segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ocorrências climáticas e tendências para os próximos meses

Previsão de muito frio e chuva nesta semana. Deve nevar na Serra gaucha e Planalto Sul de Santa Catarina. Chance de geada no trigo do Oeste e Norte do Paraná

No decorrer do mês de junho, ocorreu uma diminuição nas precipitações das principais regiões produtoras de grãos do Sul, Sudeste e Centro-oeste do Brasil, em relação à média dos últimos anos. A avaliação é do meteorologista Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Nestas regiões, as precipitações ficaram abaixo da média para a época do ano, apresentando grande irregularidade na sua distribuição, com chuvas concentradas no início de junho. Entretanto, explica, na última metade do mês choveu pouco e, em muitas regiões, não foram registradas precipitações.

As temperaturas se comportaram dentro da média esperada para o mês, apresentando variação abaixo da média para a primeira quinzena e acima na última quinzena. Com o clima mais seco da última metade do mês, também foi possível observar variação nas temperaturas diárias, com amplitude térmica elevada entre as mínimas e as máximas.

Conforme Lazinski, outro parâmetro que chamou a atenção foi a baixa umidade relativa do ar, que atingiu valores abaixo de 20% nas horas mais quentes do dia, na maior parte das regiões citadas. “Estes valores, normalmente ocorrem entre o final de julho e agosto, mas com a diminuição das precipitações, a umidade relativa do ar atingiu valores abaixo da média para a época do ano, contribuindo assim para uma maior evapotranspiração e o aparecimento do déficit hídrico em algumas regiões, como o Sul do Mato Grosso do Sul, onde as lavouras de trigo já começam a sentir os efeitos da falta de umidade no solo”, explica.

As temperaturas superficiais das águas do Oceano Pacífico Equatorial continuam apresentando um acentuado resfriamento no decorrer de junho. Associado a isto, existe o resfriamento das águas superficiais próximas a costa do litoral Sul e Sudeste do Brasil, em relação aos últimos meses (Figura 1). Este resfriamento já deixou uma extensa área do Oceano Pacífico Equatorial, com temperaturas superficiais do oceano abaixo da média, o que caracterizaria a rápida passagem de uma situação de neutralidade climática para um novo episódio de “La Niña”.



Para os próximos meses, os modelos de previsão de longo prazo, continuam mantendo a tendência de continuidade do resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial (Figura 2). Com isto, a influência da “La Niña” nos próximos meses deve afetar nosso clima durante o período das safras de inverno e verão. O prognóstico continua sendo de , precipitações abaixo da média para os próximos meses, com distribuição irregular, podendo apresentar períodos de estiagem, mas que não devem comprometer o desenvolvimento das lavouras de inverno, no Cetro-sul do Brasil. Já na Região Centro-oeste, a antecipação do período seco deve aumentar o déficit hídrico. Para o segundo semestre deste ano a tendência é de que as precipitações se tornem mais irregulares, intercalando períodos de muita chuva, com períodos maiores de pouca ou nenhuma precipitação, com possibilidade de períodos de estiagem mais prolongados no período de final de ano.



As temperaturas continuaram apresentando grandes variações, intercalando períodos mais quentes, com entradas de massas de ar frio de forte intensidade, que devem provocar mudanças bruscas nas temperaturas, com quedas acentuadas. Os extremos devem se acentuar. Possibilidade de frio tardio.

No cenário agrícola, os riscos são maiores para a safra 2010/2011, frente aos prognósticos que estão sendo estabelecidos (junho e julho). O alerta é do coordenador da área de grãos da Emater do Paraná, Nelson Harger.

Neste momento de planejamento da próxima safra e frente a estes riscos, o especialista chama a atenção para a importância de se estabelecer estratégias visando à redução dos custos de produção. De acordo com Harger, uma boa estratégia é a racionalização do uso de fertilizantes químicos. A redução ou mesmo a supressão das adubações, podem ser feitas nas diversas culturas através de informações de interpretações dos resultados das análises de solos.

Além disto, existe a possibilidade de diminuição da pressão sobre as doenças na safra de verão em função da volta do fenômeno climático da "La Niña, semelhante ao observado na cultura do trigo.

A maior preocupação, porém, fica com o prognóstico da redução mais acentuada das chuvas no final do ano e as consequências sobre as culturas, principalmente nas regiões oeste e sudoeste do Paraná.


*Colaborou José Luis da Silva Nunes


FONTE : Agrolink

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