Roberto Samora e Jeferson Ribeiro
SÃO PAULO/BRASÍLIA - A greve dos caminhoneiros que bloqueou algumas rodovias do país e já ameaçava setores da produção agrícola e industrial foi suspensa após o governo entrar em acordo com os representantes da categoria na noite desta terça-feira após horas de negociação.
O desbloqueio das estradas, contudo, ainda deve durar algumas horas porque os caminhoneiros devem se desmobilizar aos poucos por uma questão de segurança, segundo o presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Nélio Botelho.
"O desbloqueio será gradativo e deve durar até amanhã de manhã (quarta-feira)", disse Botelho no fim da reunião com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, que comandou as negociações pelo governo.
Os caminhoneiros em greve reivindicavam, entre outras coisas, um prazo maior de um ano, e não de 45 dias, para a aplicação da Lei do Motorista, que vai aumentar o controle sobre a jornada de trabalho da categoria.
O acordo fechado entre o governo e os representantes dos caminhoneiros nesta terça-feira (31-07) prevê a constituição de uma mesa de negociações que debaterá as reivindicações por 30 dias a partir de 8 de agosto.
Nesse prazo, também ficou acertado que os caminhoneiros não serão multados por descumprir as novas regras de jornada de trabalho estabelecidas pela lei aprovada neste ano.
O ministro defendeu a polêmica nova regra que prevê um descanso de 11 horas entre uma jornada e outra de trabalho, mas disse que esse tema também será debatido na mesa de negociação.
"Nós devemos, e uma mesa de negociação tem esse propósito, estar abertos a discutir todos os temas que sejam pertinentes e afetem a categoria", disse Passos a jornalistas após a reunião.
Botelho afirmou que a lei é muito complexa, mas não quis antecipar qual proposta a categoria defenderá. Ele levantou a hipótese de haver uma regra para caminhoneiros de longas distâncias e outra para profissionais que trabalham em áreas urbanas ou fazem entregas em curtas distâncias.
PROBLEMAS
Mais cedo, a União Brasileira de Avicultura (Ubabef) afirmou que o abastecimento de ração para criação de frangos e também o transporte de animais vivos foram prejudicados. O abastecimento de outros produtos agropecuários também esteve ameaçado.
Os caminhoneiros fizeram manifestações e bloqueios desde domingo na rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo, mas outros Estados também registraram protestos nesta terça-feira.
"Empresas associadas já relataram problemas com o abastecimento de ração para a criação de frangos, com a retenção de centenas de caminhões devido aos bloqueios", afirmou a Ubabef em nota. "Um descompasso nesse fornecimento é extremamente prejudicial para a produção de uma importante proteína animal."
O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. A carne de frango também é a mais consumida no país, com um consumo per capita de 47,7 quilos por habitante ao ano, segundo dados do setor.
"Outro problema grave diz respeito a animais vivos, já que a produção avícola também depende do transporte de pintos de um dia para as regiões produtoras e, posteriormente, de aves vivas para as agroindústrias', afirmou a Ubabef.
Mas não somente setores com bens perecíveis foram prejudicados. A indústria de carros também foi atingida, com algumas entregas sendo suspensas, informou o Sindicato Nacional dos Cegonheiros por meio de sua assessoria de imprensa.
Já o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) informou que as atividades ocorriam dentro da normalidade, "com dificuldades pontuais no atendimento a clientes localizados em regiões que dependem do trânsito em vias bloqueadas."
Nesses casos, as empresas do Sindicom estavam "buscando rotas alternativas para o abastecimento."
As regiões mais afetadas pelos bloqueios nesta terça-feira estavam no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, segundo a União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), mas desde o início da paralisação os caminhoneiros fizeram manifestações no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Bahia.
Nesta terça-feira, de acordo com a Unicam, foram registrados protestos na BR-101, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no oeste do Paraná, além de paralisações na Dutra, na altura de Barra Mansa, Piraí e Resende, e no Espírito Santo, na cidade de Iconha.
REGRA NOVA
O protesto dos caminhoneiros, iniciado na quarta-feira da semana passada, tem entre outras motivações a nova regra que exige um intervalo de descanso mínimo de 11 horas a cada 24 horas.
Segundo o setor, há poucas áreas de descanso nas principais rodovias, o que inviabiliza o cumprimento da regra. Além disso, a medida também reduzirá o rendimento dos caminhoneiros.
Durante a mobilização, caminhoneiros que tentaram furar o bloqueio foram ameaçados e alguns veículos foram até apedrejados.
