Com décadas de mercado, a rede Bergamini tem produção própria de carne bovina há mais de 30 anos, e com isso, é capaz de vender seus produtos com preços menores, além de ter suas lojas sempre bem abastecidas. Mas, será que essa prática pode dar certo em qualquer empresa?
A família Bergamini já produzia gado de corte há quase 100 anos e, na década de 70, seus herdeiros resolveram abrir supermercados. 10 anos depois, eles resolveram unir os dois negócios e passaram a abastecer suas lojas com as carnes que produziam. Agora, 90% de toda carne vermelha que vendem nas duas unidades da rede é produzida por eles, que complementam o estoque com carnes de frigoríficos, para dar mais opções para os seus clientes.
Por terem abastecimento próprio, as lojas recebem a carne apenas 24h depois do abatimento dos animais. Com isso, eles oferecem carnes mais frescas e conseguem controlar melhor o estoque. Egidio Gouveia, gerente de compras do Bergamini, diz que “O fato de acompanharmos todo o processo de produção da carne, desde a criação do boi, abatimento, desossa, corte e embalagem, nos assegura um produto de boa qualidade e com garantia de origem”. Além disso, o custo é reduzido entre 10% e 15%, e as entregas são mais organizadas, pois tudo é controlado pela família.
Hoje, a rede vende mais de 14 mil quilos de carne bovina por mês, e tem alcançado um aumento de mais de 5% ao ano. Segundo Alcides Torres, diretor e analista da Scot – consultoria de agronegócios, a Bergamini alcançou o sucesso devido à experiência que tem no segmento de agropecuária e por já ter começado com uma estrutura para essa finalidade (a fazenda da família possui mais de 11 mil cabeças de gado da raça Nelore).
E por esse motivo mesmo, o especialista em varejo Marco Quintarelli, do Grupo Azo, diz que produzir a própria carne bovina não compensa para qualquer supermercado: “Investir na produção de gado de corte só é indicado para varejistas que querem diversificar sua área de atuação ou caso a demanda de carne bovina nas lojas seja alta o suficiente para compensar o investimento”.
De qualquer forma, se você estiver pensando em começar um negócio desse tipo, a dica éplanejar bem, já que vai exigir bastante trabalho, gastos e licenças. O ideal é inicialmente, criar o gado de corte de forma independente, sem pensar na rede de varejo. Depois de iniciar vendendo para outros frigoríficos, aí se pode pensar no abastecimento próprio. Dessa forma, você consegue alcançar uma escala de fornecimento, e evita que o negócio seja destruído pelos altos custos da produção.
Para controlar melhor os custos, a família Bergamini não reproduz o gado, mas trabalha apenas com animais para engorda, gastando praticamente só com a alimentação. Segundo Torres, da Scot Consultoria, isso garante maiores lucros, pois no período de engorda, todo alimento consumido pelos animais é transformado em carne e gordura, o que aumenta a qualidade do produto final.
Além disso, eles trabalham com abatedouros particulares. “Terceirizamos essa etapa porque montar e manter toda a estrutura para abater o animal é muito caro e trabalhoso. Também seria necessário construir um frigorífico, o que poderia implicar na prestação de serviço para outros criadores, o que não é nosso objetivo”, afirma o gerente de compras da rede.
A família também só compra gado de criadores licenciados, aplica todas as vacinas nos animais e os alimenta somente com pastagem natural e compostos minerais e vitamínicos, evitando qualquer tipo de anabolizante. Eles também não agridem os bois na hora do manejo, para evitar manchas escuras e o enrijecimento da carne, e examinam a carne antes de chegar às redes, de forma que todas recebam o selo do SIF (Serviço de Inspeção Federal).
Muito interessante o negócio da família Bergamini, né? Se te inspirou, vá em frente, mas sempre com muita calma, planejamento e, claro, os equipamentos da Catral.
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