sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Especial: os 5 maiores desafios da carne brasileira



Diante da crescente demanda global por proteína animal, a Revista Nacional da Carne consultou especialistas da cadeia cárnea do Brasil para saber: afinal, o País tem capacidade de se tornar o porto seguro da carne? Na segunda reportagem dessa série especial, identificamos os cinco principais desafios do setor para evitar o enfraquecimento da cadeia e para garantir que o Brasil possa atender às demandas com volume e qualidade.
1) Sanidade animal
Preocupação unânime e número 1 dos especialistas, a sanidade animal é chave para acessar novos mercados e manter a confiança dos mercados já consolidados. Para Fernando Sampaio, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o Brasil tem evoluído neste ponto e está prestes a livrar-se completamente da febre aftosa, por exempo, “que é a principal barreira comercial de carne bovina.
Já André Ribeiro Bartocci, pecuarista e diretor da Associação dos Criadores de Nelore (ACNB), pressiona por uma postura mais contundente nessa questão. “Precisamos neste momento de estratégias agressivas de prevenção em nossa grande fronteira seca”, acentua.
2) Baixa oferta de bezerro
alerta para o comprometimento da taxa de natalidade de bezerros para 2015, notificado há alguns meses pela Revista Nacional da Carne, segue vigente. A avaliação é de Sérgio de Zen, pesquisador responsável pela área de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e professor da Esalq/USP. Para ele, a oferta restrita é consequência da seca prolongada e do abate de fêmeas. O resultado é um aumento contínuo dos preços do bezerro.
3) Migração de pecuaristas para a agricultura
“No próximo ano, a indústria tem que buscar uma situação em que o produtor se mantenha na atividade, para ter uma oferta mais estável”, aconselha Zen, do Cepea.
A conversão de terras para a agricultura tem provocado a diminuição do efetivo bovino de 0,7% a 1,4% ao ano nas regiões Sul, Nordeste e Sudeste nos últimos 40 anos, aproximadamente. A informação é de Guilherme Cunha Malafaia, pesquisador do setor de Gado de Corte da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Para Malafaia, os sistemas integrados Lavoura-Pecuária têm se consolidado como uma alternativa para tornar a atividade mais atrativa.
Péricles Pessoa Salazar,presidente executivo da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), acredita que muitos pecuaristas já estão reconsiderando a migração, uma vez que “os preços pecuários estão em um patamar bastante razoável”.
“É preciso estancar a migração de pecuaristas e ter incentivos ao desenvolvimento do plantel bovino brasileiro para suprir a demanda internacional e satisfazer a demanda interna, mas não apenas em aumento numérico mas principalmente de produtividade das fazendas”, declara Salazar.
4) Um novo olhar sobre logística
“Os principais estados exportadores de carne – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – são servidos por portos que têm melhorado seus serviços nos últimos anos”, salienta Jonas Irineu dos Santos Filho, da área de Economia da Embrapa.
Para ele, a questão da logística deve ser revista sob uma perspectiva mais prática, que considere a realidade brasileira atual. “Vejo os problemas de logística como um impeditivo para lucros maiores e não como fator que impedirá o país de vender mais, caso se confirme a expectativa de comercialização maior com o exterior.”
5) Qualidade da carne
O Brasil ainda tem muita oportunidade de crescer no segmento de carnes com valor agregado. “Estima-se que entre 40 milhões de cabeças abatidas por ano, 800 mil são de programas de qualidade”, destaca Malafaia daEmbrapa Gado de Corte. “Ou seja, o mercado atual é de 2% do volume total. Uma parcela muito pequena.”
Para ele, a tendência é focar mais no sabor, origem e história. Ele explica que é preciso mudar o paradigma de pensar mais no boi do que na carne, prática comum no Brasil. Como exemplos da nova tendência, ele aponta restaurantes com festivais de carne de uma raça específica e açougues que lançam linhas especiais com volume limitado.
Confira a reportagem completa na edição de novembro da Revista Nacional da Carne.
(Crédito da arte: Adriano Cantero)
fonte: Revista Nacional da Carne

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