quarta-feira, 28 de março de 2012

Restam somente 3 milhões de toneladas disponíveis em MT

‘Sobras’ são um grande indicador da velocidade e do apetite do mercado


Demandas interna e externa aquecidas movimentam e sustentam cenário positivo do milho. Resta 30% da safra a fixar
MARIANNA PERES
Da Editoria

Existem somente 3,2 milhões de toneladas de milho disponíveis para a comercialização em Mato Grosso. De uma previsão de safra de quase 11 milhões de toneladas na safra 2012 – recorde estadual –, o volume mostra que mais de 70% do grão que começa a se desenvolver nas lavouras mato-grossenses foi vendido muito antes do plantio. Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) – responsável pelo levantamento –, estas sobras são o menor volume já registrado na série histórica do órgão, iniciada há quatro anos.

A estimativa atual é de que sejam colhidas no Estado 10,78 milhões de toneladas, 54% acima dos 6,99 milhões do ciclo passado, enquanto que a área plantada avançou 38%, de 1,75 milhão de hectares para 2,24 milhões. “Neste mês o volume comprometido já é de 7,61 milhões de toneladas, correspondendo a 70,3% da produção estimada. Considerando que a produção da safra passada, 2010/11, foi de 6,99 milhões de toneladas, o comercializado até o momento supera o produzido na safra anterior!”, exclama o Instituto como mais um recorde da cultura em Mato Grosso. O Estado é o maior produtor nacional de milho segunda safra. A expectativa é de que no início de junho as colheitadeiras sejam acionadas na região médio norte.

A demanda pelo milho mato-grossense ascendeu ainda no terceiro trimestre do ano passado, quando o plantio da soja – cultura que antecede o milho em Mato Grosso – mal tinha sido iniciado. De olho em fatores externos, como a maior utilização de milho para fabricação de etanol nos Estados Unidos – muitos compradores e vendedores se posicionaram mais cedo no mercado e desde setembro do ano passado o cereal já acumulava recordes de vendas antecipadas em volume que tradicionalmente só começariam a ser reportados no Estado a partir de maio e com pico do segundo semestre em diante.

Em julho do ano passado, a comercialização atingiu 66% da produção que não contabilizou 7 milhões de toneladas e já estava sendo colhida. Em setembro do mesmo ano, 45% da produção estava comercializada quatro meses antes do início do cultivo, fato inédito. Como destaca o Imea, volume menor que as sobras atuais – 3,2 milhões de toneladas – só foi visto menor em maio (2010/11), agosto (2009/10) e novembro (2008/09).

“O que sobrou no mercado não é difícil saber, mas ainda não podemos assegurar que esse milho será todo exportado e consequentemente as expectativas de preço para esses 3,2 milhões de toneladas se tornam uma incógnita. Vale a pena ficar de olho no mercado agora, para não ser surpreendido na colheita. Afinal, restam praticamente 30% para serem fixados no mercado”, aconselha o Imea.

DEMANDA - Além de matéria-prima para criação de aves e suínos e bovinos em confinamento dentro do Estado e para atender o Sul do país atingido nesta safra por uma forte estiagem, o milho mato-grossense também segue para outros países, como Arábia, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Irã, Malásia, Marrocos, Peru e Taiwan.

SAFRA – Como a maior parte do plantio do milho segunda safra ocorreu totalmente dentro da janela ideal, no decorrer do mês de fevereiro, o Imea não descarta a possibilidade de que a safra totalize 11 milhões de toneladas. Entretanto, o órgão está atento às previsões meteorológicas para abril nas principais regiões produtoras que até o momento contam com possibilidades de chuvas até 21 do próximo mês. “Essas chuvas serão de pequenos volumes e constantes, com médias de 4,6 mm, 5,5 mm, 3,9 mm, 4,1 mm e 5,5 mm, respectivamente, ficando, no período de 23 de março a 21 de abril, poucos dias sem chuva”, o que será decisivo para se saber o tamanho do recorde desta safra mato-grossense. 



FONTE: DIÁRIO DE CUIABÁ

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