Em 2005 mandei um texto para o BeefPoint (A tar da crise da pecuária), neste texto eu dizia que a pecuária não estava em crise. O que estávamos vivendo naquela época era uma crise de preços e mercado. E coloquei um gráfico que tenho, sistematicamente, atualizado mostrando o enorme aumento no abate de fêmeas no país. Conclui, então, que com aquele cenário, cedo ou tarde, as coisas mudariam. Pois é, mudaram, e o valor da @ anda aos redores dos R$100,00. Com este cenário novo, gostaria de fazer algumas observações, que acredito serem importante para a indústria da pecuária brasileira.
Fonte: Site do IBGE
Primeiro, acima, mostro o gráfico de abate de bois e vacas atualizados até junho de 2010. Podemos ver claramente duas coisas, entre outras, é lógico. Até dezembro de 2002 abatíamos aproximadamente 350 mil vacas por mês. Este valor foi linearmente aumentando até atingir o pico de 1 milhão em 2007. Depois disso, ele abaixou, mas parece ter estabilizado em 700 mil vacas por mês. Conclusões, o rebanho seguramente diminuiu, e podemos estar entrando em um nível de estrutura de rebanho de paises que já têm seus rebanhos razoavelmente estáveis, ou que permitem somente um pequeno crescimento.
Quero dizer com isso que nosso rebanho não crescerá mais a passos largos como fazia antes. A principal causa disto é o fato de não termos mais fronteiras agrícolas. A última era a Amazônia e pelo que tudo indica, poucas serão as fazendas que se abrirão por lá.
Portanto, como todo rebanho estável tem que abater bastante fêmeas, acredito que nosso abate de fêmeas ficará próximo destes valores atuais. E, CONSEQUENTEMENTE, não teremos mais aumentos tão significativos na produção de carne, pois o rebanho está estável. Com estas informações, me parece, que o rebanho brasilerio amadureceu e estabilizou. Única e exclusivamente, porque parou o aumento dos hectares de pastagens que vimos anualmente nos últimos 60 anos.
Da figura do abate de machos, vemos que a quantidade mensal cresceu linearmente e parece que está estabilizando em 2009. Isso mostra que estamos abatendo animais cada vez menos velhos (ou mais jovem) e é outro elemento para concluir que o rebanho diminuiu.
Temos visto nos últimos 10 anos grandes mudanças no uso da terra. Isto é, a redução drástica da abertura de novas fazendas e a troca dos pastos (não só, mas principalmente) por soja, cana e eucalipto. E, como a única forma de aumentarmos a pecuária é aumentando a quantidade de vacas, que tem ocorrido exatamente o oposto, acredito, de novo, que nosso rebanho e nossa pecuária estão maduros e estáveis.
Isto significa que vamos estagnar??!!
Não, mas, feliz ou infelizmente, dependendo do ponto de vista, chegou a vez da tecnologia. Os avanços que daremos na pecuária daqui para frente serão baseados fortemente na tecnologia. A integração lavoura pecuária (da qual sou grande admirador) é um ótimo exemplo do que a tecnologia pode fazer para a agropecuária.
No congresso mundial da carne de 2006 na Austrália, já tínhamos visto todas estas informações de aumento de demanda da carne pelos emergentes e relativa estagnação mundial da produção (uns aumentando outros diminuindo, portanto, estagnado).
Acredito que este cenário não mudará a médio prazo (salvo catástrofes). Consequentemente, a pecuária continuará bem valorizada como está. Vale lembrar que ela está valorizada no mundo inteiro. Portanto, agora é a hora de fazer os investimento que ficaram represados durante vários anos.
Só existe pecuária sólida e sadia onde há solo e pastos bem cuidados.
FONTE: ESPAÇO ABERTO/BEEFPOINT
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