quarta-feira, 23 de março de 2011

Boi Europa: confira o diferencial pago em diversas regiões


No final da semana passada, publicamos uma rápida enquete perguntando se os frigoríficos estão pagando algum prêmio por animais rastreados. Este artigo teve um número interessante de comentários, confira abaixo um pouco do que foi informado pelos leitores do BeefPoint:

Luciano Abrão Fagundes, de Corumbaíba/GO, nos enviou um comentário informando que conseguiu vender bois rastreados com um diferencial de R$ 4,00. "Segundo informações do frigorífico Mataboi, teremos pela frente uma crise de bois rastreados, ou seja, não terá essa mercadoria daqui alguns dias, sem falar da falta do próprio boi comum. Então acredito que quem tem essa mercadoria nas mãos pode esperar que vão pagar mais por ela", completou Fagundes.

De acordo com as informações de Fábio Henrique Ferreira, de Goianira/GO, "em Goiás está padrozinado em R$4,00 a R$5,00".

Segundo Germano Romao Borges de Queiroz, de Patos de Minas/MG, "na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaiba estão pagando um diferencial por volta de R$3,00 a R$4,00 por @".

José Ricardo Skowronek Rezende informou que em Rondonópolis/MT, "os frigoríficos estão pagando entre R$ 4,00 e R$ 5,00/@". "Na região de Cuiabá/MT a diferença gira em torno de R$ 3,00. É muito pouco, mal cobre os custos direto e indireto", informou Claudecir Mathias Scarmagnani.

"Consegui R$ 3,00 em Várzea Grande/MT, mas levei um grande susto. Boi gordo deu rendimento de 49%. Que decepção", comentou Jucelito Dal Santo, de Nova Mutum/MT.

Segundo Paulo Cesar Barbosa Vieira, de Dourados, "no MS raramente tem diferencial, eu mesmo já enviei animais para frigoríficos de mercado interno pois não havia diferença".

Clóvis Borborema Santana Filho informou que conseguiu R$ 1,00/@, em Campo Grande/MS. "Porém o rendimento da boiada foi péssimo não compensando. Antes eu tivesse vendido R$ 1,00 mais barato em outro frigorífico".

Aqui em Garça/SP, o máximo alcançado nestes últimos anos foi R$ 2,00, chegando a pagar até menos ou nada, informou Roberto Quartim Barbosa. Ele completou comentando: "definitivamente não compensa, temos que fazer igual ao que estamos fazendo com o boi hoje, quem manda no preço somos nós, ou paga ou fica sem boi. Desisti após um grande trabalho perdido".

Hugo Turchetto Filho, de Bebedouro/SP, comentou que "no norte de São Paulo, os frigoríficos não incentivaram em momento algum os produtores. Há alguns que desistiram da certificação, e outros com forte tendência a sair do processo, já que os frigorificos alegam que não podem pagar o diferencial nos animais confinados, pois a oferta é muito grande na safra. Na nossa região os ERAS vão acabar".

"Tema polêmico, mas se me permite comentar alguma coisa sobre isso, sempre acompanhei de perto essa questão de rastreabilidade e também o comércio da carne. A verdade é que a maioria dos pecuaristas estão um tanto quanto desacreditados. Nesse aspecto temos diferentes pontos de vistas e conflitos: 1- o pecuarista descontente com o frigorífico porque não paga diferencial, 2- o frigorífico administrando muito mal esse problema e a cada vez piorando a relação entre fornecedor e indústria, 3- realidade de mercado, pois as coisas não são tao maravilhosas como parecem, vender carne para Europa é muito bonito de se falar, mas é um mercado que além das milhões de exigências sofre altos e baixos como qualquer outro. Vender carne no mercado interno hoje talvez seja a melhor opção para a indústria", avaliou Luiz Gustavo Borba, de Campo Grande/MS.

Como sempre o assunto chama a atenção de todos da cadeia e merece ser discutido, para tentarmos chegar a um consenso e buscar melhoras. Assim outros temas relativos à rastreabilidade foram também abordados pelos leitores e merecem nossa atenção.

Um ponto abordado por José Ricardo Skowronek Rezende são os motivos para o pagamento ou não de diferencial. "Creio que a lista de propriedades habilitadas não está aumentando de forma massiva, pois devemos ter chegado em um ponto de equilíbrio entre demanda por animais rasteados e oferta dos mesmos. Se a oferta aumenta o diferencial de preços cai. Regulação natural ao meu ver. Ainda mais agora que MS, GO e MT já permitem aos pecuaristas decidir se querem ou não fornecer a rastreabilidade de seus animais aos frigoríficos".

Luciano Abrão Fagundes acredita que o sistema se estabilizou e não adianta querer simplificar muito. "Trabalho com Sisbov desde que começou e graças a Deus a coisa está se mantendo desde o início de 2008, e nós técnicos, produtores, frigoríficos e MAPA estamos aprendemos a atender e respeitar as normas com bom senso. E o momento agora é de quem acreditou, sofreu, persistiu, e pagou por isso. Não foi, não é e nunca será um mar de rosas trabalhar com essa imensidão de números de 15 dígitos somado a animais que não ficam em prateleiras e a mão de obra sem treinamento. O que está acontecendo agora é: nada mais, nada menos que um reconhecimento pelo trabalho".

Humberto de Freitas Tavares, que já deixou claro várias vezes que não brinca mais, analisou que quem ficar na lista pode ter lucro agora nas águas. "A renda nominal vai ficar melhor ainda para estes abnegados, pois segundo depoimento do Rodrigo Albuquerque no Twitter a lista está diminuindo. Na seca, como se sabe, o diferencial cai a zero, já que quase todos os confinamentos são ERAS. Lei da oferta e da procura".

FONTE: BEEFPOINT

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