quinta-feira, 5 de maio de 2011

Confinamento em MT não atenderá demanda dos frigoríficos


A falta de boi gordo e de pastagem no estado são pontos preponderantes para essa carência de oferta, apesar do aumento de animais confinados
Rosana Vargas
Ascom Acrimat
Assessoria
coletiva confinamento
Coletiva com a imprensa e apresentação dos números do levantamento do Imea.

A intenção do produtor de Mato Grosso em investir no sistema de confinamento de gado registrou um aumento de 29,93% este ano com relação ao ano passado. Em 2010 foram confinados 592.834 mil animais e este ano subiu para 770.266 mil, isso representa 46% da capacidade de confinamento no estado, que pode atingir até 1.673.620 animais em dois giros de produção. “Esse número só vem confirmar o que estamos falando desde o início do ano: o gado de Mato Grosso não tem pastagem e uma das alternativas é o confinamento, por isso esse aumento”, disse o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso – Acrimat – Luciano Vacari.

Mas, apesar desse aumento de quase 30%, o gado confinado não será suficiente para atender a demanda dos frigoríficos. No mês de setembro, quando será entregue o maior percentual do gado confinado, o número de animais vai representar 20% da produção, o que significa dizer que atenderá a 40% da capacidade de abate dos frigoríficos, “os outros 60% as indústrias terão que buscar o boi gordo no pasto e essa oferta será restrita, o que nos leva a dizer, que pode faltar boi gordo”, ressalta Vacari. Ele lembra ainda que a oferta de boi confinado se concentra em alguns meses do ano “ e isso não atende a demanda do mercado”. Por conta da falta de pastagem, a escala de entrega do gado confinado também foi antecipada. Em 2010 apenas 3% do confinamento foi entregue em junho, este ano a previsão que suba para 10%.

A falta do boi gordo em Mato Grosso é resultado do alto abate de fêmeas registrado no período de 2005 a 2007, pela morte de 2,28 milhões de hectares de pastagem no estado que morreram devido a forte seca de 2010, ataques de pragas e outros 5 milhões de hectares de pastagem que estão degradados. “Esses pontos refletem diretamente na oferta de animais e por falta de comida para o gado o produtor tem que ter duas preocupações na hora de optar pelo confinamento, que é o estar perto de regiões que produzem grãos e dos frigoríficos, pois precisam ter para quem vender”, analisou Vacari.

É exatamente isso que demonstra o levantamento feito pelo Imea - Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária de MT, da intenção de confinamento em 2011. O analista de bovinocultura do Imea, Daniel Latorraca, disse durante a apresentação dos dados, que “a região do Médio Norte, por exemplo, que tem boa produção de grãos e frigoríficos, será responsável por 17% do gado confinado, com 134.156 mil cabeças. Em contrapartida, a região Noroeste, que não tem produção de grãos e poucos frigoríficos, será responsável por 1% apenas desse montante, com 4.750 cabeças confinadas”. Mato Grosso possui 200 unidades de confinamento e 160 produtores foram ouvidos durante a pesquisa de intenção.

Fazendo uma avaliação para o mercado consumidor, Vacari acredita que “apesar da restrição de gado pronto para o abate, tanto de confinamento quanto de pasto, não podemos falar em aumento no preço da carne para o consumidor final, pois isso vai depender muito da margem de lucro que o varejo vai colocar na hora de cortar o bife da carne do boi”, salientou Vacari. Nos últimos cinco anos, segundo levantamento do Imea, enquanto os preços da arroba e dos produtos dos frigoríficos tiveram um reajuste de 84% o varejo aumentou o preço da carne para o consumidor em 140%.

FONTE: ACRIMAT

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