domingo, 1 de abril de 2012

Temporada de demanda aquecida


A temporada de venda de terneiros de outono começa embalada pela escassez de oferta de gado para reposição no mercado gaúcho, o que reforça a confiança geral em bons negócios. Exportação de animais vivos, crescimento de embarques para outros estados devido à dificuldade de fornecimento pelo Brasil Central, afetado por uma drástica seca, e a redução de áreas com grãos no Rio Grande do Sul estão entre os fatores para a estimativa de intensa procura por terneiros, terneiras e vaquilhonas até o fim do certame. A oferta reduzida nas expofeiras pela estiagem que afetou o desenvolvimento do rebanho estadual também tende a impulsionar os preços. E, segundo o setor, esse recuo nas pistas não irá interferir no total de exemplares comercializados, pois os investidores disputarão também os terneiros mais leves diretamente nas fazendas. Em 2011, foram vendidos 65.271 animais nas três categorias.

De acordo com o presidente da Comissão de Exposições e Feiras da Farsul, Francisco Schardong, a procura nas propriedades já se evidencia e há dificuldade de recrutar animais para os remates. Com o mercado aquecido, o quilo vivo dos machos está sendo vendido a R$ 4,00 antes mesmo dos negócios engrenarem. "O gado de reposição está vivendo um bom momento comercial, o que está pintando é um recuo de oferta nas exposições e preços mais altos." Os leiloeiros também estão otimistas. No cenário traçado pelo presidente do Sindiler, Jarbas Knorr, o preço médio dos machos pode oscilar entre R$ 4,30 e R$ 4,50 nas feiras contra os R$ 3,99 de 2011. "É a lei da oferta e da procura."

Para minimizar o impacto na oferta das exposições oficiais, que apresentam como diferencial crédito público com juros abaixo do mercado, a Seapa baixou em 20 kg o peso mínimo exigido para a participação. Segundo o chefe de Exposições e Feiras da Seapa, Honório Franco, a medida resguarda também a qualidade diferenciada dos lotes. Ele acredita que o mesmo procedimento terá de ser adotado nas exposições de primavera, já que estão previstos efeitos da estiagem até 2013. O corte pegará basicamente animais desmamados de forma antecipada em janeiro e fevereiro, ao invés de março e abril, com até 40 kg a menos. A estratégia objetivava preservar a fêmea e garantir que a terneirada continuasse a crescer. Mas a falta de pastagem comprometeu o desenvolvimento. Para o coordenador do Nespro/Ufrgs, Júlio Barcellos, contudo, isso não será problema para os investidores. "Além de pagar valor absoluto mais baixo, eles poderão compensar o atraso do crescimento com uma boa alimentação de inverno."

Nenhum comentário: