O ritmo das exportações brasileiras de carne bovina voltou a acelerar em 2010. A receita reagiu 2,6% ao mês este ano, apesar da recuperação mais lenta do volume embarcado (+0,4%). O faturamento médio entre janeiro e outubro ficou em US$330,7 milhões com recuperação de 31,3% em relação a 2009, mas ainda 0,9% abaixo de 2008. O volume apresentou recuperação mais comedida em relação a 2009 (+8,5%) e também está abaixo de 2008 em 1,7%.
O principal destaque foi a evolução do preço médio da carne bovina in natura exportada pelo Brasil. Em 2010 o preço médio foi de US$3.948,08/tonelada, superando em 0,8% o resultado de 2008 e com poucas chances de perder o posto depois de contabilizar os dados de novembro e dezembro. A melhora no preço, entretanto, não foi suficiente para compensar a queda do dólar. O preço médio da moeda nacional ficou em R$6.962,30/t em 2010 (jan a out), com queda de 2,3% em relação a 2008. Desde o início do ano o dólar acumula desvalorização de 3,9%.
A queda do dólar é preocupante porque diminui a competitividade da carne brasileira no exterior. A cotação do boi gordo em dólares está no maior patamar histórico e já ultrapassou os principais produtores e exportadores de carne bovina do mundo. Em nov/10 o boi gordo registrou média de US$67,10/@ (1 a 23), quase duas vezes a média registrada entre 2006 e 2009 (US$35,62/@).
Numa comparação preço x preço, sem levar em consideração custos operacionais ou mesmo a diferença entre os inúmeros mercados atendidos pelo Brasil, a atratividade das exportações voltou a ficar negativa. Em outras palavras, o varejo (referência São Paulo) remunerou mais a indústria do que o preço médio das exportações. Desde 2003 a atratividade média das exportações ficou em 22,2%, entretanto, diante da demanda internacional enfraquecida em 2009, o varejo remunerou 2,8% mais no ano passado. Em 2010, até outubro, as exportações foram mais atraentes (+2,5%), apesar do resultado positivo apenas entre abril e agosto.
Frente à perspectiva positiva para 2011 e provável continuidade da entrada de capital estrangeiro no Brasil, o que ajuda a valorizar o Real, a indústria deve dar mais atenção ao mercado interno. Do total produzido, entre 20% e 25% é exportado, mas esse porcentual pode voltar a cair em 2011. Enquanto a alta no preço da matéria-prima pressiona a indústria a subir o preço da carne exportada, a desvalorização do dólar tira o poder de barganha da indústria brasileira. O bom momento econômico dos países emergentes, por outro lado, com demanda e poder aquisitivo crescentes, servem de alento.
A indústria brasileira de carne bovina navegou por mares turbulentos em 2010 e parece que a calmaria não virá em 2011.
FONTE: www.agroblog.com.br
autor LEONARDO ALENCAR
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