domingo, 6 de abril de 2014

Em busca do equilíbrio

Uma informação importante na análise produtiva e financeira dos negócios agropecuários é o ponto de equilíbrio (PE). O PE indica o ponto mínimo em que a empresa deve operar para não ter prejuízo e é encontrado a partir da análise dos custos totais e receita bruta. Quando a receita bruta, ou seja, quantidade produzida versus preço de venda se iguala aos custos variáveis e despesas fixas, consideramos que a empresa chegou ao ponto de equilíbrio.
O Ponto de equilíbrio pode ser alcançado de forma mais simples de duas formas, aumentando a receita bruta ou diminuindo os custos de produção. Com relação a receita podemos melhorar a produtividade ou aumentar o preço de venda. Infelizmente no agronegócio somos ‘’tomadores’’ de preço. Perguntamos quanto custa os nossos insumos e quanto querem nos pagar por nossos produtos. Isto exige que a gestão de custos e os controles sobre a eficiência produtiva sejam realizados da melhor forma possível, visto que o mercado não altera os preços baseados nos custos de produção e sim em fatores de oferta e demanda.
Um exemplo disto é a bovinocultura de corte, onde o preço do boi gordo ‘’top’’, com certificação das associações de raça, rastreabilidade, dentição, peso de carcaça e gordura adequada é apenas 10% em média superior ao do boi comum. A bonificação de 10% é importante e deve ser procurada pelos produtores, porém fatores vinculados à produtividade normalmente garantem um incremento maior à receita liquida do negócio.
Tabela 1. Variação da receita bruta/ha de acordo com preço e/ou produtividade
Boi gordo Produtividade kg/ha
PREÇO Boi gordo Kg Baixa Kg Média Kg Alta
Mínimo R$ 3,30 60kg R$ 198,00 100 R$ 330,00 180 R$ 594,00
Médio R$ 3,80 60kg R$ 228,00 100 R$ 380,00 180 R$ 694,00
Máximo R$ 4,50 60kg R$ 270,00 100 R$ 450,00 180 R$ 810,00
A tabela 1 exemplifica as mudanças da receita bruta por hectare de acordo com variações no preço e produtividade. Os preços utilizados estão de acordo com os máximos e mínimos praticados nos últimos meses e as produtividades são algumas encontradas em alguns sistemas de produção no RS. É nítido que o grande diferencial na receita acontece quando aumentamos a produtividade do sistema, porém esta característica não deve ser buscada a qualquer custo, pois o custo de produção pode aumentar em níveis ainda maiores.
No RS possuímos vários exemplos de propriedades que aumentaram a produtividade sem mudanças radicais nos custos de produção. Tecnologias de custo zero como ajuste de lotação, priorização de categorias animais, estação de monta definida, podem incrementar os níveis de produtividade. Neste mesmo sentido existe uma infinidade de tecnologias e insumos que podem ser utilizados de forma sinérgica. Creio que o cálculo de custos de produção em conjunto com técnicas que melhorem a eficiência produtiva são os elementos chave para alcançarmos resultados econômicos satisfatórios em busca do equilíbrio.
Médico Veterinário Daniel Barros
Publicado no Jornal Terra E Campo

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