quarta-feira, 21 de março de 2012

Queda em exportações de carne ameaça liderança mundial pelo Brasil

Brasil e Austrália 'competem' pelo posto de maior vendedor de carne.
Entre 2007 e 2001 recuo brasileiro em exportações atingiu 36%.

A exportação brasileira de carne bovina em equivalente carcaça recuou nos últimos anos e fez o país perder espaço no mercado mundial. Entre 2007 e 2011 o volume enviado aos diferentes países baixou 36,2% passando de 2.465 mil toneladas a 1.572 mil toneladas, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A diminuição ameçou o posto de líder mundial. Os dados do Mdic deixam o Brasil como titular da posição no ranking dos maiores vendedores deste produto, seguido de perto pela Austrália, cujas exportações em 2011 somaram 1,4 mil toneladas até o final do ano passado.

Mas ao serem observados dados oriundos de outras fontes, como o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o panorama indica uma subsitutição no posto de maior exportador mundial de carne. De acordo com o Departamento, o menor volume embarcado pelas indústrias brasileiras em 2011 fez o país passar para a vice-liderança. Para o USDA, foram 1.325 mil toneladas embarcadas em 2011 pelo Brasil. A Austrália, por sua vez, assumiu o primeiro lugar com a venda de 1.350 mil toneladas.

Diretor da Scot Consultoria, Alcides Moura frisa que uma série de fatores contribuiu para diminuir o volume de carne enviado pelo Brasil para diferentes destinos do mundo. À lista estão, por exemplo, o câmbio e o preço da arroba do boi. "O mercado europeu diminuiu o consumo, mas os povos do terceiro mundo continuaram produzindo. Eu quero crer que a gente não tinha carne para oferecer ou mesmo porque nossa carne ficou cara", contextualizou.

Desde 2007 o volume brasileiro de carne bovina exportada apresenta sequência de queda. Dos mais de 2 milhões de toneladas embarcadas em 2007, segundo o Mdic, as indústrias encerraram o ano de 2008 enviando 2.127 mil toneladas. Em 2009 o país exportou 1.851 mil toneladas. Em 2010, o volume somou 1.797 mil toneladas e fechou 2011 na casa de 1.572 mil toneladas.

"O interessante é a diminuição da diferença do volume exportado em relação aos concorrentes, tanto que o próprio USDA coloca o Brasil em segundo lugar. Essa aproximação vem realmente ocorrendo", lembra Gustavo Aguiar, zootecnista da Scot Consultoria.

Para ambos os representantes, a disputa pela liderança do ranking de maior exportador mundial deve permanecer entre Brasil e a Austrália. Já os Estados Unidos são o terceiro maior exportador de carne no mundo. De acordo com o Mdic, somente este país embarcou em 2011 o volume de 1.241 mil toneladas de carne, mesmo patamar informado no relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

Entraves
Ainda à lista de entraves que influenciaram diretamente o desempenho das exportações de carne pelo Brasil nos últimos anos estão fatores como a maior produção nos Estados Unidos, em função do alto abate de fêmeas que, com frequência, vem retomando mercados, acrescenta ainda Gustavo Aguiar.
"Tivemos como entraves à exportação nos últimos anos também a desvalorização do Real, reduzindo a competitividade do produto brasileiro, também a dependência de poucos mercados. De 2008 para cá, a concentração dos cinco maiores compradores da carne brasileira aumentou. Houve ainda uma redução de demanda de alguns importantes clientes, como a Europa, em função da crise", contextualizou o zootecnista da Scot Consultoria.

Maiores compradores
Do volume exportado pelo Brasil no ano passado, 32% destinaram-se a atender a Rússia. O país é o principal comprador de carne bovina brasileira. Já Hong Kong importou a segunda maior fatia de carne bovina. Para este país os embarques representaram 26% do total exportado. Já o Irã (18%), Egito (14%) e Venezuela (10%) também consumiram uma importante parcela da carne brasileira em 2011.

FONTE: G1.GLOBO.COM

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