sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Entenda porque a Índia deve ter a maior exportação mundial de carne em 2013, 44% maior que a brasileira (USDA)


Exportações de carne bovina da Índia continuarão aumentando em 2013
As exportações de carne bovina da Índia deverão aumentar 29%, para um recorde de 2,16 milhões de toneladas. Sendo responsável por quase um quarto do comércio mundial, a Índia expande enquanto outros países obtêm somente aumentos marginais de volume.
O aumento da demanda por produtos de baixo custo é estimulado por muitos mercados menores, emergentes e sensíveis aos preços como Ásia e Oriente Médio. A expansão de mercados para carne processada, bem como produtos certificados halal fornecem oportunidades para crescimento nas exportações.
Carne bovina e de vitelo: previsões para 2013
Em relação à produção mundial, são esperados ganhos contínuos pela Índia e América do Sul compensando o declínio nos Estados Unidos. A produção mundial deverá ser levemente maior pelo segundo ano consecutivo. A forte expansão pela Índia e, em uma menor extensão, do Brasil e da Argentina, compensará a menor previsão de produção para Estados Unidos e União Europeia (UE).
Declínio de longo prazo do Estados Unidos
O maior produtor mundial de carne bovina, os Estados Unidos, deverá ter uma queda de 4%, para 11,3 milhões de toneladas. A menor oferta de gado para abate persiste devido à redução do rebanho desencadeada por forte redução nos últimos anos da safra de bezerros e pela menor importação de animais vivos.
México segue declínio similar ao dos EUA
A produção do México deverá ser 1% menor, em 1,8 milhão de toneladas, principalmente por causa da menor oferta de gado para abate. O alto preço dos alimentos para animais e más condições das pastagens também deverem limitar os ganhos de peso.
Tendência de queda na UE continua, embora a taxas mais lentas
A produção na UE deverá cair 1%, para 7,7 milhões de toneladas, devido ao maior custo dos insumos e à reduções do auxílio do Governo. Essa queda de produção está acontecendo desde a ultima década, caindo em 7%.
O rebanho leiteiro também está caindo, devido à maior eficiência de produção de leite, à medida que fazendas menores e menos eficientes deixam a indústria. Apesar do contínuo melhoramento genético e do enfraquecimento da doença da língua azul aumentar a eficiência reprodutiva, não deverão compensar o declínio no rebanho de cria.
Forte declínio na produção para a Coreia
A produção da Coreia deverá cair 10%, para 301 mil toneladas. Uma queda no preço do gado e a implementação de políticas para reduzir o estoque de gado estimulando o abate de vacas resultou no aumento da produção em 2012. Isso irá impactar negativamente na disponibilidade de gado para o abate em 2013 e reduzir a produção de carne bovina.
Aumento de produção da Índia deve continuar
O rebanho bovino da Índia continua expandindo em resposta à forte demanda por produtos lácteos, resultando em um crescimento de 1% previsto durante 2013, para quase 330 milhões de cabeças. Investimentos do setor privado trouxeram melhoras notáveis nas práticas de manejo leiteiro. A falta de chuva prejudicou a safra em determinadas regiões durante 2012 (Karnataka, Gujarat, Maharashtra e Rajasthan), e levaram os produtores a focar na produção leiteira.
A produção de carne bovina deverá aumentar 14%, para quase 4,2 milhões de toneladas, impulsionada por forte demanda externa. As maiores exportações estão incentivando a construção de frigoríficos, possibilitando aos produtores um novo mercado para novilhas, touros e bezerros búfalos não produtivos (descarte da atividade leiteira).
As leis federais e estaduais da Índia proíbem o abate de bovino por questões religiosas. O abate de búfalos é permitido, apesar de ser restrito a touros e novilhas não produtivas. Considerando a lucratividade da produção de carne na Índia, os produtores agora têm um incentivo para vender os bezerros de búfalos que eram anteriormente inutilizados. Considerando essa opção, alguns produtores estão engordando bezerros para o abate, apesar dessa prática ainda ser incomum e do peso das carcaças permanecerem baixos comparado com outros países.
Produção brasileira deve ser maior devido à demanda doméstica e internacional
A produção do Brasil deverá aumentar quase 2%, para um novo recorde de 9,4 milhões de toneladas, devido à forte demanda doméstica e externa. O Real potencialmente mais fraco com aumento recorde na oferta de gado (devendo crescer 3% durante 2013) deverá proporcionar preços competitivos no mercado mundial.
Outros importantes produtores deverão continuar a ter ganhos principalmente pela reconstrução do rebanho
Argentina: a produção deverá continuar se recuperando, ficando 6% maior, para quase 2,8 milhões de toneladas. O aumento de abates será suportado pela crescente oferta de gado como consequência da reconstrução do rebanho iniciada em 2010 após seca severa e liquidação do rebanho. Um crescimento adicional na produção é limitado, porque as menores exportações (180.000 toneladas em 2013 comparado com 621.000 toneladas em 2009) desestimula o comércio de gado mais pesado, pois animais mais jovens e leves são tipicamente demandados pelo mercado doméstico.
Apesar da alta taxa esperada de inflação e do contínuo aumento nos custos de produção, historicamente o alto preço do gado ainda deverá fornecer retorno positivo ao setor pecuário, estimulando a reconstrução do rebanho, embora a um ritmo mais lento.
