Rogério Goulart, administrador de empresas, pecuarista e editor da Carta Pecuáriacartapecuaria@gmail.com Reprodução permitida desde que citada a fonte |
Taxa de Reposição. Quando olhamos para a taxa de reposição, no gráfico abaixo, temos a correta dimensão do estrago que ocorreu na pecuária com essas taxas tão baixas de 2008 em diante. Observe o gráfico. O ciclo pecuário atual começou em 2006. Nada mais natural que analisarmos a coisa toda desde lá. Adiciona perspectiva. Repare a partir de 2008 a coisa desandando. Essas duas linhas — uma em 2,40 e outra em 2,15 — são as fronteiras da reposição. Acima de 2,40 bezerros/boi, você ganhou uma estrelinha na bochecha por ter feito uma ótima reposição. Abaixo de 2,15, levou uma advertência para mostrar para os pais. Entre 2,15 e 2,40, está na média. Sabe qual é a média disso aí desde 2008 para cá? 2,12 bezerros/boi. É mole? Fazem quatro anos que estamos levando advertência. Estou cansado de levar advertência para casa! Hehe. De qualquer forma, a coisa melhorou muito do ano passado para cá. Ficamos na média. Em 2012 estamos novamente rondando a advertência. O mercado do jeito aqui em janeiro coloca a reposição ao redor de 2,20 bezerros/boi. Estamos na média, mas na parte baixa dela. O suficiente apenas para passar de ano, na trave... se é que você me entende. Me desculpe se tenho batido na tecla de dizer que a pecuária está desequilibrada quando a gente olha uma reposição dessas, mas é a grande verdade. Com uma situação dessas, você pode ter dois tipos de perspectivas para o futuro, caro leitor. Pode achar que a coisa vai melhorar, contando com a regressão à média. Ou pode achar que vai ficar assim, ou até piorar, nos anos vindouros. Argumentos para os dois lados existem. Para o lado da alta o mais poderoso deles é a regressão à média. Anos de desequilíbrios para baixo geram anos de desequilíbrios para cima, somente para ajustar a média. Essa noção cai como uma luva para o comportamento da taxa de reposição na última década, porém o passado é o passado. Podemos também dizer em um aumento de consumo, tanto interno como o externo, pegando no contrapé da oferta como argumento altista? Sim, podemos. Pelo outro lado, o suposto retorno do abate de fêmeas pode ser usado como um balde de água fria nessas pretensões de ajuste na taxa? Alguns argumentam que sim. Outros usam a disseminação dos confinamentos como argumento de redução da sazonalidade do boi (coisa que discordo de todo o meu coração), como uma forma de se martelar para baixo as pretensões de alta. Outros usam até mesmo a suposta concentração dos frigoríficos, todos eles sabidinhos e cheio de analistas com várias planilhas de excel trabalhando mais ou menos com as mesmas informações que a gente trabalha, para usar isso em favor de melhor compra de gado como argumento de se segurar preços. Não sei quais argumentos vão sobressair. Tenho a tendência de respeitar muito a regressão à média, o que me levaria a ir para o primeiro campo... porém, posso estar subestimando as mesas de compra de gado, o que me levaria para o segundo campo. De qualquer forma, fica aí a informação — a taxa de reposição está baixa ultimamente. Chuvas. Não é novidade para ninguém que essas chuvinhas recentes somente apagaram a poeira do problema. Nas regiões que produzem gado via pasto, e especialmente o MS, as condições de pastagens ainda são muito abaixo do que deveriam estar para essa época do ano. Observe o MS no gráfico Isso gera algumas preocupações sobre a oferta de gado. O que dá para sentir foi uma oferta de gado escorrido ultimamente. Esse gado era para estar gordo, rachando, caro leitor. Veja como o clima atrasou a produção. Vamos ver como isso trará consequências na