Com a recente compra do Frigomerc pelo
Minerva, o Brasil ampliou seu já expressivo domínio sobre a cadeia da
carne bovina no Paraguai. Fontes do mercado estimam que, juntos,
Minerva, JBS e Torlim passaram a responder por cerca de 60% dos abates e
exportações do país. De acordo com dados fornecidos por fontes da
indústria brasileira, em 2011 as três empresas foram responsáveis por
49% - pouco mais de 72 mil das 142 mil toneladas - da carne bovina
exportada do Paraguai. Assim, capturaram praticamente a metade da
receita cambial do setor, ou US$ 377 milhões de US$ 755,7 milhões.
Estima-se que só o Frigomerc, a
segunda maior planta do país, tenha exportado perto de 20 mil toneladas
ou US$ 110 milhões em 2011. De acordo com o Minerva, sua nova aquisição
faturou US$ 150 milhões no período - o frigorífico brasileiro não
confirma, porém, os dados relativos à exportação do Frigomerc. Com isso,
o Minerva, que em 2011 exportou 13,8 mil toneladas ou US$ 67,8 milhões
por meio do Friasa - até então sua única controlada no Paraguai - espera
ver sua receita saltar para mais de US$ 150 milhões, segundo seu
diretor financeiro, Edison Ticle. Desse modo, sua fatia nas exportações
paraguaias de carne deve saltar de 8% para perto de 20%.
Entre os brasiguaios da carne, o
Torlim é o líder, segundo apurou o Valor. Com capacidade de abate diário
estimada entre 1,5 mil e 2 mil cabeças, o frigorífico exportou cerca de
35 mil toneladas (US$ 173 milhões) em 2011 - 23% das exportações do
segmento. Procurada, a empresa não se manifestou sobre suas operações no
país vizinho. Em segundo lugar, aparece a JBS. A empresa, que não
revela a capacidade de abate no país, exportou 22,4 mil toneladas ou US$
140,9 milhões em 2011 - uma participação de 19%.
O Paraguai tornou-se atraente devido
aos custos mais baixos e, nas palavras de Ticle, ao "ambiente de
negócios muito mais amigável e racional do que no Brasil", com uma
legislação trabalhista "flexível" e um sistema tributário bastante
simples. A chegada dos brasileiros ao Paraguai, a partir da década
passada, coincidiu com um expressivo aumento nas exportações. O número
de animais abatidos para atender o mercado externo saltou de 311 mil, em
2000, para mais de 1 milhão.
Os brasileiros também estão bem
posicionados em um dos mais tradicionais exportadores de carne bovina do
mundo: o Uruguai. Com seis unidade no país vizinho, Marfrig, JBS e
Minerva lideram as exportações uruguaias de carne. Entre janeiro e
julho, os brasileiros responderam por 38,1% da receita com essas
exportações, segundo o Instituto Nacional de Carnes (Inac). Nos abates, a
participação dos brasileiros é igualmente relevante. Com 433 mil
cabeças processadas entre janeiro e julho, os três frigoríficos
representaram 35,8% dos abates no Uruguai.
A presença no Uruguai é estratégica. À frente do Brasil no que diz respeito à sanidade - todo o território do país é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre de aftosa com vacinação -, o Uruguai é o único da América do Sul habilitado a exportar carne in natura para EUA e Canadá. "O Uruguai é menor que o Brasil, mas tem um histórico muito bom", afirma James Cruden, CEO da Marfrig Beef, divisão de bovinos da companhia. Ele diz que as condições sanitárias abriram uma oportunidade para a empresa em 2011, quando um foco de febre aftosa restringiu as exportações do Paraguai. "Com o problema, o Chile se tornou um mercado grande para o Uruguai".
O avanço dos brasileiros no Mercosul poderia ser ainda maior, não fossem as dificuldades impostas pelo governo da Argentina, que restringiu as exportações em favor do mercado interno. Com isso, as exportações do país desabaram 67,5% desde 2005. "As exportações hoje não passam de 30%, 40% da produção. Antes, eram 60%", diz Cruden.
