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Nem todos os frigoríficos gaúchos exploram o mercado de produtos exóticos
Crédito: alexandre mendez / cp memória |
Para especialistas, os subprodutos do boi são hoje sinônimo de renda extra para os frigoríficos e podem elevar a margem de lucro das indústrias em até 20%. Basta uma olhadela nos números do Serviço de Informação da Carne (SIC). Um levantamento da entidade mostra que 49 segmentos industriais dependem hoje da pecuária para fabricar seus produtos. Após o abate e a retirada da carne, são aproveitados também o couro, a cauda, os pelos, o sebo, a pata do boi sem o casco, os cascos, os chifres, as vísceras, as mucosas e as glândulas, a bílis, a secreção do fígado que auxilia na digestão, o rúmen, cavidade do estômago duplo do boi, e até as tripas.
Além dos subprodutos comestíveis, há os não comestíveis, tais como couro, sebo, tripas, farinha de carne, ossos e, onde entram os subprodutos considerados exóticos, o pelo da orelha, a cola e o cálculo na vesícula biliar de certos bovinos. Por isso, Pamela Alves, consultora na Área de Bovinocultura da Scott Consultoria, chama a atenção: está enganado o pecuarista que acredita que a composição do preço da arroba é apenas quantificada por carne, couro e sebo. Ela diz que o frigorífico pode aproveitar até 100% do animal e ainda consegue, com isso, uma boa margem de lucro. "Os itens que não alcançam preços interessantes no mercado, como ossos, sangue e órgãos que não são aproveitados, viram farinha para alimentar suínos, frangos e peixes", diz a consultora.
Para o consultor Fernando Velloso, a viabilidade econômica do desmembramento do boi depende de vários fatores, como a eficiência do estabelecimento em preparar os subprodutos e, especialmente, os preços e as margens. "A margem de lucro não tem relação direta com o grau de aproveitamento do bovino, mas sim com a eficiência na gestão do processo como um todo, desde a compra de animais até o custo de produção." Velloso explica que a maioria das indústrias ainda se dedica mais à carne e nem chega a fazer cortes, vende a carcaça somente cortada em dianteiro, traseiro e costilha. Os compradores - açougues, mercados ou revendedores - é que processam o produto para comércio em cortes.
A realidade exposta pelo especialista é reforçada pelo presidente do Sindicato das Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Lauxen. Segundo o dirigente, hoje não há um aproveitamento integral do boi nas indústrias que operam no Estado. Tal prática é adotada especialmente por frigoríficos habilitados para a exportação de carne. Atualmente, segundo Lauxen, o lucro líquido das empresas do segmento não ultrapassa a média de 1,5%, podendo chegar, no máximo, a 3%. "De cada cem animais abatidos, se três forem lucro a empresa está muito bem, mesmo", contabiliza Lauxen. O empresário acrescenta que o couro segue como o principal subproduto não comestível de origem bovina, representando cerca de 7% do peso de um exemplar, ou o equivalente a 32,2 quilos numa carcaça de 460 quilos. FONTE: CORREIO DO POVO |
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