A União Europeia (UE) considera que não está na hora de fazer mudanças nas condições de importação da carne bovina brasileira, avaliação que contraria as declarações do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, depois de sua visita esta semana a Bruxelas.
Uma fonte da UE disse ao Valor que o bloco tem a "obrigação jurídica" de fazer a administração da lista de fazendas autorizadas a exportar carne bovina para o mercado europeu. Quanto à afirmação de Rossi de que a UE dará "abertura" para o Brasil indicar um número maior de fazendas credenciadas a fornecer animais para abate e exportação de carne para o mercado europeu, disse que não há novidade e não altera o cenário atual.
Bruxelas afirma que continuará aceitando as listas de fazendas submetidas pelo Ministério da Agricultura. Mas passar a gestão da lista não está no radar europeu.
Mesmo que fosse atendido, o pedido brasileiro seria insuficiente para acelerar a exportação da carne brasileira. O problema não é administrar a lista das fazendas, e sim a rigidez da regra de rastreabilidade europeia, razão pela qual o rebanho brasileiro autorizado a ser exportado é muito pequeno.
Segundo fontes ouvidas pelo Valor, esse ponto não foi levantado pela delegação brasileira durante os encontros. No ano passado, o Brasil pediu a flexibilização da rastreabilidade, mas o tema não esteve na agenda desta vez. E a UE não tem planos de atendê-lo. Ainda mais, segundo os europeus, quando produtores reclamam de detecção também na Europa de resíduos acima do permitido de ivermectina em carne brasileira, a exemplo do que ocorreu nos EUA.
Segundo a UE, mais listas de fazendas certificadas estão chegando a Bruxelas, cerca de 50 por semana recentemente. Mas o número total continua empacado em cerca de duas mil, comparado a quase 10 mil há dois anos. Bruxelas continuará enviando missões de inspeção ao Brasil, mas isso não pode ser interpretado como preparação para flexibilizar em futuro próximo a entrada da carne brasileira.
Alguns problemas técnicos podem ser sanados através do Comitê bilateral de SPS (de Medidas Sanitárias e Fitosanitárias), conforme indicou o comissário de Saúde e Defesa do Consumidor da UE, John Dalli, ao ministro.
O comissário ficou satisfeito com o convite para visitar o Brasil. Mas deixou claro que não pode flexibilizar a entrada da carne brasileira na UE tão cedo, inclusive diante da enorme pressão interna, sobretudo dos irlandeses, que mantêm sua campanha de ataque ao produto brasileiro.
FONTE: Valor Econômico
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