O movimento de alta para o mercado do boi gordo era esperado por praticamente todos os players, pelo menos ao longo do 2º semestre, entretanto, a intensidade tem surpreendido mesmo os mais otimistas. Sempre há quem aposte em boi nas alturas, mas os fundamentos estão dando fôlego para o tão esperado boi de R$100,00/@ sem sinal de arrefecimento à vista.
Não seria possível observar esse cenário sem que os fatores altistas envolvessem tanto a oferta quanto a demanda. A falta de gado para abate dificulta as compras, mas a indústria não tem alternativa a não ser elevar os preços, sobretudo diante dos estoques de carne permanentemente enxutos e ociosidade elevada. Nos últimos dias o boi gordo registrou a máxima histórica no físico e nos futuros (BM&F), enquanto a carne bovina registrava máxima no atacado.
O bom momento econômico tira força do discurso sobre inflação alimentar, mas o aumento na participação de proteínas mais baratas é recorrente, sobretudo quando produtos de luxo como o bacalhau estão mais em conta do que a tradicional picanha bovina.
A alta no preço da carne bovina é também um dos principais fatores de alta para a carne suína e de frango. O clima também ajudou no movimento altista, uma vez que a incidência do La Niña com forte intensidade resultou em seca severa em várias regiões do País e, com isso, baixa oferta de gado de pasto.
A situação atual é de escalas curtas, oferta restrita de gado confinado e preços elevados para o boi magro, impulsionado pela alta do boi gordo. Os preços do bezerro também retomaram o movimento de alta nos últimos meses, após apenas ensaiar um enfraquecimento entre julho e agosto, o que reduz o interesse do pecuarista em vender fêmeas para abate. Dessa forma, no acumulado desde o início do ano o boi gordo subiu 24,7%, em linha com a carne bovina (+24,3%). Mas a dúvida permanece: vai mais?
Pela precificação da BM&F, o mercado sinaliza novos recordes até novembro pelo menos. Em relação ao indicador Esalq (preço spot), o contrato de novembro na BM&F era negociado com 2,2% de ágio no pregão de hoje (20/10) e para dezembro com um pouco menos de ânimo e ágio de 1,1%. Entretanto, é preciso ficar de olho na capacidade do varejo em absorver essas novas altas, enquanto permanece a expectativa de chegada da safra apenas para final de dezembro e começo de janeiro de 2011. O mercado segue firme, mas esperar que R$100,00/@ vire piso é euforia.
FONTE: www.agroblog.com.br / Autor Leonardo Alencar
Nenhum comentário:
Postar um comentário