçar um status diferenciado para a carne gaúcha, a falta de consenso em torno dos custos deixa estagnado o percentual de fazendas com rastreabilidade no Rio Grande do Sul: menos de 0,5%. Em cálculo simples, apenas com despesas diretas, o investimento para certificar um animal para exportação não chega a R$ 10 por ano. Quando são contabilizados custos indiretos, porém, que vão de mão de obra a estrutura tecnológica, é possível entender porque o caminho da rastreabilidade parece ser tão sinuoso.

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Atualmente, a certificação de bovinos do governo federal é voluntária e aplicada em apenas 153 fazendas gaúchas, em um universo de 370 mil propriedades. No país, são 1.687 propriedades habilitadas - 0,5% do total - A adesão é baixa porque a rastreabilidade tem custos. E, por ser voluntária, muitos produtores acabam preferindo não investir - aponta Alexandre Bastos, coordenador do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov).



A identificação por meio de um brinco fixado na orelha do animal é o primeiro passo, explica Bastos. Para se chegar a certificação, no entanto, o caminho é mais trabalhoso e também custoso. Foi a falta de entendimento e clareza em relação a essas etapas que acabou frustrando a tentativa recente do governo estadual em instituir a obrigatoriedade da identificação dos terneiros que viessem a nascer a partir de janeiro de 2014.

— Não somos contrários à rastreabilidade, desde que não crie obrigações para o produtor que ele não possa cumprir — avalia Carlos Speroto, presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
Novo projeto de lei deve ser apresentada ainda neste ano

Na semana passada, o Estado retirou o projeto da Assembleia Legislativa com a promessa de reapresentá-lo ainda neste ano. Uma das possibilidades negociadas com o setor é instituir a identificação por adesão, inicialmente, e após de forma obrigatória.
— Estamos buscando uma solução para estabelecer um programa de rastreabilidade eficiente no Estado — destaca o secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi.
Pela proposta do governo, os produtores não teriam custos com a identificação (brinco e taxa de certificação). O restante, seria por conta do pecuarista. Mas, quem se antecipou ao implantar a rastreabilidade garante: os investimentos são recompensados. Com duas fazendas em Dom Pedrito, o produtor Luis Olavo Almeida de Salles tem todo o rebanho de 4,5 mil animais rastreado há seis anos. 

—  O envolvimento é muito grande, desde a colocação dos brincos até o manejo e controle — garante Salles.

O gado rastreado pelo pecuarista, nas estâncias de São Pedro e Santa Luisa, é vendido para frigoríficos com um prêmio de até R$ 100 por cabeça.

— O sistema de rastreabilidade exige um trabalho redobrado. Mas o retorno é maior, não há dúvidas — resume o produtor.
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fonte: ZERO HORA

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