sábado, 6 de outubro de 2012

El Niño será de chuvas acima da média no Estado


Segundo o meteorologista Flávio Varone, do Centro Estadual de Meteorologia (Cemet-RS), neste ano, o fenômeno não deverá ser muito forte

Marcelo Beledeli

O Rio Grande do Sul deverá ter uma primavera com mais chuvas do que o normal. O Estado já começa a sentir os efeitos do fenômeno climático que aumenta a precipitação na região Sul do Brasil, o que beneficiará as lavouras gaúchas de grãos para a safra de verão.

Segundo o meteorologista Flávio Varone, do Centro Estadual de Meteorologia (Cemet-RS), neste ano, o fenômeno não deverá ser muito forte. “Ele terá mais influência na primavera, com os meses de outubro e novembro mais chuvosos do que o normal, mas, para o verão já não deverá ter tanta força”, explica.

Conforme Varone, a região Noroeste do Estado deve ser a mais afetada pelas maiores precipitações que são causadas pelo fenômeno. “Lá temos uma média de 400 milímetros de chuva entre setembro e novembro, mas neste ano devemos registrar acima de 500 milímetros nesse período.”

A ocorrência de precipitações maiores é considerada benéfica por produtores e técnicos agrícolas. “No Rio Grande do Sul, a condição normal para o período de primavera e verão é sempre haver alguma falta de chuva em determinados locais, pois a distribuição delas não é uniforme.

“A possibilidade de uma safra boa é mais tranquila”, explica Alencar Paulo Rugeri, engenheiro-agrônomo da Emater-RS. No entanto, em algumas regiões podem ocorrer tempestades fortes, associadas a granizo, como as que aconteceram no Norte do Estado em setembro, o que aumenta o risco de perdas localizadas em lavouras.

Segundo Rugeri, para evitar problemas com a umidade e a erosão causadas pelas chuvas mais intensas, os produtores devem ficar atentos para diversas práticas, como boa preparação de cobertura de solo, plantio em nível, construção de terrações, descompactação de solo e adubação. “Os agricultores precisam fazer a parte deles, independentemente da condição climática.”

No entanto, segundo a Emater-RS, o clima das últimas semanas tem prejudicado a semeadura de algumas lavouras. No milho, o avanço do cultivo nas regiões produtoras do Norte e do Noroeste foi limitado pelas chuvas intensas, que chegaram a carregar sementes e adubos recém-lançados ao solo. Em outras áreas, porém, o plantio pode ser efetuado, o que fez com que o percentual plantado como um todo no Estado chegasse a 48%, com 45% já germinados.

Já no feijão, as condições meteorológicas vêm determinando um pequeno atraso na implantação da lavoura. Na Metade Norte, onde inicia a semeadura no Estado, essa fase já deveria estar concluída, mas as últimas intempéries paralisaram os trabalhos e retardam o desenvolvimento das áreas já semeadas.

Na contramão, umidade em excesso pode prejudicar o trigo

A perspectiva de chuvas em abundância durante a primavera está causando preocupação aos produtores de trigo. Além das perdas causadas pelo tombamento das plantas durante os temporais, o excesso de umidade e as altas temperaturas têm incentivado o aparecimento de ferrugem e outras doenças, o que deve reduzir a produtividade das lavouras.

Os problemas causados pelas chuvas de setembro já devem se refletir em quebra na colheita, segundo Hamilton Jardim, presidente da Comissão de Trigo da Farsul. “Antes tínhamos uma previsão de safra de 2,7 milhões de toneladas de trigo no Estado. Agora, a redução devido ao clima prejudicial já deve ser de 20%”, explica.

A principal preocupação dos produtores, conforme Jardim, é que as perdas causadas pela chuva possam fazer com que os ganhos com a venda da colheita não superem os custos de produção, que foram mais elevados neste ano devido aos altos preços dos insumos e do maior investimento dos triticultores. “Fizemos uma lavoura cara neste ano, esperando um resultado positivo, mas, com os problemas climáticos, não só a produtividade como a qualidade do grão, que é o que faz o preço do trigo, estão em jogo.”

Como a previsão meteorológica para as principais regiões produtoras no Norte do Estado é de que o clima úmido continue nos próximos dias, os produtores ficam impedidos de realizar tratos culturais para evitar doenças. “É preciso solo e tempo secos para fazer os tratamentos necessários. Atualmente os agricultores não podem nem entrar nas lavouras com os equipamentos, pois há muitas chuvas em sequência”, explica o engenheiro agrônomo da Emater-RS Cláudio Dóro.
FONTE: JORNAL DO COMERCIO - RS

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