A estiagem na Região da Campanha, onde não chove significativamente há mais de dois meses, comprometerá a oferta estadual de terneiros até 2012. O reflexo imediato do clima é sobre o peso dos exemplares a serem comercializados em maio em feiras municipais ou diretamente nas propriedades. Há previsão também de redução do volume ofertado para comercialização em abril de 2012. O recuo é previsto pela dificuldade corporal das vacas que entram em cio somente após terem todas as suas necessidades básicas atendidas. Sem pasto para se alimentarem e com cria ao pé, a taxa de prenhez de 60% tende a cair. Por ano, são produzidos 7,8 milhões de terneiros no Estado.
Por enquanto, segundo especialistas, não há como dimensionar quantitativamente o impacto estadual, mas ele será importante tendo em vista que a região é considerada polo pecuário. Somente em Bagé, anualmente são colocados à venda 5 mil terneiros. O presidente do Núcleo de Terneiros, Edison Paiva Júnior, dá como certo o impacto sobre os negócios, mas acrescenta que ele será variável devido à irregularidade da chuva. "Dependendo da localização das propriedades, o prejuízo será maior ou menor."
A seca atinge hoje as duas fontes de alimentação dos terneiros em amamentação: o leite das vacas, escasso pela dificuldade de alimentação das fêmeas, e o baixo valor nutritivo da pastagem nativa que sobrou, seca e desidratada. De acordo com o criador Joaquim Francisco Mesquita, que faz o ciclo completo em Caçapava do Sul, seus terneiros estão hoje com peso médio 15% abaixo do normal. Com produção de 80 terneiros por safra, Mesquita espera chuva para recuperar parte dos animais até a primavera.
Em propriedades da região e da Fronteira-Oeste, a estratégia é o desmame precoce de animais entre 60 e 90 dias. De acordo com o veterinário do Nespro Pedro Marques, a medida tem duplo propósito: reduzir a demanda energética das vacas, para que elas tenham melhores condições de emprenhar, e recuperar peso de terneiros que, após o desmame, passam a receber ração.
FONTE: CORREIO DO POVO
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