Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul existem cerca de mil animais
A falta de interesse de produtores e a pouca disponibilidade de pesquisa sobre a genética da raça pode fazer com que diminua o rebanho em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul nos próximos anos. A pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Pantanal, Raquel Soares Juliano, explica que a criação da espécie não tem atraído produtores porque a genética do gado pantaneiro ainda não foi melhorada. "O rebanho ainda é pequeno. O boi pantaneiro é como uma pedra bruta que precisa ser trabalhada". Como a raça não sofreu qualquer processo de seleção ou melhoramento genético por parte dos usuários, foi substituída e miscigenada por raças especializadas. Esses animais foram estigmatizados como pouco produtivos.
Para isso, a Embrapa Pantanal iniciou, há 20 anos, uma pesquisa que visa conservar o patrimônio genético do gado, também conhecido como tucura. A intenção também é lutar pelo reconhecimento da raça pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os pesquisadores querem, até 2013, organizar os criadores do boi pantaneiro e orientar o manejo correto dos animais para que ocorra crescimento do rebanho. "Queremos evitar o que ocorreu com a raça junqueira, do interior de São Paulo, que desapareceu por falta de interesse dos produtores e pesquisadores", diz Raquel.
A raça é uma das mais antigas da região e mais adaptadas ao tipo de clima e relevo. Atualmente, somam cerca de mil bois pantaneiros, considerando os animais criados por oito produtores de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Desses, cerca de 500 são monitorados pela Embrapa. O número representa 3% do rebanho mato-grossense, que é de aproximadamente 29 milhões de cabeças, o maior do país.
Paulo Moura, um dos primeiros criadores do gado pantaneiro do Brasil, iniciou na atividade há pelo menos 15 anos. Atualmente cria aproximadamente 300 animais. Desde então, vem participando da luta para o resgate da genética do boi pantaneiro. Ele conta que o trabalho tem cunho científico e histórico.
Um dos principais diferenciais do tucura é justamente a resistência por conseguir pastar em áreas inundadas. Moura afirma que o boi pantaneiro chama a atenção por ser um animal rústico, resistente e totalmente adaptado ao tipo de bioma em que vive. "Ele tem uma capacidade pulmonar muito grande com a frente larga e enormes chifres que servem como defesa contra animais selvagens. Além disso consegue andar enormes distâncias e vencer a vegetação típica do Pantanal".
Outra característica relevante é a precocidade sexual do animal. "O boi pantaneiro está pronto para reproduzir com 16 meses, já o Nelore tem que ter entre 24 e 30 meses". Entre as duas raças, a diferença mais visível é o cupim - o boi pantaneiro não o tem.
Pesquisa
Para isso, a Embrapa Pantanal iniciou, há 20 anos, uma pesquisa que visa conservar o patrimônio genético do gado, também conhecido como tucura. A intenção também é lutar pelo reconhecimento da raça pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os pesquisadores querem, até 2013, organizar os criadores do boi pantaneiro e orientar o manejo correto dos animais para que ocorra crescimento do rebanho. "Queremos evitar o que ocorreu com a raça junqueira, do interior de São Paulo, que desapareceu por falta de interesse dos produtores e pesquisadores", diz Raquel.
A raça é uma das mais antigas da região e mais adaptadas ao tipo de clima e relevo. Atualmente, somam cerca de mil bois pantaneiros, considerando os animais criados por oito produtores de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Desses, cerca de 500 são monitorados pela Embrapa. O número representa 3% do rebanho mato-grossense, que é de aproximadamente 29 milhões de cabeças, o maior do país.
Paulo Moura, um dos primeiros criadores do gado pantaneiro do Brasil, iniciou na atividade há pelo menos 15 anos. Atualmente cria aproximadamente 300 animais. Desde então, vem participando da luta para o resgate da genética do boi pantaneiro. Ele conta que o trabalho tem cunho científico e histórico.
