quarta-feira, 27 de outubro de 2010

MS: Política de venda à vista chega a mais um elo da cadeia da carne

A adoção por parte dos pecuaristas da prática de venda à vista do boi está trazendo reflexos para outro elo da cadeia da carne bovina do Estado. Para garantir o fluxo de caixa, os frigoríficos decidiram baixar para uma semana o prazo de pagamento na venda para redes de supermercados, que antes variava de 15 a 28 dias.
A decisão de reduzir o prazo para o varejo foi tomada em reunião da Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne de MS (Assocarnes), realizada em Campo Grande na semana passada. A justificativa da entidade para a adoção da medida está na elevação do preço da arroba do boi, que ultrapassou a casa dos R$ 100 no Estado.
A decisão transfere para a relação indústria/varejo uma prática que já se torna comum entre os fornecedores pecuaristas. Impulsionada pelo endividamento de indústrias frigoríficas, a Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) lançou no ano passado a campanha “Gado, só à vista”. A campanha deu o ponta pé inicial no incentivo à eliminação da venda à prazo que predomina hoje entre os criadores, diminuindo o risco de perdas com a quebra de frigoríficos e a prática anterior que financiava as indústrias.
“O pagamento à vista não favorece apenas os pecuaristas, mas toda a cadeia da carne, na medida em que oferece mais segurança na comercialização, evitando prejuízos e diminuindo o risco de crise para o setor”, aponta Eduardo Riedel, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).

A iniciativa, uma parceria com as Federações de Agricultura de Mato Grosso e Goiás, traçou novos rumos para a comercialização da carne. A campanha contribuiu de forma positiva para reforçar a ideia de que os pecuaristas que vedem a prazo estão assumindo um risco significativo e que é possível garantir melhores condições de recebimento.
Alternativa
Conjuntamente com campanha, o setor buscou alternativas de comercialização dos animais à vista. Por iniciativa da Comissão de Bovinocultura de Corte da Famasul, em parceria com a Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), foi lançado em abril desse ano, o sistema nacional de compra e venda eletrônica de carne bovina. “O sistema trouxe melhorias para o produtor. É o único pagamento à vista que é feito hoje no Brasil para pecuaristas”, enfatizou o presidente da Comissão de Bovinocultura de Corte da Famasul, José Lemos Monteiro.
Pelo sistema de comercialização, a oferta do produto é feita por meio da plataforma eletrônica da BBM, mediante o cadastramento de pecuaristas e frigoríficos. A negociação eletrônica trouxe mais segurança aos pecuaristas e frigoríficos na hora de vender o produto aos frigoríficos, tendo em vista que o gado só é embarcado mediante a garantia do depósito dos valores previamente acertados, o que atende ao objetivo da venda à vista.
Levantamento da Famasul indica que 217 credores de MS têm créditos a receber do frigorífico Frialto, montante que fica na casa dos R$ 19 milhões. A situação não é diferente em relação ao Independência, em processo de recuperação judicial desde 2009. Dos cerca de R$ 42 milhões devidos aos pecuaristas do Estado pela indústria, R$ 17 milhões ainda não foram pagos.
As informações são da assessoria de imprensa da Famasul/Senar-MS.

FONTE: Agrolink

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