segunda-feira, 13 de junho de 2011

Crise que dizimou os médios frigoríficos em todo o País se arrasta há três anos

Mais de dez frigoríficos que pediram recuperação não tem horizonte claro de operação

DA REDAÇÃO 13/06/2011 15h40
Os mais de dez frigoríficos de carne bovina que pediram recuperação judicial após a crise financeira de 2008 ainda não têm um horizonte claro para voltar a operar na normalidade. Sem crédito no mercado e sem conseguir vender suas fábricas, por conta da capacidade ociosa da indústria nacional,praticamente toda a “classe média” dos frigoríficos permanece em dificuldade, abrindo espaço para os únicos três grandes do setor: JBS, Marfrig e Minerva. Juntos, os três somam mais de 95% das exportações brasileiras de carne bovina, por exemplo. “Até agora, o setor não conseguiu se recuperar e não sei como vários casos vão acabar”, diz o advogado Alfeu Alves Pinto, do Boccuzzi Advogados Associados. O escritório defende credores no caso do Frigoestrela e acompanha os outros processos de recuperação judicial de frigoríficos, em busca de soluções que se apliquem aos demais. A extensa lista de empresas em recuperação judicial vai desde o gigante Independência, com dívidas de R$ 2,3 bilhões no momento da recuperação judicial, até o pequeno e mais recente a pedir a proteção da Justiça, o Forteboi. Mas a maior parte da lista é de médios frigoríficos aqueles que são maiores mais que empresas regionais, mas não têm o porte dos gigantes são eles: Arantes Alimentos, Margen, Quatro Marcos, Mataboi, Mercosul, Frialto, Frigol, Fribrasil e Frigoestrela. Em recuperação judicial, os frigoríficos evitaram que os credores executassem garantias e pedissem a falência das companhias. Mas o crédito para essas empresas sumiu, e elas não conseguem dinheiro novo para retomar as atividades. “Vejo essas empresas insistindo muito com as mesmas fontes de crédito, em vez de buscar novas”, diz Alves Pinto, para quem fontes externas pouco expostas ao risco deveriam ser procuradas. O Independência chegou a levantar US$ 150milhões em títulos de dívida após entrar em recuperação judicial, mas os recursos não foram suficientes e, meses depois, a empresa parou de operar suas fábricas. Outra saída seriam as injeções de capital por novos sócios ou a venda das empresas, modelos muito usados no caso das usinas de cana que passaram pelas mesmas dificuldades dos frigoríficos. “A situação é pior no caso da carne, mas acredito que com o retorno da liquidez financeira as empresas desse mercado e os fundos de private equity estão olhando para as companhias em recuperação”, diz o advogado Joel Bastos, do Felsberg e Associados. O escritório trabalha na recuperação do Arantes e do Frialto, representa credores no processo doIndependência e fez o processo do grupo de cana Infinity Bioenergy, adquirido pelo Bertin. Por enquanto, casos como o do Infinity não surgiram nos frigoríficos. OJBS incorporou a endividada Bertin Alimentos, mas antes que ela tivesse que recorrer à Justiça. Tanto o JBS quanto o Marfrig preferiram arrendar unidades industriais das empresas em recuperação, em vez de adquiri-las.Orisco é obviamente menor, mas essas operações não resolvem o problema de caixa das companhias em dificuldade e acabam mantendo-as fora do mercado, afirma Bastos.

FONTE:CORREIO DO ESTADO

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