Pesquisadores do Instituto Butantan estão desenvolvendo uma vacina contra o Papilomavirus Bovino (BPV), vírus do mesmo grupo do Papilomavirus Humano, o HPV. Segundo a Secretaria de Saúde, testes da vacina feitos em 300 animais apresentaram resultados surpreendentes.
Em entrevista à Agência Brasil, a diretora do Laboratório de Genética do Instituto Butantan, Rita de Cássia Stocco, disse que os pesquisadores estão fazendo testes de campo da vacina há mais de um ano e meio. A expectativa é de que a vacina possa abranger os tipos mais importantes e prevalentes do vírus e atacar doenças como a papilomatose bovina, que é causada pelo BPV.
“A papilomatose bovina é uma das doenças causadas pelo vírus do papiloma bovino. [A doença] consiste em lesões ou verrugas que aparecem por todo o corpo do animal”, explicou a diretora.
Segundo Rita, essas lesões podem se transformar em “porta de entrada para outras infecções”. Outro problema é que quando essas lesões ou verrugas aparecem nas mamas das vacas, por exemplo, podem impedir a ordenha. “É uma doença extremamente comum. Temos uma estimativa de que 60% do rebanho [nacional] estejam infectados pelo vírus e entre 30% e 40% apresentem sintomas”, disse a diretora.
“Ainda há duas outras doenças muito importantes associadas ao vírus, que é a hematuria enzootica, que é a perda de sangue pela urina e que é causada por um tumor de bexiga, e uma outra associada a um tumor no esôfago. Ambas podem levar o animal à morte”, acrescentou.
Rita explicou que há doze tipos de BPV e os pesquisadores acreditam que os vírus do tipo 1 (associado às verrugas), 2 (relacionado aos tumores de bexiga) e 4 (associado aos tumores de esôfago) sejam os mais prevalentes. “A priori, estamos tentando fazer uma vacina que abranja estes três tipos. Mas nosso objetivo maior é fazer uma vacina de maior abrangência”, disse.
Para Rita, além da importância econômica e da preservação da saúde do animal, a vacina contra o BPV pode ajudar também no desenvolvimento de uma vacina para combater o papilomavírus humano. “Estamos falando de papilomavírus. Temos trabalhado muito no sentido de usar o modelo bovino como um modelo de estudo. A plataforma que estamos criando, industrial, para a vacina, poderá ser adaptada no futuro, a médio ou longo prazo, para obtenção de vacinas humanas também”, contou.
Segundo a diretora do Laboratório de Genética do Butatan, os pesquisadores estão trabalhando, agora, no aprimoramento da vacina. A expectativa é de que ela possa estar no mercado entre três ou cinco anos.
Da Agência Brasil
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