sexta-feira, 16 de abril de 2010

Embarques do Brasil ao Irã disparam

Enquanto negocia com os Estados Unidos formas de abrir o mercado americano à carne bovina in natura brasileira, o Brasil continua vendendo como nunca cortes bovinos ao Irã, apesar de crescentes pressões da Casa Branca por sanções econômicas ao país do Oriente Médio em consequência de seu programa nuclear.

Em parte pela força dos negócios com o Irã, as exportações totais de carne bovina do Brasil cresceram no primeiro trimestre 24% em relação ao mesmo período de 2009, para US$ 1,06 bilhão, com alta de 17% no preço médio. Em volume, os embarques subiram 6%, para 300 mil toneladas.

O diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Otávio Cançado, lembrou que o Irã já importou, no primeiro trimestre, 60 mil toneladas de carne bovina do Brasil, ou cerca de 20% das exportações nacionais. De acordo com a Abiec, o volume vendido aos iranianos é praticamente o mesmo embarcado em todo o ano passado para a nação do Oriente Médio, que respondeu por 10% das vendas brasileiras totais em 2009.

"O Irã quer importar do Brasil este ano 140 mil toneladas (... ) Se mantiver nesse ritmo [do trimestre], vai chegar a 180 mil toneladas", acrescentou. Em março, o Irã já dividiu a liderança na importação de carne bovina do Brasil com a Rússia. Cada país ficou com 23% dos embarques.
Alheio aos apelos de Barack Obama contra o Irã, o Brasil ainda trabalha em um financiamento de suas exportações ao país muçulmano, algo que pode ampliar mais suas exportações agropecuárias.

Segundo Cançado, as discussões sobre exportações de carne in natura para os EUA, no contexto do que os americanos podem oferecer para evitar retaliações autorizadas pela OMC no caso do algodão, devem caminhar após 22 de abril, depois de os dois países definirem questões relacionadas diretamente à cotonicultura. A proposta inicial dos EUA de reconhecer Santa Catarina como livre de aftosa sem vacinação, embora seja uma chancela técnica internacional importante, não é suficiente para atender à demanda do Brasil.

FONTE: Valor Econômico

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