quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sem pasto para o gado, seca pode provocar aumento no preço da carne

Falta de chuva limita a oferta de gado gordo aos frigoríficos e cerca de 30% dos animais já estão com peso abaixo do ideal

Sem pasto para o gado, seca pode provocar aumento no preço da carne Diego Vara/Agencia RBS
Em Capão do Cipó, na Região Central, uma situação extrema: o gado, magro pela falta de pastagens, alimenta-se em planta nativaFoto: Diego Vara / Agencia RBS

Caio Cigana
caio.cigana@zerohora.com.br
As consequências da seca podem chegar ao churrasco do gaúcho nos próximos meses com aumento no preço da carne. 

Além de impor perdas às lavouras, a falta de chuva que fustiga o campo limita a oferta de gado gordo para os frigoríficos, que temem um quadro de escassez ainda maior a partir de março.

Por enquanto, os pastos ressequidos em regiões tradicionais na pecuária, como a Central e a Campanha, se traduzem apenas no abate de animais sem uma terminação adequada, o que repercute na qualidade e no rendimento menor dos cortes. 

A continuidade da seca, porém, pode trazer um aperto maior. No Frigorífico Silva, de Santa Maria, uma das regiões mais prejudicadas pela falta de chuva, cerca de 30% do gado chega com terminação abaixo do ideal, diz o gerente da central de compras de gado, Diogo Soccal. 

O quadro, sustenta, tende a se agravar no final do verão, quando termina o período de engorda dos animais, principalmente no campo nativo.

— Em março e abril ocorrerá redução significativa da oferta de gado gordo, em virtude do prejuízo que a estiagem traz no ganho de peso no período mais favorável, os meses de primavera e de verão. O preço da carne vai aumentar, reflexo da menor oferta, maiores custos de abate e de transporte dos animais — sustenta Soccal, que prefere não arriscar percentuais.

Frigorífico das Missões já busca carne na Campanha

No Frigorífico Callegaro, de Santo Ângelo, a situação se repete. O gerente comercial da empresa, Rafael Callegaro, lembra que costumava comprar 70% do gado nas Missões, mas agora concentra a busca na Fronteira Oeste, onde o estado dos campos é melhor.

— O gado não está bem pronto e escasseando. E metade não está bem acabada. Vai subir a carne daqui a dois ou três meses. Principalmente os cortes nobres — projeta.

Na Zona Sul, o panorama é mais confortável, mas o Frigorífico Coqueiro, de São Lourenço do Sul, sente a redução da oferta na Campanha.

— Esta semana fui a Dom Pedrito carregar de cinco a seis caminhões e acabei carregando apenas um — ilustra Luiz Roberto Saalfeld, um dos proprietários.
FONTE: ZERO HORA

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