Um dos principais diferenciais do tucura é justamente a resistência por conseguir pastar em áreas inundadas. Moura afirma que o boi pantaneiro chama a atenção por ser um animal rústico, resistente e totalmente adaptado ao tipo de bioma em que vive. "Ele tem uma capacidade pulmonar muito grande com a frente larga e enormes chifres que servem como defesa contra animais selvagens. Além disso consegue andar enormes distâncias e vencer a vegetação típica do Pantanal".
Outra característica relevante é a precocidade sexual do animal. "O boi pantaneiro está pronto para reproduzir com 16 meses, já o Nelore tem que ter entre 24 e 30 meses". Entre as duas raças, a diferença mais visível é o cupim - o boi pantaneiro não o tem.
Pesquisa
Pesquisadores do Pantanal estão tentando conservar o patrimônio genético do boi pantaneiro. Para evitar o desaparecimento da raça, que é um dos símbolos do Pantanal, a Embrapa iniciou a retirada do DNA desse animal para investigar o grau genético do boi pantaneiro em comparação com seus ancestrais: o boi espanhol e português.
Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foram criados dois núcleos de conservação dessas espécies, ambos com aproximadamente 300 indivíduos. Um está localizado no município de Poconé, na fazenda Promissão, e o outro em Corumbá (MS). A Embrapa Pantanal, em parceria com outros centros de pesquisa e com as universidades Federal de Goiás e de Mato Grosso, dedica-se, desde 1984, ao estudo das características genéticas, produtivas, reprodutivas e sanitárias dos bois pantaneiros.
"Recentemente uma fazenda em Mato Grosso do Sul iniciou o processo de reprodução in vitro da raça tucura", diz a pesquisadora da Embrapa Pantanal, Raquel Soares. Ela conta que para aumentar o tamanho do rebanho é preciso, a curto prazo, incentivar a exploração turística do animal. "É necessário mostrar que a raça existe e quem tem sua qualidade, seja também para o turismo culinário. Com o aumento do rebanho e do número de produtores é possível pensar no abate do boi pantaneiro em escala comercial". Raquel acrescenta que a genética da raça tucura pode ser usada no cruzamento com o Nelore, para oferecer, por exemplo, maior resistência ao rebanho. "O importante é conservar a genética para termos variedades", finaliza.
Pantaneiro, Curraleiro e Nelore
Assim como boi pantaneiro, a raça curraleiro, de Goiás, também está sofrendo com a falta de interesse de produtores. Cientes que a melhor maneira de promover a conservação das raças bovinas locais é viabilizar o seu uso em sistemas produtivos, pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos em parceria com a Universidade Federal de Goiás e colaboração da Embrapa Pantanal, investigaram a qualidade da carne dessas duas raças naturalizadas. Foram comparados, proporcionalmente ao padrão morfológico, o desempenho, qualidade de carcaça e carne de três raças bovinas (Curraleiro, Nelore e Pantaneiro) em sistema de confinamento para etapas de terminação até o abate, utilizando animais com dois anos de idade.
Comparações
Os animais apresentaram maturação fisiológica semelhante. Os resultados preliminares revelaram que a cobertura de gordura foi semelhante entre os grupos e ocorreu em tempo menor nas raças naturalizadas, que possuem menor proporção de osso na carcaça e maior proporção de carne que a raça Nelore. Não houve diferença estatística entre textura, marmoreio, maciez e palatabilidade. Entretanto, o Pantaneiro apresentou maior suculência que o Nelore. O Curraleiro foi semelhante a ambos.
Animais da raça Nelore apresentaram maiores pesos absolutos nas medidas de carne de traseiro, dianteiro e demais cortes comerciais. Entretanto, quando é feita a correção para a proporção em relação ao peso, alguns cortes especiais do Curraleiro e do Pantaneiro, como filé mignon, picanha, maminha e patinho, se tornaram semelhantes aos obtidos com o Nelore. A pesquisa mostra que apesar de não ter sofrido qualquer processo de melhoramento genético para características produtivas, as raças naturalizadas apresentam potencial semelhante ao que ocorreu com as demais raças bovinas comerciais.
Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foram criados dois núcleos de conservação dessas espécies, ambos com aproximadamente 300 indivíduos. Um está localizado no município de Poconé, na fazenda Promissão, e o outro em Corumbá (MS). A Embrapa Pantanal, em parceria com outros centros de pesquisa e com as universidades Federal de Goiás e de Mato Grosso, dedica-se, desde 1984, ao estudo das características genéticas, produtivas, reprodutivas e sanitárias dos bois pantaneiros.
"Recentemente uma fazenda em Mato Grosso do Sul iniciou o processo de reprodução in vitro da raça tucura", diz a pesquisadora da Embrapa Pantanal, Raquel Soares. Ela conta que para aumentar o tamanho do rebanho é preciso, a curto prazo, incentivar a exploração turística do animal. "É necessário mostrar que a raça existe e quem tem sua qualidade, seja também para o turismo culinário. Com o aumento do rebanho e do número de produtores é possível pensar no abate do boi pantaneiro em escala comercial". Raquel acrescenta que a genética da raça tucura pode ser usada no cruzamento com o Nelore, para oferecer, por exemplo, maior resistência ao rebanho. "O importante é conservar a genética para termos variedades", finaliza.
Pantaneiro, Curraleiro e Nelore
Assim como boi pantaneiro, a raça curraleiro, de Goiás, também está sofrendo com a falta de interesse de produtores. Cientes que a melhor maneira de promover a conservação das raças bovinas locais é viabilizar o seu uso em sistemas produtivos, pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos em parceria com a Universidade Federal de Goiás e colaboração da Embrapa Pantanal, investigaram a qualidade da carne dessas duas raças naturalizadas. Foram comparados, proporcionalmente ao padrão morfológico, o desempenho, qualidade de carcaça e carne de três raças bovinas (Curraleiro, Nelore e Pantaneiro) em sistema de confinamento para etapas de terminação até o abate, utilizando animais com dois anos de idade.
Comparações
Os animais apresentaram maturação fisiológica semelhante. Os resultados preliminares revelaram que a cobertura de gordura foi semelhante entre os grupos e ocorreu em tempo menor nas raças naturalizadas, que possuem menor proporção de osso na carcaça e maior proporção de carne que a raça Nelore. Não houve diferença estatística entre textura, marmoreio, maciez e palatabilidade. Entretanto, o Pantaneiro apresentou maior suculência que o Nelore. O Curraleiro foi semelhante a ambos.
Animais da raça Nelore apresentaram maiores pesos absolutos nas medidas de carne de traseiro, dianteiro e demais cortes comerciais. Entretanto, quando é feita a correção para a proporção em relação ao peso, alguns cortes especiais do Curraleiro e do Pantaneiro, como filé mignon, picanha, maminha e patinho, se tornaram semelhantes aos obtidos com o Nelore. A pesquisa mostra que apesar de não ter sofrido qualquer processo de melhoramento genético para características produtivas, as raças naturalizadas apresentam potencial semelhante ao que ocorreu com as demais raças bovinas comerciais.
História
De acordo com as pesquisas, a pecuária pantaneira, iniciada em meados do século XVIII, apresentou dois períodos distintos em relação ao tipo de bovino utilizado. No primeiro, do período colonial até o início do século XX, predominava o gado pantaneiro, também denominado tucura ou boi Cuiabano, constituído de animais remanescentes de raças ibéricas (Bos taurus) transferidas para o Brasil pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Posteriormente, após centenas de anos sob seleção natural, estes animais tiveram o seu tamanho adulto reduzido, com perdas de características frigoríficas em função do processo de adaptação às rústicas condições ambientais de seca, especialmente nos períodos de junho a setembro, e de inundação, de dezembro a maio.
O segundo período inicia-se com a substituição gradativa do gado pantaneiro pelo zebuíno (Bos indicus), originário da Índia, introduzido na região a partir do início do século XX. Atualmente, o rebanho bovino criado na região é predominantemente zebuíno, com acentuada influência da raça Nelore, estimada aproximadamente em três milhões de cabeças.
