quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

PRÉVIA-Rebanho bovino dos EUA pode ser o menor em 60 anos

CHICAGO, 26 Jan (Reuters) - Uma seca devastadora, custos recordes com ração e competição intensa por áreas com lavouras de maior retorno estão acelerando o declínio do rebanho bovino dos Estados Unidos, que é previsto para ser o menor em seis décadas este ano.
O relatório bianual do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que sai na sexta-feira, deve mostrar uma queda de 1,4 por cento no número de animais no país, ante um ano atrás, o que deve impulsionar os preços futuros, já em níveis recordes, puxar os preços da carne a novas máximas e corroer o resultados de frigoríficos, como Tyson Foods Inc.
Analistas consultados pela Reuters esperam que os dados do USDA mostrem um rebanho bovino de 91,26 milhões de cabeças, o menor desde 1952 e abaixo dos 92,58 milhões de um ano atrás.
Enquanto dados mensais mostrando o forte declínio do número de animais que seguem para confinamento já colocaram o foco na diminuição da oferta no curto prazo, o número de sexta-feira deve destacar a diminuição dos estoques de vacas e bois por meses, talvez anos -mesmo diante do boom das exportações.
"Este relatório (sexta-feira) é esperado para confirmar o que as pessoas já estão pensando sobre isso", disse Jim Robb, um economista do Centro de Informação Comercial do Rebanho, em Denver. Ele disse que os preços da carne bovina no atacado deverão atingir máximas recordes em 2012 e 2013.
SECA DEVASTADORA
A seca no sul das Planícies, que se estendeu durante quase todo o ano passado, foi principal fator que levou criadores a liquidar seus rebanhos. Eles também venderam bezerros para levantar recursos.
A perda de pasto, onde os bezerros são alimentados até ter idade suficiente para entrar em confinamentos, onde eles passam para a engorda à base de uma dieta de milho, foi agravada por alta dos preços da forragem, que mais que triplicaram superando 100 dólares o fardo no Texas.
"Falta forragem no Texas e ela é alimento básico aqui. Nós basicamente tivemos de importar forragem", disse James Gray, gerente geral da Graham Land and Cattle Co., uma propriedade na área centro-sul do Texas que pode abrigar até 30 mil cabeças de gado.
Gray disse que a falta de gado é tão grande nesta área que ele tem recebido pedidos de compradores da Tyson Foods e da subsidiária norte-americana do frigorífico brasileiro JBS -o maior do mundo- distante cerca de 500 milhas ao norte.
"Os grandes frigoríficos como a Tyson e JBS estão lutando para conseguir linhas de oferta e estão buscando novos parceiros", disse ele sobre as companhias que estão chegando a ele para abrir nova fonte de oferta de gado para suas operações de processamento.
Alguns criadores estão transferindo seus rebanhos para o norte, aumentando a competição com produtores agrícolas pelas áreas escassas. Os altos preços do milho, soja, trigo e algodão vêm estimulando o plantio em cada acre disponível deixando menos áreas para pastagens.
"As pessoas estão cultivando milho em áreas de feno", disse Robb.
Robb disse que a seca no sul das Planícies e o alto custo do milho estão mudando o cenário para indústria bovina, acrescentando que os pequenos confinamentos -aqueles com menos 1 mil cabeças de gado- podem ser forçados a fechar enquanto as processadoras de carne poderão fechar algumas unidades face à escalada dos custos.
(Reportagem adicional de Theopolis Waters)

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