(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro, e de Eduardo Simões, em São Paulo)
SÃO PAULO/BRASÍLIA - A greve dos caminhoneiros que bloqueou algumas rodovias do país e já ameaçava setores da produção agrícola e industrial foi suspensa após o governo entrar em acordo com os representantes da categoria na noite desta terça-feira após horas de negociação.
O desbloqueio das estradas, contudo, ainda deve durar algumas horas porque os caminhoneiros devem se desmobilizar aos poucos por uma questão de segurança, segundo o presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Nélio Botelho.
"O desbloqueio será gradativo e deve durar até amanhã de manhã (quarta-feira)", disse Botelho no fim da reunião com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, que comandou as negociações pelo governo.
Os caminhoneiros em greve reivindicavam, entre outras coisas, um prazo maior de um ano, e não de 45 dias, para a aplicação da Lei do Motorista, que vai aumentar o controle sobre a jornada de trabalho da categoria.
O acordo fechado entre o governo e os representantes dos caminhoneiros nesta terça-feira (31-07) prevê a constituição de uma mesa de negociações que debaterá as reivindicações por 30 dias a partir de 8 de agosto.
Nesse prazo, também ficou acertado que os caminhoneiros não serão multados por descumprir as novas regras de jornada de trabalho estabelecidas pela lei aprovada neste ano.
O ministro defendeu a polêmica nova regra que prevê um descanso de 11 horas entre uma jornada e outra de trabalho, mas disse que esse tema também será debatido na mesa de negociação.
"Nós devemos, e uma mesa de negociação tem esse propósito, estar abertos a discutir todos os temas que sejam pertinentes e afetem a categoria", disse Passos a jornalistas após a reunião.
Botelho afirmou que a lei é muito complexa, mas não quis antecipar qual proposta a categoria defenderá. Ele levantou a hipótese de haver uma regra para caminhoneiros de longas distâncias e outra para profissionais que trabalham em áreas urbanas ou fazem entregas em curtas distâncias.
PROBLEMAS
Mais cedo, a União Brasileira de Avicultura (Ubabef) afirmou que o abastecimento de ração para criação de frangos e também o transporte de animais vivos foram prejudicados. O abastecimento de outros produtos agropecuários também esteve ameaçado.
Os caminhoneiros fizeram manifestações e bloqueios desde domingo na rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo, mas outros Estados também registraram protestos nesta terça-feira.
"Empresas associadas já relataram problemas com o abastecimento de ração para a criação de frangos, com a retenção de centenas de caminhões devido aos bloqueios", afirmou a Ubabef em nota. "Um descompasso nesse fornecimento é extremamente prejudicial para a produção de uma importante proteína animal."
O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. A carne de frango também é a mais consumida no país, com um consumo per capita de 47,7 quilos por habitante ao ano, segundo dados do setor.
"Outro problema grave diz respeito a animais vivos, já que a produção avícola também depende do transporte de pintos de um dia para as regiões produtoras e, posteriormente, de aves vivas para as agroindústrias', afirmou a Ubabef.
Mas não somente setores com bens perecíveis foram prejudicados. A indústria de carros também foi atingida, com algumas entregas sendo suspensas, informou o Sindicato Nacional dos Cegonheiros por meio de sua assessoria de imprensa.
Já o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) informou que as atividades ocorriam dentro da normalidade, "com dificuldades pontuais no atendimento a clientes localizados em regiões que dependem do trânsito em vias bloqueadas."
Nesses casos, as empresas do Sindicom estavam "buscando rotas alternativas para o abastecimento."
As regiões mais afetadas pelos bloqueios nesta terça-feira estavam no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, segundo a União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), mas desde o início da paralisação os caminhoneiros fizeram manifestações no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Bahia.
Nesta terça-feira, de acordo com a Unicam, foram registrados protestos na BR-101, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no oeste do Paraná, além de paralisações na Dutra, na altura de Barra Mansa, Piraí e Resende, e no Espírito Santo, na cidade de Iconha.
REGRA NOVA
O protesto dos caminhoneiros, iniciado na quarta-feira da semana passada, tem entre outras motivações a nova regra que exige um intervalo de descanso mínimo de 11 horas a cada 24 horas.
Segundo o setor, há poucas áreas de descanso nas principais rodovias, o que inviabiliza o cumprimento da regra. Além disso, a medida também reduzirá o rendimento dos caminhoneiros.
Durante a mobilização, caminhoneiros que tentaram furar o bloqueio foram ameaçados e alguns veículos foram até apedrejados.
(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro, e de Eduardo Simões, em São Paulo)
Agência Brasil
Reuters
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