Em diversos segmentos de produção, a agregação de valor no produto tem sido uma das alternativas para alcançar melhor remuneração.
No complexo carne não é diferente, pois com a renda crescente da população, a demanda por qualidade e diferenciação também tem aumentado.
Podemos observar isto com o surgimento de vários selos e marcas de carne bovina nos últimos anos, o que tem sido fundamental para o desenvolvimento da cadeia como um todo.
Porém, temos que atentar, selos de carnes de qualidade e produtos oriundos de animais europeus e mais especificamente britânicos, têm surgido de diversas regiões do país, não sendo mais uma exclusividade gaúcha.
É indiscutível a qualidade da carne gaúcha, que somada à tradição, bioma e história de nosso povo, resulta em um apelo de marketing muito interessante.
Mas vale lembrar que mercados de alto valor agregado são extremamente exigentes e não aceitam desculpas quanto à entrega de produtos.
Temos qualidade devido à maior parte do rebanho bovino gaúcho ser europeu, a tradição está intrínseca em nosso estado, mas para conseguirmos melhores resultados no elo produtivo, o principal fator ainda é o aumento de produtividade equalizada e bem planejada.
Em um primeiro momento, o produtor deve focar no que está em seu alcance de imediato, que é o sistema da porteira para dentro.
O incremento na produtividade gera melhora nos resultados econômicos, e ainda há bastante a ser feito neste quesito nos sistemas produtivos do Rio Grande do Sul.
A produtividade média do estado está estimada em 90kg/hectare/ano, considerando o preço atual do boi gordo em torno de R$4,00/kg vivo, a receita por hectare fica por volta de R$360,00. Caso as cotações do boi gordo subissem R$0,50/kg vivo, a receita seria de R$405,00/hectare.
Se a produtividade aumentasse para 150kg/hectare/ano, o que não é um número tão difícil de ser alcançado, a receita/hectare com o preço de R$4,00/kg vivo seria de R$600,00.
Claro que devemos levar em consideração o custo por hectare, que irá aumentar, mas se bem planejado, o lucro com certeza também crescerá, ainda mais em sistemas de baixa tecnologia, onde mudanças simples e de baixo custo têm grande impacto na produtividade.
Perceberam como o incremento na produtividade pode ser uma ferramenta poderosa no resultado?
Deste modo voltamos a fatores como produtividade/ha, custo/ha e resultado/ha.
Estes são parâmetros fundamentais para nos manter na atividade, tanto do ponto de vista competitivo com atividades de oportunidade como a soja, como do ponto de vista de agregação de valor na carne, para constância na produção de forma sustentável.
Não basta produzir com qualidade, temos que buscar modelos capazes de se sustentar biológica e economicamente, frente à expansão agrícola, questões ambientais, apagões energéticos e de mão-de-obra.
Por Eduardo Madeira Castilho e Renato Bittencourt
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