Os primeiros fazendeiros que chegaram ao Pantanal encontraram os bovinos pantaneiros em grandes rebanhos e ariscos e passaram a criá-los em condições quase que exclusivamente naturais, constituindo a base da economia da região pantaneira, atingindo milhões de cabeças no início do século XX. No entanto, no final do século XIX, os criadores começaram um movimento para a melhoria do gado, por meio de cruzamentos com outras raças, especialmente zebuínas. A superioridade dos descendentes observada em relação aos pais foi devida à manifestação da heterose ou vigor híbrido, nas primeiras e segundas gerações de cruzamentos. Geralmente, estes efeitos foram perdidos ao longo do tempo, e o crioulo foi sendo absorvido pelo zebu, sem um plano sistemático de melhoramento, o que ocasionou a degeneração do mestiço resultante, dificultado a sua comercialização.
O boi pantaneiro chegou à região há mais de 300 anos, junto com os colonizadores ibéricos. Durante esse tempo, a raça foi se adaptando ao complexo ambiente pantaneiro, que tem longos períodos de seca e de cheia. Isso acontece porque suas patas e seus cascos são mais resistentes à água. Uma ajuda e tanto no Pantanal, onde fazendas podem ficar submersas por até seis meses. "Ele ficou na natureza e adquiriu características próprias", diz o produtor Paulo Moura. O boi pantaneiro tem a mesma origem do gado lageano, de Santa Catarina, do curraleiro, de Goiás.
De acordo com as pesquisas, a pecuária pantaneira, iniciada em meados do século XVIII, apresentou dois períodos distintos em relação ao tipo de bovino utilizado. No primeiro, do período colonial até o início do século XX, predominava o gado pantaneiro, também denominado tucura ou boi Cuiabano, constituído de animais remanescentes de raças ibéricas (Bos taurus) transferidas para o Brasil pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Posteriormente, após centenas de anos sob seleção natural, estes animais tiveram o seu tamanho adulto reduzido, com perdas de características frigoríficas em função do processo de adaptação às rústicas condições ambientais de seca, especialmente nos períodos de junho a setembro, e de inundação, de dezembro a maio.
O segundo período inicia-se com a substituição gradativa do gado pantaneiro pelo zebuíno (Bos indicus), originário da Índia, introduzido na região a partir do início do século XX. Atualmente, o rebanho bovino criado na região é predominantemente zebuíno, com acentuada influência da raça Nelore, estimada aproximadamente em três milhões de cabeças.
Os primeiros fazendeiros que chegaram ao Pantanal encontraram os bovinos pantaneiros em grandes rebanhos e ariscos e passaram a criá-los em condições quase que exclusivamente naturais, constituindo a base da economia da região pantaneira, atingindo milhões de cabeças no início do século XX. No entanto, no final do século XIX, os criadores começaram um movimento para a melhoria do gado, por meio de cruzamentos com outras raças, especialmente zebuínas. A superioridade dos descendentes observada em relação aos pais foi devida à manifestação da heterose ou vigor híbrido, nas primeiras e segundas gerações de cruzamentos. Geralmente, estes efeitos foram perdidos ao longo do tempo, e o crioulo foi sendo absorvido pelo zebu, sem um plano sistemático de melhoramento, o que ocasionou a degeneração do mestiço resultante, dificultado a sua comercialização.
O boi pantaneiro chegou à região há mais de 300 anos, junto com os colonizadores ibéricos. Durante esse tempo, a raça foi se adaptando ao complexo ambiente pantaneiro, que tem longos períodos de seca e de cheia. Isso acontece porque suas patas e seus cascos são mais resistentes à água. Uma ajuda e tanto no Pantanal, onde fazendas podem ficar submersas por até seis meses. "Ele ficou na natureza e adquiriu características próprias", diz o produtor Paulo Moura. O boi pantaneiro tem a mesma origem do gado lageano, de Santa Catarina, do curraleiro, de Goiás.
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