sexta-feira, 1 de abril de 2011

Comercialização Eletrônica da Carne Bovina em Bolsa

A bovinocultura de corte representa um dos maiores segmentos do agronegócio brasileiro, gerando faturamento de mais de R$ 50 bilhões ao ano e mais de 7,5 milhões de empregos distribuídos por toda cadeia produtiva (do campo à indústria) de Norte a Sul do país.

Com um rebanho bovino de cerca de 193 milhões de cabeças, o custo de produção da pecuária está entre os mais baixos do mundo, o que traz uma grande vantagem competitiva.

A comercialização bovina, tradicionalmente, tem acontecido de forma direta (pecuarista e frigorífico) e indireta (pecuarista – corretor de mercado físico – frigorífico) ou ainda através de leilões de gado de corte em lotes. Estes leilões acontecem nas regiões produtoras ou pelas televisões que os transmitem ao vivo.

A partir de abril de 2010, a comercialização bovina ganhou um aliado no processo de distribuição dos animais da taxa de abate nacional (ao redor de 23%) com a entrada no mercado da operação dos leilões eletrônicos na Bolsa Brasileira de Mercadorias.

Disputando um mercado, que até então era negociado nos processos tradicionais, a Bolsa recebeu mais de 2.200 cabeças em ofertas com o total negociado de 1.411 cabeças bovinas, gerando o resultado de R$ 1,55 milhão ao longo de 2010 e janeiro de 2011.

De acordo com diretor Geral da Bolsa, Ivan Wedekin, a comercialização eletrônica é, certamente, uma tendência. A principal barreira, segundo ele, é a cultural porque os participantes do mercado estão habituados há décadas com o sistema de comercialização atual.

“A pecuária bovina brasileira e a indústria de carnes é uma das mais competitivas do mundo. O Brasil detém cerca de 30% das exportações mundiais de carne bovina. É um negócio grande. O que nós estamos oferecendo é uma plataforma eletrônica em que pode ser comercializado o boi, da mesma maneira que as pessoas podem comprar televisão, geladeira, ou qualquer produto pela internet”, enfatizou Wedekin.

Benefícios ao mercado da carne bovina

Pelo sistema, desenhado em parceria com os segmentos produtivos, cada operação custará 0,5% sobre o valor total. O preço inicial da oferta da mercadoria (bovinos) é definido pelo pecuarista.

O preço final será definido em função da demanda dos compradores de bovinos.

A indústria só poderá retirar o gado dos currais se o dinheiro estiver na conta de liquidação da Bolsa Brasileira de Mercadorias.

O sistema eletrônico da Bolsa comportará três modalidades de operações. Na venda em leilão, o produtor fará a oferta no sistema eletrônico detalhando as características do rebanho de boi gordo - apenas animais entre 15 e 23 arrobas. Ele transformará o gado em arrobas de carne e fixará um preço mínimo por arroba. De outro lado, o frigorífico fará sua oferta.

Em caso de negócio, o frigorífico fixará, até as 16 horas do mesmo dia, a escala de recolhimento e de abate dos animais. Dois dias úteis antes, terá que depositar 90% do valor da operação na conta de liquidação da Bolsa, que avisará o pecuarista para preparar os animais. Em seguida, o frigorífico emitirá o “romaneio de abate”, com valor total de arrobas e preço final. O prazo será até o meio-dia do dia útil seguinte. Depois, a Bolsa fará o cálculo de liquidação. Se der a menos, a bolsa devolverá a diferença ao frigorífico. Se der a mais, o ajuste será feito entre as partes (pecuaristas e frigoríficos).

Esse novo produto (comercialização eletrônica de bovinos), ainda está pequeno porque se trata de uma mudança de cultura, é um leilão de carne bovina dentro da Bolsa e quem pode participar são pecuaristas e frigoríficos interessados em negociar bois prontos para o abate, que são animais gordos com peso entre 15 a 23 arrobas. Esses agentes devem entrar em contato com os corretores cadastrados na Bolsa para emitir suas ordens de compra e venda.

Três formas de vender bois na Bolsa

A primeira é a negociação de balcão, que se assemelha muito com o procedimento tradicional, no qual pecuarista e frigorífico negociam diretamente. A diferença é que se registra essa operação na bolsa e o frigorífico tem de fazer o depósito de 90% do valor na bolsa antes do recebimento dos animais para abate.

A segunda modalidade é o pregão, no qual o pecuarista oferta o lote e define um preço mínimo.

A terceira é um balcão a termo, com prazo determinado, mas com registro em Bolsa.

À indústria frigorífica de pequeno e médio porte, o sistema daria regularidade de oferta, planejamento das escalas de abate e melhor utilização da capacidade industrial. A bolsa ganharia mais liquidez, geraria novos negócios e se consolidaria como opção real para unir as pontas do mercado físico ao mercado de opções e futuros.

Operacionalização na Bolsa

As ofertas no pregão eletrônico poderão ser originadas tanto pelo comprador quanto pelo vendedor por intermédio de uma sociedade corretora da bolsa (Corretor). Primeiramente, os clientes serão cadastrados no sistema e depois da habilitação poderão participar dos certames (pregões).

Na Bolsa, todas as ofertas são firmes e a partir do momento que o preço entre as partes for alcançado, o negócio estará fechado, podendo ser melhorado ou não dependendo dos demais participantes.

Recursos de R$ 8 bilhões para financiar o comprador

O mercado de leilões eletrônicos é bastante promissor. Em agosto de 2010, a Bolsa Brasileira de Mercadorias assinou convênio de cooperação financeira com o Banco do Brasil e o Cielo.

A partir de então, a plataforma eletrônica BBMNet, que comercializa Boi na Bolsa, terá à ponta compradora (frigorífico) uma linha de financiamento de R$ 8 bilhões disponíveis com taxas que variam entre 12 a 13,5% ao ano, dependendo do rating de risco de cada cliente.

De acordo com o presidente da Bolsa Brasileira de Mercadorias, Joaquim da Silva Ferreira, o convênio irá ampliar os negócios eletrônicos de carne bovina no BBMNet com o apoio de um financiamento deste porte do Banco do Brasil.

A vantagem da linha, que inicialmente será oferecida aos frigoríficos na compra de bovinos, mas também servirá para qualquer comprador do agronegócio, é dar acesso a uma linha de crédito com juros para capital de giro mais baixo do mercado, ajudando a empresa compradora a alavancar suas compras.

Além dos frigoríficos poderão ser atendidos os compradores de feijão, milho, arroz, trigo, etc e até pecuaristas que adquiram seus rebanhos de reposição.

Para ter acesso ao financiamento a Bolsa envia uma carta ao Banco do Brasil atestando o cadastro do comprador, no caso o frigorífico. O Banco do Brasil irá analisar o crédito e o limite a ser utilizado pelo comprador que for apresentado à Bolsa por meio de uma corretora associada.

O acesso ao financiamento só se dará mediante nota de negociação que será apresentado na agência de relacionamento. Esse dinheiro será sacado da conta-financiamento e depositado na conta de liquidação da Bolsa.

O frigorífico que quiser participar dos leilões eletrônicos deve procurar uma corretora associada à Bolsa que constam no site www.bbmnet.com.br

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