Diferença de preços cai para históricos 6%. Alterações refletem demandas do mercado interno, mas pecuaristas devem planejar a oferta das fêmeas
A histórica diferença de preços entre o boi gordo e a vaca gorda, em Mato Grosso, sofreu drástica redução nos últimos anos. De acordo com estatísticas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a diferença, que era de 21% há quatro anos em favor do boi, despencou para 6%. Para o Imea, “em relação ao boi, a vaca gorda nunca esteve tão cara”.
Na época, a arroba do boi era cotada a R$ 46,69 (preço médio de 2006) e, a da vaca, R$ 38,62. Atualmente, o boi custa R$ 70,62 (média de março) e, a vaca, R$ 66,50. Ou seja, nesse período a vaca gorda teve uma valorização bem maior (72,19%) em relação à cotação do boi, que avançou 57,25%.
“Desde o segundo trimestre de 2008 observamos uma alta significativa no preço da arroba, acompanhada por uma forte queda na taxa de abate de fêmeas, que passou dos valores acima de 45% entre os anos de 2004 e 2006 para valores abaixo de 38% a partir de 2008”, diz relatório do Imea.
Os analistas afirmam que assim como mostra a taxa de abate de fêmeas, a diferença entre o preço médio do boi gordo e da vaca gorda é um forte indicador do ciclo da pecuária. “Enquanto o abate de fêmeas estava acima dos 45%, a diferença entre machos e fêmeas era de mais de 14% e após a alta dos preços de 2008, essa diferença caiu para menos de 9%”. (Veja quadro)
Na avaliação dos pecuaristas, e valorização da vaca gorda se deve à maior procura por parte dos frigoríficos.
Segundo o diretor executivo da Associação dos Proprietários Rurais de Mato Grosso (APR/MT), Paulo Resende, a cotação da arroba da vaca gorda aumentou por conta de um maior interesse por este tipo de “mercadoria”. Ele diz que, como o grande volume da carne é destinado ao mercado interno, é mais vantajoso comprar vaca. Com isso, a arroba sofre valorização natural no mercado, acompanhando a lei da oferta e da procura.
Na opinião de Paulo Resende, a valorização da vaca se intensificou a partir de 2008, devido ao maior interesse das indústrias. “Acredito que a tendência é continuar como está, ou seja, os frigoríficos procurando mais vacas para abater”.
Resende diz que para o produtor é bom, porém “deve-se tomar cuidado para que não ocorra um desequilíbrio e, no futuro, ele tenha falta de fêmeas em seu rebanho e consequentemente de bezerros”.
ABATES - A APR/MT estima que 75% dos abates realizados, em Mato Grosso, são destinados ao mercado interno e, 25%, para exportação. Mais: além dos abates normais que aparecem nas estatísticas do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea/MT), existem abates clandestinos em matadouros não autorizados pelos órgãos de controle sanitário. Só em Cuiabá, de acordo com a APR, são abatidas clandestinamente entre 1 mil e 1,3 mil vacas por dia.
Na avaliação da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o mercado da carne continua aquecido, com maior procura por vacas. “As escalas dos frigoríficos estão curtas, porém o pecuarista vem dando conta de atender à demanda”, afirma o superintendente da entidade, Luciano Vacari. Ele diz que, historicamente, os produtores mato-grossenses sempre abateram mais bois do que vacas.
“Hoje o preço da vaca melhorou não porque o pecuarista está retendo boi e reduzindo a oferta, mas porque está vendendo de acordo com a necessidade dele”. Do ponto de vista da oferta, Vacari acredita que nada vai mudar. “Esse equilíbrio deve permanecer até o final do ano, mas vai depender do confinamento e do cenário do mercado interno e externo. Se a demanda aumentar, o mercado vai ficar mais firme ainda”.
FONTE: DIÁRIO DE CUIABÁ
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