quinta-feira, 7 de março de 2013

O brinco da discórdia e a pecuária americana


por Fernando Furtado Velloso
ffvelloso@assessoriaagropecuaria.com.br

Recentemente estive em Santa Catarina visitando alguns produtores de gado na região de Florianópolis. Pode parecer um lugar pouco usual para pecuária, mas lá visitei dois rebanhos de mais de 1,5 mil bovinos cada a menos de 50 km da ilha. Apesar de ser curioso (pelo menos para mim) conhecer pecuária nesta região, o tema que quero dedicar parte da minha coluna é a identificação dos bovinos naquele estado. Desde 2007, Santa Catarina é considerada zona Livre de Aftosa Sem Vacinação pela OIE (Organização Internacional de Epizootias) e, para alcançar este status, o estado teve de identificar em um programa oficial todos os bovinos, para assim garantir que não há entrada de gado de outros estados. E quando digo "todos", me refiro sim a 100% dos bovinos daquele estado, ou aproximadamente 4 milhões de cabeças.
O sistema de identificação de bovinos funciona e muito bem neste estado. Em toda oportunidade que vou a Santa Catarina me dedico a verificar a presença dos identificadores (brinco e bottom) e também consulto os produtores se o sistema de fato funciona e se é bem controlado. Em ambos os casos a resposta é sempre positiva: os animais sempre estão identificados e os produtores respondem que o sistema funciona apropriadamente e que os controles são rigorosos. A entidade responsável por este trabalho é a Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agropecuário de SC) e os pequenos produtores recebem total suporte para identificarem os animais e para atualizar o banco de dados do programa (existência das propriedades). 
Trago este assunto que pode não ser novidade para muitos produtores gaúchos para voltarmos a falar e pensar na identificação e rastreabilidade do rebanho gaúcho. O governo do RS está dedicado em viabilizar a brincagem de todo nosso gado e esta iniciativa é louvável. Não há como avançar para o acesso a diversos mercados qualificados de carne se não possuirmos um sistema oficial e organizado de identificação de bovinos. Até mesmo oportunidades de exportação de bovinos vivos são perdidas pelo RS pela falta de um sistema de identificação oficial. Falo deste tema com boa segurança porque trabalhei diretamente neste ramo. Sei que o tema do brinco é traumático em nosso meio, pois incorremos em diversos erros e frustrações neste processo do Sisbov, mas não devemos abandonar esta tarefa em função dos tropeços que passamos. Os céticos dirão que SC tem um rebanho pequeno e que aqui não será fácil, pois temos um rebanho bem maior, etc, etc. Se nosso rebanho é maior temos que ter proporcionalmente mais estrutura oficial para controle e não deve servir de escape para não fazermos o que deve ser feito.

Pecuária americana
Estou participando da Viagem Técnica Beefpoint – Texas (EUA), de 1º a 10 de março, e está sendo uma experiência de grande aprendizado. O programa foi cuidadosamente montado e passaremos por todas as etapas da cadeia da carne americana: produtores de genética, centrais de sexagem e inseminação, criadores comerciais, confinamentos, frigorífico JBS, exposição de Houston, Universidade Texas A&M, Associação de Red Angus, Programa Carne Angus e muito mais. Hoje participamos de um ciclo de palestras em que se destacaram os assuntos Classificação de Carcaças USDA e Seleção para Eficiência Alimentar. Pretendo abordar individualmente nas próximas colunas assuntos específicos e compartilhar com os leitores da FOLHA do SUL parte destes conhecimentos. Voltaremos...

FONTE: Folha do Sul

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