sábado, 13 de outubro de 2012

Crise da carne pode estourar: Preços do boi, do frango e do porco estão mais altos e devem subir mais


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Com milho mais caro, aumento das demandas internacionais e doméstica, seca nos pastos e pouco gado confinado disponível, o consumidor brasileiro pode preparar o bolso, pois deve pagar ainda mais pelas carnes bovinas, suínas e de frango até o final de 2012. "O pernil das festas típicas de fim de ano vai ficar mais caro", diz o diretor-executivo da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Fabiano Coser.

Segundo ele, o milho, ração básica dos animais, está muito caro e impacta no preço final da carne suína. Há apostas que o quilo chegue a R$ 4 para o produtor mineiro. Atualmente, o valor pago é de R$ 3,60 em Belo Horizonte. Assim, na ponta do consumo, os preços também vão subir, já que a oferta é pouca também em função do aumento das exportações.

A questão do milho ainda recai sobre o frango, que já subiu de preço 12% em um ano. O presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, diz que o governo vai montar uma força-tarefa para monitorar a crise enfrentada pelo setor avícola, provocada pela alta dos custos dos insumos (milho e farelo de soja). O problema pode se agravar, já que a previsão do IBGE é que a área plantada de milho recue de 4% a 6,8% na próxima safra. Em setembro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPCS) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aves e ovos registraram alta de 4,9% em Belo Horizonte.

A carne bovina também está em mau momento, principalmente em função da estiagem, que secou os pastos nas principais regiões produtoras do país. De acordo com o IPCS/FVG, em setembro, a carne bovina teve alta de 6,07% na capital mineira.

Segundo o coordenador de bovinocultura da Emater, José Alberto de Ávila Pires, o boi confinado pode abastecer o mercado só por mais 30 dias. "É possível que possa faltar boi ainda neste ano", diz.

"Hoje, todos os indicativos são de alta no preço. O consumidor neste final de ano deve pagar mais do que normalmente já paga nesta época, que é marcada por aumento nos valores em razão do crescimento da demanda", observa.

Ele ressalta que, diferente de outros anos, o aumento das carnes em 2012 está sendo fruto de uma séria crise de abastecimento de grãos, em especial, do milho, que é utilizado para alimentar aves, suínos e bovinos em confinamento. As exigências de produção, impostas pelo mercado internacional, também impactaram, já que espantaram vários pequenos produtores, incapazes de arcar com os custos da rastreabilidade do gado.
Peixes. E até mesmo os peixes não ficaram de fora dos aumentos. Os pescados frescos registraram incremento de 3,23% no preço e as carnes e peixes industrializados, 2,99% em setembro. O cenário é bem diferente do verificado em igual mês do ano passado, quando os pescados frescos registraram recuo de 4,06%. As carnes e peixes industrializados seguiram a tendência e tiveram, na época, queda de 0,99%.
AVES
Setor pode parar por falta de ração
São paulo. As agroindústrias podem parar em dezembro deste ano por falta de ração e de frango para abater, segundo o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra. O dirigente se reuniu nesta semana com o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Fernando Pimentel, para apresentar uma série de pleitos do setor.

Turra afirmou que o ministro se mostrou disposto a criar uma força-tarefa no governo para monitorar a crise enfrentada pelo setor avícola, provocada pela alta dos insumos. O presidente da Ubabef explicou que muitas questões extrapolam a alçada do Ministério da Agricultura e que até mesmo a remoção de milho do Centro-Oeste para as regiões consumidoras se tornou um tema de governo.
SUÍNO
Produtores esperam remuneração maior
A carne suína deve continuar subindo até o final deste ano, conforme o presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), João Bosco Martins de Abreu. "Final de ano é marcado pela alta no preço do produto, pois o consumo aumenta", observa. Ele afirma que o produtor está começando a "entrar numa fase de remuneração do produto", que está em R$ 3,60 (quilo vivo), em Belo Horizonte. "A tendência é que suba um pouco mais", diz, sem apostar em percentuais.

O vice-presidente da Asemg e também produtor José Arnaldo Cardoso Penna aposta que os produtores devem receber mais pelo quilo do suíno ainda em 2012. O motivo da alta, conforme ele, é a menor disponibilidade de suínos para o abate, desestimulado pelos insumos caros.

O produtor Fernando César Soares afirma que os reajustes nos preços devem continuar em 2012. E para 2013, os custos devem se estabilizar, porém num patamar alto, fruto da elevação do preço do milho neste ano.

A tendência, conforme o também produtor Altair Alípio de Oliveira, hoje é de alta nos preços. Ele estima que o valor pago ao produtor varie de R$ 3,50 a R$ 3,60 em outubro.

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