terça-feira, 4 de junho de 2013

Marfrig acredita em recuperação

A Marfrig iniciou o plano de restruturação da empresa, que implica a venda de ativos. O anúncio foi poucos dias depois da divulgação dos resultados do 1T13 no mês de maio, que mostrou um prejuízo líquido de R$ 81,2 milhões, ante lucro líquido de R$ 34,58 milhões apurados no mesmo período do ano passado. O índice de alavancagem da Marfrig (relação entre dívida líquida e Ebitda) atingiu 4,4 vezes. O endividamento bruto da empresa totalizou R$ 12,9 bilhões no fim de março.

O amplo corte de despesas anunciado ao mercado prevê uma economia de R$ 250 milhões em capital de giro já neste ano. A Marfrig deve vender, até o final do segundo trimestre, três unidades da Seara Brasil, fechar quatro centros de distribuição no país e duas unidades de bovinos na Argentina. Além disso, o escritório central da companhia na capital paulista será transferido para o centro de distribuição da Anhanguera, também em São Paulo. O principal foco, no entanto, é a Seara Brasil - a divisão de aves, suínos e alimentos processados da companhia no país. A Seara Brasil representa um terço da receita líquida total da Marfrig, que chegou a R$ 6,42 bilhões nos primeiros três meses deste ano.

Entre as medidas adotadas para a Seara Brasil está o fechamento de quatro centros de distribuição e quatro unidades, o que gerará uma economia de R$ 43 milhões neste ano. Segundo o futuro CEO da Marfrig, Sérgio Rial, em entrevista ao jornal Valor Econômico, apesar de a Seara Brasil diminuir de tamanho a unidade não verá seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) declinar. "Não perderemos receita e Ebitda. Na verdade, deixamos de colocar caixa em unidades estruturalmente mal posicionadas, que queimam caixa", afirmou. Segundo ele, a produção das unidades fechadas será redirecionada.

Para o diretor da Informa Economics FNP, Vicente Ferraz, toda a economia que se possa fazer no sentido de cortar custos e não afetar a receita nem as margens é bem vinda, mas gera alguns questionamentos. “Qual seria o valor efetivo de uma unidade ou centros de distribuição que não contribuem com a receita e margem de lucro, que são ineficientes ou não tem valor de mercado”? O crescimento da indústria vem se deteriorando nos últimos tempos. “Porque a demora em fazer essa reestruturação”?

Segundo informações da empresa, esses cortes visam reduzir o endividamento bruto em R$ 2 bilhões até o fim de 2013. Do total das dívidas, 28,0% tem vencimento no curto prazo enquanto 72,0% no longo prazo. “A alavancagem e endividamento podem seguir trajetória descendente”, disse Rial, após o anúncio da reestruturação. O mercado reagiu positivamente ao anúncio. As ações da Marfrig fecharam o pregão do dia 14/05 cotadas a R$ 7,45 na BM&FBovespa, alta de 12,87%, sobre o Índice Bovespa.

Entre janeiro e março, a receita líquida da companhia totalizou R$ 6,422 bilhões, crescimento de 28,3% sobre os R$ 5,006 bilhões reportados nos primeiros três meses de 2012. No lado financeiro, a Marfrig teve um prejuízo de R$ 360 milhões entre janeiro e março deste ano, montante 45,6% acima dos R$ 257,3 milhões registrados no primeiro trimestre do ano passado.

S&P: rebaixamento por endividamento

A agência de classificação de risco Standard and Poor’s cortou a nota de crédito da empresa de alimentos Marfrig (MRFG3) de B+ para B na escala internacional e de BBB+ para BBB- na nacional. A perspectiva da agência é que a situação apenas se normalize em 2014 ou 2015. Segundo o comunicado da S&P, o rebaixamento é reflexo dos resultados mais fracos do que o esperado em 2012 e o elevado endividamento da empresa. Agora, a expectativa é de que alguma melhora só seja vista em 2014 ou 2015.

“Acreditamos que a alta carga de juros e o ramp-up ainda desafiador da produção da Seara Brasil continuarão prejudicando a geração de fluxo de caixa da empresa e impedindo uma redução mais rápida de sua dívida”, ressalta Flávia Bedran, que assina o relatório.

A S&P avalia ainda a liquidez da Marfrig como “menos do que adequada”. “Esperamos que as fontes de caixa excedam os usos marginalmente acima de 1x em 2013 e melhorem em 2014 conforme melhora sua geração de caixa”, projeta a analista.

Resultados

Entre as quatro principais processadoras de carnes do Brasil, a Marfrig foi única que teve prejuízo no 1T13. A BRF (BRFS3) e a JBS (JBSS3) obtiveram lucros líquidos de, respectivamente, R$ 385,5 milhões e R$ 374,5 milhões, enquanto a Minerva (BEEF3) foi a única concorrente que fechou o trimestre com melhor desempenho, com lucro líquido de R$ 1,19 bilhão.

Desempenho na bolsa

Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), as ações da Marfrig (MRFG) fecharam a R$ 7,85 na quinta-feira (16 de maio) aumento de 1,9% em relação ao dia anterior da divulgação de resultados. Em 2012, os papéis do frigorífico se mantiveram praticamente estáveis. Porém, neste ano, já acumulam desvalorização de 7,5%.

 A companhia abriu o capital em junho de 2007, com as ações a R$ 17,47 por unidade. Portanto, os papéis da Marfrig caíram 55% desde a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês). A maior cotação atingida foi em janeiro de 2010, a R$ 23,62, enquanto a menor, em setembro de 2011, a R$ 5,74. Já a variação do Índice Bovespa foi 1,4% no período.
Fonte: Informa Economics FNP

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