oferta de bois daqui para frente. No mais, mercado morno. Início de ano é assim, todo mundo fica meio pisando em ovos e esperando qual será a cara do ano. Com quem converso, a sensação é de preocupação pendendo para pessimismo. Tanto no físico, que é mais dissimulado, pois você tem que pegar a opinião do sujeito, quanto no mercado futuro, que é escancarado através dos preços negociados. Nada a ver com isso, mas no mercado futuro, especialmente, tem ocorrido bastante negócios de opções (seguro) para a safra. Sugiro você contatar o seu corretor. Se não tiver um, te indico um de minha confiança. MOVIMENTAÇÃO DO MERCADO: Boi -- Indicador ESALQ/BVMF do boi, que mede a variação dos preços da arroba no Estado de São Paulo, fechou a semana com –0,65 a R$ 97,50 à vista. Cotações em R$ por arroba. A média móvel de 5 dias fechou em R$ 97,93. O contrato de janeiro/12 fechou com +0,54 a R$ 97,39. A diferença hoje entre o contrato de janeiro e a média é –0,54. O contrato que vence em fevereiro/12 fechou com +0,02 a R$ 96,85; março/12 –0,04 a R$ 96,10; abril/12 +0,09 a R$ 95,59. Todos os vencimentos estão cotados à vista com o fechamento da sexta-feira e com a indicação semanal da variação de preços. Bezerro -- Indicador ESALQ/BVMF de bezerro, que mede a variação dos preços no Estado do Mato Grosso do Sul, fechou a semana com +7,76 cotado a R$ 734,62 à vista. Cotações em R$ por bezerro. A arroba do bezerro desse indicador está estável e vale R$ 120,00. Todos os vencimentos estão cotados com o fechamento da sexta-feira e com a indicação da variação semanal. Taxa de Reposição 1 -- Um boi gordo compra hoje 2,19 bezerros, queda de 0,04 na semana. Dólar -- Dólar comercial fechou com –3,29% a R$ 1,793. Dólar futuro com vencimento no início de fevereiro fechou com –3,54% a R$ 1,798; março fechou com –-3,51% a R$ 1,809. Juros -- A taxa de juros do governo (SELIC) está hoje em 11,00% ao ano. Inflação – IGP-M de dezembro –0,12%. Acumulado no ano2 +4,99%. Acumulado nos últimos 12 meses 3 (janeiro-11 a dezembro-11) 4,99%. Assim como os contratos de boi e bezerro se encerram pelo preço dos seus respectivos indicadores, o dólar se encerra pelo preço do dólar do Banco Central nas datas acima indicadas. Frigoríficos 4 -- A arroba nos frigoríficos foi cotada hoje em São Paulo ao redor de R$ 97,50; no Mato Grosso do Sul, Dourados a R$ 88,00 (Base –7,6%) e em Campo Grande ao redor de R$ 88,50 (Base –6,6%). A arroba em Goiânia foi cotada ao redor de R$ 89,00 (Base –8,6%). Em Cuiabá está em R$ 88,00 (Base –8,6%). No sul do Tocantins a arroba foi cotada em R$ 90,00 (Base –8,6%). No Triângulo Mineiro ao redor de R$ 91,00 (Base –6,6%). 1 Considerando os valores nominais dos indicadores da ESALQ/BVMF. 2 e 3 Somatória com Juros Simples. 4 Fonte das arrobas dos frigoríficos à vista e livre do Funrural: Informativo Boi na Linha, da Scot Consultoria. CONCLUSÃO: Início de ano morno, porém com pressão de baixa pelos frigoríficos. Arroba com cotação abaixo de 90 reais em vários estados soa como se estivéssemos em 2008 novamente. Seria ótimo se estivéssemos em 2008, com a estrutura de custo de 2008, recebendo preços ao redor de 90 reais... Ocorre que estamos em 2012, com custos de 2012, porém com preços de 2008. Sente o desequilíbrio? O bezerro não está dando bola para essa história. Ele deixou para trás 2008, 2009... Está bem ciente e consciente dos preços em 2012, tanto que sua arroba está valendo 120 reais... Em alguns lugares até mais que isso. Até semana que vem. Abraços, Rogério Goulart |
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Boi no início do ano...pisando em ovos
Postado por
Eduardo Lund / Lund Negócios
às
10:17
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