O embarque de bovinos em pé é uma forma de financiar a produção, de garantir a manutenção da atividade agropecuária brasileira e a oferta de alimento farto e acessível na mesa do brasileiro.
O impasse jurídico criado nas últimas semanas acerca da venda de gado em pé por via marítima pelo Brasil gerou indignação e revolta em pecuaristas de todo o país e várias dúvidas na população leiga que acompanhou o caso. E não poderia ser diferente.
O embarque de animais aos países do Oriente vem se consolidando como um excelente negócio para os produtores, que tiveram revés em 2017 com baixa nas aquisições pela indústria nacional e consequente queda de preços. Mais do que isso, é uma alternativa adicional fazer renda com animais magros em uma época em que muitas vezes é preciso capital para tocar as lavouras que ladeiam a criação de gado em nossas propriedades. Uma forma de financiar a produção, de garantir a manutenção da atividade agropecuária brasileira e a oferta de alimento farto e acessível na mesa do brasileiro. Porque esse é o objetivo fim do livre mercado: entregar produtos melhores e mais acessíveis à população em diferentes locais do planeta.
Mais do que aspectos econômicos, é preciso explicar à sociedade o porquê da importância de o Brasil manter seus mares abertos para a exportação de animais vivo. O Brasil é hoje berço de genética bovina. Além de produzirmos carne de alta qualidade e exportarmos cortes aos cinco continentes, temos um dos maiores rebanhos do mundo, com precocidade e potencial para acabamento de carcaça ímpares. Por outro lado, temos uma capacidade para abate desses animais limitada frente à pujança nos campos.
Sobre a questão do bem-estar animal – tema que gerou muita controvérsia – é preciso que se diga que a exportação de animais vivos cumpre rigorosamente a legislação em vigor e que é pressuposto essencial para comerciantes que querem continuar operando nesse mercado, já que a carga viva precisa ser entregue ao cliente em condições adequadas para uma terminação eficiente no destino. Para explicar tudo isso e marcar posição clara de contrariedade às decisões judiciais que trancaram uma carga de 25 mil cabeças da Minerva Foods no porto de Santos, a Associação Brasileira de Angus emitiu nota de repúdio para reforçar sua indignação com as decisões judiciais que limitaram o poder de ação da pecuária nacional. Entendemos que esse despacho impõe fortes prejuízos a importadores, empresas e produtores rurais, cidadãos estes que trabalham nos campos com recursos próprios, sem incentivos governamentais, estando à sorte do mercado e suas desventuras.
Pior ainda é ver nossa produção ser atingida por minorias que se valem da falta de conhecimento da sociedade sobre os processos de transporte animal para manipular a opinião pública e fazer valer seus interesses, que em nada estão alinhados com o desenvolvimento do país. Porque mais do que atrapalhar o mercado, essas ações contribuem para denegrir a imagem da pecuária nacional no mercado internacional e levantar suspeita sobre a seriedade das instituições brasileiras.
José Roberto Pires Weber é presidente da Associação Brasileira de Angus
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