Foi surpreendente! Mesmo sendo grande a probabilidade e clara a expectativa de que a arroba do boi chegasse aos R$100,00/@ na BM&F, não deixa de ser impressionante observar quando isso acontece. Ainda mais após todo um primeiro semestre de pessimismo, em que o contrato de outubro/10 chegou a ficar cotado em R$75,00/@ em dezembro de 2009 e mais adiante, em maio de 2010, em R$83,52/@. É claro que era período de safra, quando a maior oferta de animais interfere negativamente nas cotações e, consequentemente, no sentimento vigente no mercado, mas mesmo assim, o mercado físico dava claros sinais de que a situação da oferta estava crítica. Mas o pessimismo persistia e o boi na BM&F não parecia querer “decolar”. De toda forma, o mercado físico vem firme desde dezembro de 2009. Aliás, aqui vale uma observação: desde 1954, observa-se que o boi fugiu à sazonalidade dos preços, que confere baixas nas safras e altas nas entressafras, em apenas dez ocasiões. E a safra de 2010 foi uma dessas “raridades”, já que o boi reagiu incríveis 10% no período.
Mesmo assim, os preços da reposição acompanharam a alta do boi gordo e mais ainda: estavam entre os mais altos da história, desfavorecendo a troca. Além disso, o pessimismo do primeiro
semestre não trouxe estímulo ao confi nador, que, em vista dos preços praticados na BM&F e dos altos custos com o boi magro, acreditou que não seria bem remunerado pelo boi de cocho na entressafra, sobretudo após dois anos de margens negativas para o confi namento. O resultado dessa combinação foi uma queda representativa do número de animais confi nados, deixando a
indústria a ver navios.
A demanda também se mostrou aquecida e foi capaz de suportar o maior preço histórico já registrado para o boi casado, atualmente cotado em R$6,75/kg. Com a ajuda da alta da carne de frango e da carne suína, a carne bovina manteve-se competitiva e o consumidor não decepcionou, ou seja, o consumo ajudou a sustentar os preços pecuários. Sem falar das exportações, que se recuperaram e atingiram níveis pré-crise, só voltando a patamares mais baixos no último mês, devido à desvalorização cambial, à redução da produção de carne (refl exo da baixa oferta) e ao consumo interno aquecido.
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Fonte: XP Agro
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