A presença no Uruguai é estratégica. À frente do Brasil no que diz respeito à sanidade - todo o território do país é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre de aftosa com vacinação -, o Uruguai é o único da América do Sul habilitado a exportar carne in natura para EUA e Canadá. "O Uruguai é menor que o Brasil, mas tem um histórico muito bom", afirma James Cruden, CEO da Marfrig Beef, divisão de bovinos da companhia. Ele diz que as condições sanitárias abriram uma oportunidade para a empresa em 2011, quando um foco de febre aftosa restringiu as exportações do Paraguai. "Com o problema, o Chile se tornou um mercado grande para o Uruguai".
O avanço dos brasileiros no Mercosul poderia ser ainda maior, não fossem as dificuldades impostas pelo governo da Argentina, que restringiu as exportações em favor do mercado interno. Com isso, as exportações do país desabaram 67,5% desde 2005. "As exportações hoje não passam de 30%, 40% da produção. Antes, eram 60%", diz Cruden.
FONTE: VALOR ECONOMICO
Um comentário:
Em junho do corrente ano estive na argentina e os dados divulgados sobre exportação de carne bovina não ultrapassavam os 7% do total abatido, dado que diverge do citado por Cruden. O percentual referido não prejudicava em nada o produtor argentino, que beneficiava-se naquele cenário de ótimos preços, alicerçados em um consumo interno firme. A preocupante e progressiva diminuição do rebanho bovino daquele país era outro aditivo. Pressionado pela soja e seus altos arrendamentos, que alcançam em muitos casos 2 toneladas por hectare, o rebanho mingua e em muitas vezes migra para regiões com menos nobreza de solo, situação que apresenta-se por aqui também. A atividade pecuária que persiste em alguns rincões das ricas zonas agrícolas o faz sob regime muito intensificado, alcançando não raramente lotações de 4 ou 5 vacas de cria por hectare e onde recria e terminação já quase não se distinguem. Nessas condições o terneiro nasce em um sistema que proporciona a manifestação de toda a sua pujança genética, aportando o suficiente, e até além, para sua manutenção. Essa condição alimentar diferenciada conduz o terneiro do pé da vaca ao feedlot aos 200 ou 220 kgs para alcançar no mínimo 340 kgs aos 100 dias de confinado, peso suficiente para o abate direcionado ao consumo interno. Esse manejo garante excelente taxa de disfrute. Para isso os produtores se valem de pastagens cultivadas onde a que mais predomina é a alfafa, seguida pelos campos baixos, ináptos para cultivo por uma questão de drenagem, onde abunda a cevadilha(bromus catharticus), o Rhodes, trevos e cornichões. Nessa incursão restringi-me ao sul da província de Santa Fé e ao sudeste da província de Córdoba zonas onde abunda esse tipo de cultura e manejo, soja e milho no verão em rotação, predominando a soja, trigo e/ou cevada no inverno, nos casos onde há integração lavoura/pecuária o cultivo de inverno é predominantemente a aveia para pastoreio, subsistindo ainda as áreas baixas melhoradas e as alfafas já mencionadas. Há ainda muitos casos de produtores, criadores auto-insuficientes(relação milho-terneiros produzidos) ou agricultores que querem agregar valor ao milho colhido, que compram reposição(terneiros e terneiras) para recriar/terminar seja pastoreando em aveia até o ingresso no feedlot ou diretamente neste último. Terneiros machos e fêmeas já não diferenciam-se em preço, pelo tipo de manejo(ciclo) e pela demanda, alcançando facilmente os R$ 8,00 reais por kilo em diferentes províncias.
Tirando-se as retenções, o custo da mão de obra, a alta inflação e a proibição de compra de dólares, medidas impostas pelo governo argentino, com exceção da inflação(efeito), não é nada ruim produzir no país vizinho. Por lá descortina-se um cenário em que figuram produtores sérios, comprometidos, engajados e bem preparados, que aliam qualidade a ótimos rendimentos agrícolas e pecuários. Máquinas a preços acessíveis, prestação de serviço qualificada e barata, e, assitência técnica de primeira são alguns dos fatores que catalizam os excelentes resultados obtidos por lá.
Saudações.
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