sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Lygia Pimentel: oferta restrita, mas só mercado interno não "estilinga" preço do boi

A semana foi marcada por lateralidade. As escalas insistiram em permanecer curtas, principalmente em praças mais ao norte do país, mas o boi em São Paulo ainda não decolou.

Pelo lado da oferta, a entressafra está aí, com disponibilidade de animais apertada e abates reduzidos. Alguns diferenciais de base já começaram a fechar.

Como tenho comentado, a demanda interna amortece bem o choque da maior disponibilidade de carne gerada pela redução das exportações, mas fica difícil "estilingar" para cima, como ocorreu no ano passado. Os gastos do brasileiro com carne estão esticados historicamente e o excedente do produto não ajuda. Isso deixa a o mercado lateralizado.

Nesta semana fiquei sabendo até mesmo de algumas paralisações no setor frigorífico, o que seria uma última medida lançada as indústrias para reduzir os prejuízos causados por altos custos (fixos e variáveis) para produzir uma mercadoria que não é precificada à altura. Nada bom para os pecuaristas que esperam ver preços nos mesmos patamares que em 2010 ainda neste próximo outubrão.

A medida adotada não aumenta a oferta de carne, mas mostra um ajuste produtivo "artificial" e necessário, já que o processamento está com margens negativas. Ruim pra todo mundo!

De toda forma, o começo do mês está aí e poderá ajudar a carne a melhorar, pelo menos no que diz respeito ao fator sazonal, e aí, quem sabe, o povo se anime a pagar mais pela arroba. Entretanto, a última semana do mês, período em que normalmente o varejo se reabastece à espera do início do mês, quando o consumo melhora, não mostrou ímpeto comprador e o boi casado ficou praticamente estável em uma época que deveria ter mostrado melhor movimentação.

Muito ruim para a arroba em plena entressafra. Será esta uma das entressafras "exceção", daquelas em que o preço registra patamares mais baixos se comparados ao primeiro semestre?

A próxima semana será importante para avaliarmos essa possibilidade.

fonte: Lygia Pimentel, da XP Investimentos.

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