A Goldy Alimentos foi criada em 2001 em Itu e é dona da marca “Jersey de Itu”. A empesa produz, comercializa e distribui produtos lácteos na capital paulista, além de produzir o hambúrguer de carne bovina LightBurger Piemontês, já abordado em artigo aqui no BeefPoint em nov/2011.
Ampliando seu portfolio de produtos, William Labaki (proprietário da Goldy) fez o lançamento de um novo produto, o Brangus Burger, na última Feicorte em 2012. Conversamos novamente com o empresário e pecuarista para conhecer o produto, seu processo produtivo e também sua comercialização.
De forma interessante, William começou a conversa dizendo que já considerava a possibilidade de lançar um novo hambúrguer desde 2011. Por causa de sua experiência com consumidores de alto poder aquisitvo em São Paulo com os produtos lácteos e o LightBurguer, ele acreditava que havia espaço em seu mercado consumidor para uma nova opção de hambúrguer, como outra opção de produto premium.
Desta forma, antes de iniciar a produção e sem mesmo ter os animais, William começou a pesquisar como seria a receptividade de um novo tipo de hambúrguer, com um apelo de forte sabor, maciez, suculência e maior teor de gordura do que o LightBurguer. “Gerentes de lojas, encarregados do setor, escolas de gastronomia e chefs de restaurantes aprovaram a ideia e mostraram boa aceitação, mesmo já existindo concorrentes no mercado”, William comentou.
Com esta confirmação, o próximo passo foi selecionar qual raça seria utilizada para produzir o hambúrguer. Na Feicorte 2011, em conversa com seu veterinário, William acabou optando pela raça Brangus, “devido à resistência climática e a ectoparasitas, criação extensiva e também à qualidade da carne”, ele explicou.
A partir daí, William começou sua produção de animais, inseminando parte de suas fêmeas Piemontesas com sêmen Brangus. O pecuarista explicou que após esta decisão, o processamento, distribuição e a comercialização aproveitariam o mesmo caminho já conhecido e utilizado pelo LightBurguer. Sobre o nome Brangus Burger, William brincou “que veio à cabeça, essas coisas nascem”, e logo após já criou o logotipo e registrou-o como marca própria.
O hambúrguer é processado pelo frigorífico CowPig (Boituva – SP) assim como o LightBurger. Porém, os animais utilizados neste início são do próprio frigorífico, em sistema de parceria com a Goldy. William ainda não tem animais próprios em escala de abate, sua cria está com seis meses de idade e o objetivo é passar a fornecer 100% para a produção do Brangus Burger. Devido ao fornecimento dos animais pelo frigorífico, os cortes que estão sendo utiizados na produção do hambúrguer são o patinho, coxão mole e fraldinha principalmetne. Porém, assim como o LightBurger, William irá utilizar toda a carcaça no processamento do Brangus Burger quando tiver escala de abate com animais próprios.
Seguindo o mesmo método de produção do hambúrguer de carne da raça Piemontês, os ingredientes do Brangus Burger também são 100% naturais. O óleo de girasol é o agregador e o extrato de alecrim é o antioxidante. “Pouco sal, muito sabor, maciez e suculência com maior teor de gordura saturada comparando com o LightBurger”, William complementou.
O Brangus Burger também será comercializado no varejo em caixas com duas unidades, embaladas em envelopes individuais e aluminizados. Cada hambúrguer pesa 210g e o preço sugerido por William é de R$ 18,00/caixa. O produto será distribuído em lojas refinadas de São Paulo, já clientes da Goldy com os lácteos e o LightBurger. William explicou que estes mercados e empórios têm clientes de alto poder aquisitivo, que valorizam produtos diferenciados, desde a qualidade da matéria-prima até o modo com que é embalado.
William comentou que diferentemente do LightBurger, ele espera que a receptividade do produto também por restaurantes e hamburguerias seja positiva. Ele acredita que o LightBurger, “com um apelo saudável”, está sendo consumido em casa. “Já o Brangus Burger é o tipo de produto buscado por pessoas quando saem de casa buscando uma refeição diferenciada. São consumidores exigentes e dispostos a pagar mais por um produto de qualidade superior”.
Questionamos também como foi a receptividade do novo hambúrguer por estes clientes varejistas, pois existem hambúrgueres de valor agregado concorrentes. William comentou que a aceitação foi tranquila, “há espaço para mais produtos diferenciados”. Houve dificuldade em relação ao nome do produto, pois empresas concorrentes protestaram em relação à utilização do termo “Brangus” como marca própria.
