por Gustavo Aguiar
O momento é de recuperação de preço para o boi gordo, iniciada na última semana de agosto, após meses de pressão baixista.
A queda nas cotações ocorreu mesmo em meses onde historicamente há retomada de preços, como em junho, julho e agosto.
Veja na figura 1 a evolução dos preços da arroba e as escalas médias de abate em 2012.
A boa oferta de animais em julho, intensificada por um inverno chuvoso na maior parte do país, foi o principal fator responsável pela queda nos preços.
No mês, a escala média de abate superou os sete dias úteis em algumas situações. Compra fácil para as indústrias.
Conjuntura favorável
Após esse período de pressão de baixa, a conjuntura de preços vem sendo beneficiada por uma redução na oferta e recuperação dos preços da carne. Foi a junção da "fome com a vontade de comer". Figura 2.
Com a alta das últimas semanas, o preço da carne bovina no mercado atacadista, segundo pesquisa da Scot Consultoria, atingiu a maior cotação do ano, R$6,91/kg na retomada do feriado de 7 de setembro.
Em trinta dias, a valorização foi de 15,1%. No mesmo intervalo, a alta para o boi foi de 7,2%.
Bom para a indústria, que pôde pagar mais pela arroba do boi gordo, a fim de comprar com maior facilidade frente à restrição na oferta, e aumentar sua margem na comparação com os últimos meses.
Outros fatores propulsores da alta para o boi foram o encurtamento do diferencial de base das praças pecuárias vizinhas a São Paulo de meados até o fim de agosto, o que forçou reajustes dentro do estado, e a recuperação no preço das proteínas de origem animal concorrentes, sustentando a elevação de preço da carne bovina.
Fica agora a questão de até quanto e quando a indústria deverá subir os preços.
Em meio a isso, uma coisa é certa: analisando historicamente, a margem dos frigoríficos está bastante positiva neste momento. Figura 3.
Um indicador da boa situação da indústria é o fato da margem do equivalente físico em relação ao preço pago pelo boi estar positiva, fato historicamente raro. Frente às médias mensais desde 2003 a margem de setembro (média dos dez primeiros dias), de 1,6%, é uma das mais altas.
Isto significa que vendendo somente a carcaça no atacado o frigorífico já remunera o boi gordo. Vale ressaltar que não consideramos os custos do frigorífico (transporte, abate, comercial, etc.) nesta conta.
A expectativa para o curto prazo é de mercado sólido.
O que esperar?
Mesmo otimistas, temos que lembrar que os últimos reajustes representam apenas o início de uma recuperação frente aos preços do início do ano. Além disso, a oferta de gado está melhor este ano.
Desta forma, na média anual de 2012 em relação a 2011, apesar da possibilidade de uma retomada maior dos preços, não é prudente esperar uma correção do que foi perdido até o momento. Em valores reais (deflacionados) a coisa fica ainda mais difícil.
Tendo como base os vencimentos do contrato de boi gordo da BM&FBOVESPA para os preços futuros até o fim do ano, que tiveram considerável correção positiva nas últimas semanas, o fechamento do preço médio anual em 2012 ficará 3,8% menor em relação a 2011, em valores nominais.
Assim, uma boa dica neste momento é controlar o otimismo e aproveitar a precificação dos próximos meses, em geral positivas em relação ao mesmo período do ano passado, e garantir os resultados através das ferramentas de proteção de preço ou parcelar a venda em lotes e fazer um bom preço médio.
FONTE: SCOT CONSULTORIA
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