terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Os 7 maiores impactos do clima anormal de 2014 na arroba

NOTÍCIAS DO FRONT
A pecuária Goiana e Brasileira em uma visão de curto, médio e longo prazo, escrita
por quem a vive e precisa de repostas imediatas (Edição de 16/fev/14 a 22/fev/14)

Recrutas do exército de abnegados,

Na semana passada comparamos a novidade de termos uma condição climática tão diferente do esperado para os meses de jan/fev (fato que trouxe um ingrediente muito “apimentado” para o cenário de preços do boi gordo), tal qual a chegada do “primo rico” a uma festa já animada. Vamos então, neste texto, ver o que o primo pode proporcionar ao evento em andamento (curva de preços do boi).

1)      COMO ESTÁ O NOSSO TETO (SP/MS)?
A próxima semana começa com escalas, ainda que não confortáveis, mas mais tranquilas para os frigoríficos. Ocorre que quem pagou os R$ 120/@ fez a escala da semana (17 a 21). O dia “D” em termos de escala da próxima semana (dia em que a maioria das indústrias se encontra) é sexta (21/fev), e não mais a terça, como na semana passada. Obs.: mais um termo que será muito usado nos textos de agora em diante: dia “D” da escala.
Em outras palavras, o impacto dos R$ 120/@, cada vez mais comum, pesou um pouco e o volume de compras melhorou, mas nada ainda que sinalize uma “enxurrada de boi”, pois ainda tem frigorífico precisando de boi gordo para a próxima quinta (20).
Em termos de preço, temos: mercado físico Esalq/BMF saiu de R$ 116,37 av (variando de R$ 113,50 a R$120) e chegou em R$ 118,27 av (variando de R$ 116 a R$120) nesta semana. Notem que a variação foi na mínima do mercado, principalmente.
No MS, como tem ocorrido, as escalas seguem o padrão de SP, com preços de R$ 110 av até R$ 112av para os frigoríficos pequenos.
Mais uma semana de quebras constantes de recordes, o que com os demais eventos citados nos levam a colocar o status do BEEFRADAR em: “estabilidade(45%)/alta leve (55%)”.

2)      E AQUI, NA TERRA DO PEQUI?
Do jeito que o mercado vai, o goiano não vai aprender a surfar, pois é “só marolinha no GO”. Parece que tem um “mata burro” de SP para GO e a alta se perde um pouco de lá para cá…
As escalas estão mais apertadas que a média de SP, encontrando-se entre terça e quinta da semana que se inicia hoje. Mesmo assim e ainda com todas estas marcas de preços sendo quebradas em SP, a @ de GO foi apenas para o R$ 104av x R$ 106ap, com ágio EU adicional de +R$ 2/@ e sobre preço de até R$ 1 nas condições acima (o melhor preço do estado no relatório do CEPEA baixou voltou para o R$ 108ap).
Com isto, o diferencial de base do boi de GO x SP médio da semana atingiu -R$ 12,26/@, enquanto que o diferencial de vaca GO x boi GO seguiu estável, entre -6% e -7%.
Há espaço para o preço de GO melhorar, desta forma, alteramos o BEEFRADAR para:“estabilidade(40%)/alta leve (60%)”.

3)      HORA DO QUILO:
Hum… Preço do boi gordo no Jornal Nacional… Isto não é bom… Estava demorando. Começou. Conheço do final desta história…

