quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Intensificação na pecuária de corte, o caminho para aumentar produção e melhorar resultados

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Aumento nos abates de fêmeas no RS
O abate fiscalizado de bovinos no Rio Grande do Sul teve aumento de 2,5% nos primeiros três trimestres de 2013, em relação ao mesmo período de 2012, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Vale ressaltar que os abates clandestinos, ou não fiscalizados, não entram nesta conta. A título de informação, estima-se que os abates não fiscalizados fiquem em torno de 30%, na média Brasil (Scot Consultoria). Para o Rio Grande do Sul, segundo o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul – SINCADERG, a taxa é de cerca de 20%.
Neste artigo consideramos apenas os abates formais, ou fiscalizados, no Rio Grande do Sul, e estão inclusas as categorias: bois, vacas, novilhos e novilhas.
Esta variação foi positiva em função do incremento no abate de fêmeas no estado, que passou de 29,7 mil cabeças, nos primeiros nove meses de 2012, para 36,2 mil cabeças no mesmo período de 2013, alta de 21,7%, enquanto que o abate de machos caiu 7,8% no mesmo período, de 55,3 mil cabeças para 51,0 mil cabeças, veja na tabela a seguir.
Abate de machos e fêmeas no RS, de janeiro a setembro, em 2012 e 2013.
Abates
2012
2013
Var. (%)
Machos
55.295
51.002
-7,8%
Fêmeas
29.717
36.167
21,7%
Fonte: IBGE / Elaboração Lance Agronegócios
Maior área de lavoura e menor rebanho
Alguns fatores podem a ajudar a entender o crescimento nos abates, como o aumento na área de lavouras.
Da safra 2012 para 2013, o plantio de soja no Rio Grade do Sul aumentou 421 mil hectares (10%), passando de 4,197 milhões de hectares para 4,618 milhões de hectares, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
Parte deste avanço ocorreu sobre áreas de milho, que diminuíram 7,2% no mesmo período, ou 120 mil hectares, mas boa parte foi sobre áreas de pecuária de corte, possivelmente áreas de cria, que os pecuaristas arrendaram para o cultivo de soja.
Isto ocorreu devido ao boom de preços do produto no mercado nacional e internacional, e consequente crescimento na rentabilidade, principalmente em relação à cria, que é um sistema que utiliza menor aporte de tecnologia e geralmente tem rentabilidade menor que a engorda.
O incremento no abate de fêmeas (matrizes ou futuras matrizes) pode causar mais um ano de diminuição no efetivo bovino do estado em 2014. O rebanho inicial de 2013 caiu 2,3% em relação a 2012 (IBGE).
Integração de sistemas
A melhora nos resultados econômicos na pecuária de corte é a única saída para que a atividade se mantenha e não diminua cada vez mais.
Há exemplos de fazendas (Unidades Integrari de Referência) que reduziram próximo a 50% a área destinada à pecuária de corte  no verão, criando um sistema de maior área de pastagens de inverno no período entre os plantios de soja, e estratégias de suplementação durante o verão, como fenação, silagem, diferimento de potreiros, redução de carga e pastagens de verão de maior suporte. A tendência é de que a produção de carne aumente. Desta forma, incrementando a produtividade e os resultados do sistema como um todo.
A estratégia não deve ser disputar com a lavoura por uma área maior, mas sim a integração de sistemas como uma visão holística da produção.
A produção de carne pode e deve aumentar sem crescimento da área, com mais utilização de tecnologia, diminuição da idade de abate, ao acasalamento, melhora nas taxas de prenhez, peso de desmama e carcaça.
Estes índices têm melhorado nos últimos anos, mas ainda há muito a ser trabalhado.
Por Renato Bittencourt
fonte: Lance Agronegócios

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