quinta-feira, 16 de maio de 2013

Lacre eletrônico será testado por 10 frigoríficos

Tecnologia pode reduzir em 50 horas o período de permanência das cargas de carne bovina nos portos

Nos próximos 30 dias, uma planta de cada um dos 10 associados originais da Associação Brasileira de Indústria Exportadora de Carne (Abiec) começará a utilizar o lacre eletrônico para o transporte de cargas de carne bovina com destino ao porto de Santos. Devem participar BRF, Cooperfrigu, Frialto, Frigol, Frisa, JBS, Marfrig, Mataboi, Minerva e Rodopa.

Este será o início oficial do projeto de uso do lacre eletrônico para acelerar o processo de exportação e reduzir o tempo gasto com trâmites burocráticos na liberação de cargas. A expectativa do Ministério da Agricultura é de que o sistema, batizado de Canal Azul, seja implementado em definitivo dentro de um ano.

A iniciativa é resultado de parceria entre a Abiec, o Mapa, o Instituto de Tecnologia de Software, a Ceitec - empresa pública federal vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia e é a única na América Latina capaz de produzir semicondutores (chips) em escala comercial - e a Escola de Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e conta com financiamento de R$ 900 mil nesta primeira fase, vindos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Nesta semana, a Abiec apresentou resultados dos testes realizados em setembro do ano passado. Foram feitas 174 medições de tempo durante duas semanas com cargas que foram transportadas do JBS de Lins até o Porto de Santos. Os resultados mostraram ser possível reduzir em 57 horas o tempo entre a chegada dos contêineres no porto e a liberação dos mesmos para embarque. A expectativa inicial era de que esse período fosse reduzido em 24 horas.

"Conseguimos acelerar o processo com o Mapa. Mas a ideia é de que o contêiner não precise de liberação quando chegar ao porto, pois quem valida o lacre também é um fiscal federal agropecuário, e as informações poderiam ir diretamente para a Polícia Federal", projeta o secretário-executivo da Abiec, Fernando Sampaio. Hoje, quando um contêiner chega ao porto é preciso fazer a chamada presença de carga, que consiste em informar o despachante, que informa a Receita Federal, que libera a carga.

O investimento dos frigoríficos nos lacres eletrônicos, segundo Sampaio, é baixo se comparado à economia que será feita com a redução do tempo das cargas nos portos. A projeção é de que, apenas com a carne bovina, as indústrias deixem de gastar R$ 15 milhões por ano com a energia elétrica utilizada na refrigeração dos contêineres.

Segunda etapa - Na próxima terça-feira, 7, será apresentado para a Finep o pedido para o financiamento da segunda etapa do projeto, estimado em R$ 1,8 milhões. A nova fase inclui a integração das informações armazenadas no chip com os demais órgãos da cadeia produtiva, como a Receita Federal e a Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA). Também está previsto o cálculo da economia que a automação pode trazer para o chamado custo Brasil.

Inicialmente, os frigoríficos que utilizarem o sistema terão que importar os chips. "Mas a ideia é fazer com que o Ceitec possa fornecer o produto para a cadeia produtiva nacional", explica o professor Eduardo Dias, coordenador do Grupo de Automação Elétrica em Sistemas Industriais e Portuários, da Escola Politécnica da USP.

Como funciona:

1 - O contêiner é lacrado e as informações são cadastradas na Plataforma de Gestão da Cadeia Segura - Canal Azul
2 - As informações são repassadas para o Vigiagro automaticamente, que checa os dados e libera a carga
3 - Ao chegar no Porto, a carga é conferida com um celular com um aplicativo instalado que faz a leitura das informações da carga.
 FONTE: ABIEC

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