4)      O LADO “B” DO BOI:
4.1. O raio caiu duas vezes no mesmo lugar
Na semana passada escrevemos: “em todos os cinco pregões da semana o indicador quebrou a marca recorde nominal da história da arroba. Muito difícil isto acontecer de novo… Ou acontecerá na próxima?” Algo me dizia que aconteceria de novo. E aconteceu. Em todos os pregões da semana passada, aconteceu a quebra do recorde nominal da arroba. E, como não tenho medo de previsões para o curto prazo, acho difícil ver isto de novo em pouco tempo.
4.2. A noticia de ontem
É “coisa ruim” para a economia… Aqui vai: saiu na segunda passada o relatório Focus prevendo crescimento do PIB de 1,9% para 2014 e de 5,89% para a inflação deste ano. Portanto, perspectivas inalteradas: baixo crescimento, apesar de positivo, e inflação persistente.
E mais para o final da semana, saiu um relatório do BC que é um indicativo para o resultado do PIB que será divulgado pelo IBGE no dia 27 deste mês. Ele aponta um crescimento de 2,57% para 2013, um pouco acima do previsto pelo mercado, mas sinistramente também aponta para a chamada recessão técnica, pois o índice de atividade econômica decresceu nos 2 últimos trimestres. Só falta esta, a recessão. Vamos aguardar o IBGE.
Enquanto isto, a “motoqueira do planalto” só fica vendo o “Peru crescer”, veja:
4.3. O que o “primo rico” veio fazer na festa?
Vamos analisar abaixo de maneira mais profunda os 7 maiores impactos do clima adverso (o nosso “primo rico”) no cenário da arroba do boi gordo de 2014. Vamos lá:
  1. Mudança do modo de terminação dos animais para abate: é simples. Igual ao tal “reposicionamento das aeronaves em solo” que escutamos nos aeroportos do Brasil. Ou seja, com menos água, haverá menos pasto e menor chance de engordar animais via pastagem. Ou seja, é possível que a procura por confinamento, tais como boiteis, parcerias, etc, aumente. É o que está ocorrendo nas Fazendas que temos contato. Talvez parte da produção de pasto seja terminada em cocho. As aeronaves (bois) vão decolar (serem engordados), mas uma parte delas por outra pista (modo de terminação, que não o pasto). Boa notícia para quem vende o serviço de engorda em cocho;
  2. Antecipação de bois em confinamento: consequentemente ao primeiro item e aliado ao preço interessante do mercado futuro, pode haver uma revoada de bois para dentro dos confinamentos de primeiro giro…
  3. Aluguel de pasto: boa notícia também para quem tem pasto para alugar. Simples também. Se a fazenda está com menos pasto e como este insumo não pode ser produzido num “estalar de dedos”, uma forma de compensar é “crescer a fazenda”, alugando algum pasto. A demanda cresceu muito nos últimos 15 dias;
  4. Venda de gado magro/gordo: esta é outra forma rápida de resolver o problema. Simples, igualmente aos demais pontos: interromper a terminação, vendendo parte do gado magro. Esta semana sentimos consistentemente aumento da oferta de lotes e chegamos a comprar, fato não programado. Boa notícia para quem quer (e pode) fazer reposição (caso não esteja enganado, o recorde do preço do bezerro na BMF ocorreu também nesta semana: R$ 883,34 para o MS, na terça-feira). Igual ao magro, quem tem gado gordo pode e deve fazer o mesmo. Mesmo porque há o binômio: necessidade de alívio de Fazendas + preço em alta. Será que a melhora de escala vista esta semana já não reflete isto?
  5. Queda de GPD e da capacidade de suporte das Fazendas: já tem pasto que está com cara de julho, eu mesmo vi isto esta semana. Quem está organizado não deve perder ganho de peso, apenas capacidade de suporte. Mas as Fazendas menos organizadas com relação à pastagem, perderão capacidade e também desempenho nos animais empastados.
  6. Qualidade de carne em queda: é provável que haja piora na qualidade da carne ofertada para o mercado consumidor, o que parece ser confirmado por contatos que temos. Tudo conspira para isto, quer seja em função de animais empastados estarem ganhando menos peso; quer seja em função de haver venda de animais semi acabados. Sinal amarelo, pois carne pior e cara, não é um bom sinal em termos de sustentabilidade de preço.
  7. Mercado de grãos: a BMF já sinaliza impacto no preço do milho, cujo contrato futuro tem subido muito nos últimos dias. Bem na hora que começamos a nos aproximar do momento que, historicamente, tem sido o melhor para fechar preços de dieta: março/abril.  Difícil prever o real impacto nas diárias, mas que haverá impacto, isto é certo;

Dizem que “7 é conta de mentiroso”… São 7 também os pecados capitais… E o oitavo pecado, qual poderia ser? Perder um bom preço de venda é um forte candidato.

Até o próximo, se assim Deus permitir…
Rodrigo Albuquerque
(@fazendaburitis / boicom20@gmail.com),
Trabalho feito a 4 mãos, com Ricardo Heise
(@boi_invest / r.heise@hotmail.com)

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