quinta-feira, 24 de maio de 2012

Concentração frigorífica na mira de órgãos regulatórios

Aquisições feitas por Marfrig e JBS estão sob análise do Cade e o SDE pode abrir investigação caso se comprovem condutas anticoncorrenciais
Mônica Costa 
Representantes dos maiores frigoríficos do País serão notificados pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Fazenda, para explicar a estratégia de aquisição de novas plantas frigoríficas. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira, 24, pelo secretário de Direito Econômico, do Ministério da Justiça, Vinicius Carvalho, durante audiência com a bancada federal do Mato Grosso do Sul e representantes dos produtores em Brasília, DF.
Segundo a Secretaria de Defesa Economia (SDE), aquisições feitas pelo JBS S.A e pelo Grupo Marfrig em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Acre, Pará, entre outros estados, estão sob análise do Cade. Nesta sexta-feira, 25, haverá uma reunião entre o secretário 
Carvalho e os conselheiros relatores desses processos.
No próximo dia 13 de junho, o encontro envolverá também os representantes de frigoríficos em uma audiência na secretaria de Direitos Econômicos para avaliar o impacto dessas ações.

SDE também vai realizar uma análise setorial do mercado para apurar se não há, de fato, uma estratégia de fechamento e dominação, com abuso, do mercado de frigoríficos. Caso essa análise setorial demonstre que há indícios de condutas anticoncorrenciais, poderá resultar na abertura de investigações.

Segundo a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul),três grandes frigorificos são responsáveis por 70% dos abates do Estado.  Levantamento realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) 68% da capacidade de abate do Estado  está nas mãos de três grandes frigoríficos. Em Goiás,de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faeg)  os três maiores frigoríficos do país são responsáveis por 74% da capacidade de abate dos frigoríficos sob inspeção federal.
Um movimento nacional contra a concentração dos frigoríficos entitulado " Carta de Campo Grande" foi deflagrado no dia 14 de maio em Mato Grosso do Sul, pelas principais entidades representantes da cadeia pecuária no Brasil. Nesta sexta-feira, 25, o movimento será debatido em Goiânia, GO, e no próximo dia 8 de junho em Cuiabá,MT.
Pecuaristas acusam JBS
A JBS é acusada por produtores rurais de concentrar grande parte da atividade frigorífica no País numa atuação que é definida como prejudicial aos produtores rurais. De acordo com a denúncia apresentado ao representante da SDE, o grupo JBS domina hoje cerca de 50% do setor frigorífico em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia, atingindo 90% no Acre. “A empresa chega a comprar ou arrendar frigoríficos menores apenas para fechá-los, caracterizando grave ameaça à livre concorrência, com prejuízos sociais e econômicos de grande monta”, afirma Gil Reis, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Boi em Pé (Abeg).
Durante evento em São Paulo, realizado esta semana, o
 presidente da divisão de carnes da JBS Mercosul, Renato Mauro Costa, rebateu as críticas de que a empresa monopoliza o mercado de carne bovina. De acordo com Costa a participação da JBS nos abates em Mato Grosso é de 35%, enquanto que em Goiás e Mato Grosso do Sul esse porcentual é de 20%.
O executivo da JBS também negou acusação de pecuaristas de que o grupo estaria investindo em frigoríficos menores, para comprá-los e fechá-los, concentrando ainda mais o abate nas 35 plantas do grupo. “Todos os negócios que fizemos neste ano estão operando com pelo menos 85% da capacidade instalada”, afirmou.
A multinacional criou, recentemente, a diretoria de relações com o pecuarista, sob o comando de Eduardo Pedroso.
Fonte: Portal DBO com informações A.I Acrissul

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