quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Risco de base no boi

A grande extensão do território brasileiro cria situações diferenciadas de oferta e demanda na pecuária de um Estado para outro, ou mesmo de uma mesorregião para outra. A menor mobilidade do boi gordo impede arbitragens entre essas regiões, com isso o diferencial de base é um fator a ser considerado na análise de cenário para o boi gordo e nas operações de hedge.
Historicamente o diferencial de base entre São Paulo e Goiânia é de 6,4%, ou seja, o preço médio do boi gordo em Goiânia fica 6,4% abaixo do registrado em São Paulo, utilizado como referência no mercado. Em 2009 essa diferença chegou em 10,2%, diante da maior oferta de gado em Goiás, e em 2010 está ao redor de 5,9%. Entretanto, o interessante a observar é o aumento no diferencial de base nos últimos dois meses, que passou de 4,4% em junho para 6,3% em agosto. Outras regiões apresentaram o mesmo movimento, como Triângulo Mineiro (3,5% para 5,6%), Dourados (3,5% para 5,5%) e Cuiabá (6,5% para 9,5%).
O aumento no diferencial de base é um indicativo de distorção do mercado. No período de entressafra, por exemplo, quando a oferta de gado de pasto é reduzida e existe uma concentração da oferta de gado confinado, é normal observar o distanciamento dos preços, sobretudo para Goiás, onde existe o maior número de confinamentos. Nos últimos dias foi possível observar uma leve melhora na oferta de gado confinado, mas não suficiente para causar essa distorção, portanto, o motivo do aumento no diferencial de base sinaliza que a alta registrada no mercado de São Paulo pode ter sido exagerada.
No momento de decisão e operacionalização do hedge (proteção de preços) o conhecimento do diferencial de base é ainda mais importante. O referencial de preços na BM&F é o indicador Esalq, que leva em consideração todos os negócios realizados no Estado de São Paulo. Dessa forma, o pecuarista precisa saber qual a diferença entre o preço de São Paulo e o registrado na sua região e qual a oscilação dessa diferença ao longo do ano, chamada de risco de base.
O motivo de a comparação ser feita sempre com São Paulo, ainda que o Estado seja apenas o 7º maior em rebanho bovino, é a importância do mercado consumidor, representatividade do seu parque industrial, concentração das exportações de carnes, entre outros motivos.

Para analisar a variação histórica dos diferenciais de base, clique aqui.

FONTE: LEONARDO ALENCAR
WWW.AGROBLOG.COM.BR

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