quinta-feira, 29 de março de 2012

Preço mínimo para o boi gordo é polêmico


A proposta de criar um preço mínimo para a arroba do boi gordo gerou polêmica. A demanda foi apresentada pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) ao Ministério da Agricultura (Mapa) para o Plano Agrícola e Pecuário 2012/1013. Enquanto a entidade mato-grossense acredita que a medida trará transparência para a formação de preços, a indústria defende que a demanda não se aplica ao setor.
Conforme a federação, a política de preços seguiria o mesmo modelo do Prêmio para o Escoamento da Produção (Pepro) usado para grãos. Por meio deste instrumento, o governo concede uma subvenção econômica para garantir o valor de referência do produto e reduzir os prejuízos do agricultor.
O estudo, desenvolvido pelo Instituto mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), visa garantir a estabilidade da atividade pecuária. O preço mínimo para o boi gordo seria calculado com base no Custo Operacional Efetivo (COE) do ano anterior para a engorda de gado a pasto. Embora tenha sido formatada com base nos pecuaristas de Mato Grosso, a ideia é que o preço mínimo atenda produtores de todo o país.
Se o instrumento já estivesse em operação, o pecuarista mato-grossense teria como base o valor de R$ 70/@, considerando os custos de 2011. Este piso seria usado como referência para todos os tipos de produção pecuária e seria acionado apenas nas regiões onde efetivamente se identificasse prejuízos aos pecuaristas.
“Esta é uma forma de regulagem do mercado, que será importante para o País”, afirma Rui Prado, presidente da Famato. Segundo Prado, o estabelecimento de um preço mínimo assegura a permanência do pecuarista na atividade e aumenta a transparência na formação de preços da cadeia.
“A margem de lucro dos intermediários será controlada, pois o mercado saberá o valor mínimo pago pela matéria prima”, explica o dirigente, que reconhece a necessidade de definir detalhes do projeto.
Para Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), a medida é louvável, mas inviável. “Isso é subsídio, e quem vai pagar por isso é a população. Não faz sentido e não se aplica ao mercado que sempre se autorregulou”, diz. Ele acrescenta que a reivindicação deve levar outros setores a pedir a procurar a mesma proteção.
“Para estabelecer um preço mínimo é preciso conhecer o sistema de produção para avaliar se será suficiente para cobrir os custos”, afirma Gustavo Aguiar, analista da Scot Consultoria. Aguiar lembra que o mercado do boi gordo tem ciclos longos, diferente da cultura de grãos que é anual. “Será difícil estabelecer o mesmo mecanismo para atividades distintas”, argumenta.
Fonte: Portal DBO

Nenhum comentário: