A conta a ser paga pelos pecuaristas de Mato Grosso pela morte de pastagem é salgada e chega à cifra de R$ 3,09 bilhões. Isso representa 62% do VBP - Valor Bruto de Produção de 2010, que é o preço médio da arroba multiplicado pelo abate que foi de 4,33 milhões de cabeças (macho e fêmea) que gerou uma receita de R$ 4,95 bilhões. “O impacto dessa conta esta totalmente fora das possibilidades dos pecuaristas, que não têm condições de arcar com este prejuízo sozinho”, foi taxativo o superintendente da Acrimat – Associação dos Criadores de Mato Grosso, Luciano Vacari. Ele lembra que o setor saiu de uma crise mundial e amarga ainda um rombo de mais de R$ 300 milhões causado pelos frigoríficos que entraram em recuperação judicial. “Esse impacto vai direto para a mesa do consumidor que vai pagar mais caro por um alimento que já está restrito e essa preocupação tem que levar o poder público a encontrar uma solução emergencial”, analisa.
O levantamento foi solicitado pela Acrimat ao Imea – Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, que mapeou a real situação do setor pecuário quanto a situação dos 26 milhões de hectares de pastagem de Mato Grosso, que alimenta 28,7 milhões de cabeças de gado, o maior rebanho do Brasil. Durante o mês de fevereiro foram entrevistados 495 produtores de todas as regiões do estado e 57% afirmaram que estam com problemas com a morte de pastagem. A região mais afetada é a Nordeste, onde 68% dos pecuaristas entrevistados disseram que estão com pasto degradado e a região Norte vem em seguida com 63%.
Os números são grandes e mostram que 2,23 milhões de hectares de pastagem morreram o que representam 8,6% de toda área de pasto de Mato Grosso. Em volume de pastagem a região mais afetada é a Sudeste com 15% de sua área com 672.695 mil hectares, seguida da Nordeste com 10,3% com 705.023 mil hectares, e a Noroeste com 9,1%, sendo 268.783 mil hectares.
Os pecuaristas foram perguntados sobre o que fariam para reverter a situação, e 61% responderam que farão o replantio, 32% vão manter no pousio (descanso que se dá a uma terra cultivada, interrompendo-lhe a cultura por um ou mais anos) e 7% vão apenas gradear. A execução dessas decisões vai custar R$ 3,09 bilhões, para fazer o replantio de 1,4 milhões de hectares e para gradear 549.438 mil hectares.
As causas das mortes das pastagens segundo os pecuaristas são seca, pragas e excesso de água. A estiagem de 2010 foi responsável por 53% das mortes, castigando sobremaneira a região Nordeste com 83% da degradação das pastagens, seguindo pelo Sudeste, com 69% e 67% no Médio Norte. Os ataques das pragas como cigarrinha e lagartas, são apontados como a segunda causa, registrando 43% em média, atingido 84% da região Norte, 60% da Noroeste e 49% do Centro Sul. A água foi apontada como principal causa da morte em 4% da área de pastagem, sendo a região Oeste mais afetada com 14%, o Norte com 8% e a Noroeste com 5%.
O superintendente do Imea, Otávio Celidonio, disse que “o levantamento feito junto aos pecuaristas confirmou o que já tinha sido detectado pelo mercado, relativo ao grande impacto da morte de pastagem e este custo estimado é elevado e atrapalha o planejamento de compra e venda de animais em 2011”. O representante da Acrimat, Luciano Vacari reforça que “a restrição de oferta de boi gordo vai continuar até 2014 e com esse novo impacto na morte das pastagens, a situação vai ficar ainda mais delicada, um alerta para que medidas emergenciais sejam tomadas pelo poder público.”
Fonte: Agrolink
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