William explicou que sua marca está registrada no INPI (Insituto Nacional da Propriedade Industrial), pois ele não tem a exclusividade de uso, “como ninguém tem. O termo Brangus é genérico”. O que a Goldy registrou “foi a marca, a tipologia. O nome próprio Brangus Burger, junto com todo o layout do logotipo é que está registrado. É uma marca mista”.
Com tudo pronto, a previsão de chegada ao varejo paulistano é para o mês de novembro/12. E segundo William, “melhor do que falar é experimentar (risos)”, e disse que o produto pode ser preparado tanto na chapa quanto na grelha, ao contrário do LightBurger, indicado para a chapa devido ao baixo teor de gordura. Reforçando a força do sabor, William comentou que sua principal forma de divulgação é a degustação no ponto de venda. “O consumidor experimenta. Se gostar, ele leva na hora. A degustação é fundamental”.
Perguntamos também qual sugestão William daria a alguém que deseja vender produtos de carne diferenciada no Brasil. Ele acredita que ofertar algo adicional é muito importante, acrescentar diferenciais: seja na embalagem ou nos ingredientes. Quanto à concorrência, o cuidado é sobre o padrão de produção e a qualidade do produto, “a atenção deve ser intransigente”.
Consumo de carne bovina
Para William, o consumo de carnes nobres, “sobretudo a bovina“, no país será cada vez maior. Este produto será valorizado pelo consumidor “desde que tenha qualidade para justificar seu preço. O nicho de alimentos premium é praticamente imune à crises financeiras e, nesse sentido, acredito que teremos um futuro bastante promissor”. Ele disse que o consumidor exigente e de alto poder aquisitivo “troca grife por grife, mas não deixa de comprar produtos de alto valor”.
Para William, a carne bovina é uma proteína nobre e cara, e não pode ser vendida barata, deve ser valorizada focando as vantagens de seu consumo. Além do que, o sistema produtivo é caro e demorado, “diferente do frango e suíno”, o bovino demanda tempo e os custos pressionam a produção.
No mundo, William disse que a população consumidora de carne bovina também vai aumentar, principalmente na Ásia. Ele comentou que o consumo na China está aumentando, “e será como o leite e iogurte”, lembrando o crescimento exponencial de consumo naquele país.
Novos produtos
Questionado sobre perspectivas de lançamento de novos produtos, William disse que “os planos sempre existem, porém o objetivo no curto-prazo é consolidar a comercialização do Brangus Burger para assim trabalhar em outros projetos”. Como possíveis lançamentos, ele citou a comercialização de peças de carne, como “Light Beef ou Brangus Beef por exemplo (também já registradas)”. Porém, para isto é necessário alcançar escalas de abate compatíveis com a produção de hambúrgueres.
Sobre um novo tipo de hambúrguer, William comentou que seria uma oportunidade para aproveitar a carne dos animais machos Jersey nascidos em seu sistema de produção de lácteos, “como um hambúrguer de vitelo Jersey”. Ele explicou que nos EUA e na Europa, esta carne já é consumida, com a engorda super-precoce de machos Jersey: até os 400kg com 14 meses. William disse também que o índice de marmoreio da carne de Jersey é um dos maiores do mundo, equiparado ao da raça Wagyu. Para este hambúrguer, ele disse que produziria com carne de vitelo, de bezerros engordados até os 150 dias, com cerca de 200kg.
LightBurger Piemontês– atualização
Perguntamos ao William como estão as vendas do LightBurger, lançado em 2007. O abate está em dois animais por mês e ele complementou que todo produto exige um processo de conquista, de formação de cultura, ou de mentalidade.
A orientação exclusiva, sem gordura e saudável do produto dificulta este processo. William explicou que o foco do produto são consumidores que procuram consumir carne bovina “sem culpa”, carne de qualidade, com saudabilidade e rastreada. Inclusive, o Mini LightBurger tem o selo da Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC, reforçando o baixo teor de gordura saturada.
Desta forma, este é outro exemplo de produção e agregação de valor à carne bovina. O consumo de proteína é crescente, e cada vez mais a diferença de preço será maior entre a carne bovina e as de frango, suíno e peixe. Iniciativas como esta serão mais comuns no decorrer do tempo, quando oportunidades de mercado forem sido preenchidas por produtos exclusivos, direcionados a um determinado mercado consumidor, ou nicho específico.
Artigo escrito por Marcelo Whately, analista da Equipe BeefPoint.
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