Austrália: a produção deverá aumentar 2%, para quase 2,2 milhões de toneladas. Após o final de quase 10 anos de seca em 2010, condições melhores de pastagens e a oferta de grãos apoiaram a reconstrução do rebanho que deverá continuar em 2013. Além do maior número de animais abatidos, o peso médio deverá continuar próximo a níveis recordes.
China: pela primeira vez desde 2007, a produção deverá aumentar ( 1%, para 5,6 milhões de toneladas) devido à demanda doméstica robusta, ao suporte do Governo e à expansão de operações comerciais. O Governo tem subsidiado o melhoramento genético bovino nos últimos anos e investiu na proteção e melhora de pastagens naturais em importantes áreas no oeste da China. Os frigoríficos comerciais e produtores estão negociando mais contratos e a preços melhores do que os abatedouros privados de gado, melhorando as margens de lucros e a eficiência do setor.
Comércio: Índia continua a expansão, fortalecendo exportação
A Índia deverá ser responsável por 75% do crescimento previsto nas exportações à medida que expande suas vendas em diversos mercados devido sua oferta abundante e preços competitivos. Entre os países importadores de carne bovina, o aumento na demanda será relativamente moderado, exceto nos Estados Unidos, onde será necessário compensar a menor produção. Os Estados Unidos representam mais de 50% do crescimento global das importações.
Exportações
Índia impulsiona exportações mundiais
As exportações da Índia deverão ser 29% maiores, chegando em 2,16 milhões de toneladas, comparável com as exportações recordes mundiais do Brasil, de 2,19 milhões de toneladas em 2007. A Índia atualmente representa quase um quarto do comércio mundial de carne bovina comparado com apenas 8% em 2009. Essa rápida expansão é impulsionada pela demanda por produtos de baixo custo em muitos mercados menores, emergentes e sensíveis ao preço (Oriente Médio, África, Sudeste da Ásia) bem como pela capacidade de fornecer produtos halal.
Entretanto, as exportações continuam restritas pelo acesso limitado a muitos importantes mercados devido às restrições de doenças. Embora a Índia controle a febre aftosa com programas de vacinação, o país não mantém um status de classificação de febre aftosa junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
América do Sul e Oceania: exportações aumentam devido à maiores ofertas
As exportações do Brasil, de quase 1,5 milhão de toneladas, deverão se recuperar no mesmo ritmo de 2012 (4%). Amplas ofertas, o enfraquecimento esperado do Real e os preços estáveis do gado devido à maior oferta gado para o abate melhorarão a competitividade. O Brasil pode vender a mercados que a Índia nãotem acesso (Rússia, União Europeia), o que capacita a preservação de sua posição em muitos importantes mercados.
Argentina, Paraguai e Uruguai deverão obter ganhos de 6%, 4% e 3%, respectivamente, devido à maior oferta. O crescimento da Argentina é limitad pelo alto preço do gado e pela moeda nacional (Peso) supervalorizado, mas as vendas à UE e alguns outros nichos de mercado são existem e são exceções.
Apesar do Paraguai e Uruguai exportarem volumes significantes à Rússia, o Paraguai se tornou dependente desse mercado desde seu foco de febre aftosa em 2011/2012 que cortaram seu acesso a muitos mercados. O Uruguai se beneficiou expandindo os envios para mercados que antes eram do Paraguai, como Chile, Israel e outros.
As exportações da Austrália e da Nova Zelândia deverão aumentar 2%, para 1,4 milhão de toneladas, e 529.000 toneladas, respectivamente. Embora ambos os países se beneficiem da forte demanda asiática, eles também são importantes fornecedores dos Estados Unidos.
Previsões mistas de exportações na América do Norte
As exportações dos Estados Unidos deverão cair 1%, para 1,1 milhão de toneladas, mas ainda representar 10% da produção. O dólar relativamente fraco é de alguma forma compensado pelos maiores preços, à medida que a oferta dos Estados Unidos diminui. Os preços competitivos continuam sendo um desafio no mercado global, apesar da demanda do México e dos principais mercados da Ásia continuarem fortes.
Recuperando-se de três anos de quedas, as exportações do Canadá deverão aumentar 5%, para 415 mil toneladas. A produção limitada e o fortalecimento do dólar canadense provavelmente limitarão o crescimento adicional nas exportações, mantendo os números abaixo dos níveis históricos.
As exportações do México deverão aumentar quase 13%, para 225 mil toneladas devido ao maior volume enviado aos Estados Unidos e também à Rússia, Japão e Coreia.
Importações
Importações dos Estados Unidos aumentarão devido à escassa oferta doméstica
As importações dos Estados Unidos deverão aumentar 11%, para quase 1,2 milhão de toneladas. O menor abate doméstico reduzirá a oferta de gado, em parte apoiando as maiores importações. A lenta recuperação econômica continua reduzindo a demanda e o dólar relativamente fraco restringe as importações adicionais.
Importações mexicanas aumentam para compensar a menor produção e as maiores exportações
As importações do México deverão aumentar 17%, para 350 mil toneladas. A escassa oferta e a maior exportação para mercados de maiores preços deverão impulsionar a demanda de importação.
Menor produção no Japão e na Coreia do Sul gera maior importação
As importações do Japão deverão ser 1% maiores, em 750 mil toneladas, compensando a menor produção e o maior consumo. Apesar dos altos preços dos Estados Unidos poderem reduzir a importação, o país deverá capturar maior participação de mercado. Como não houve nenhuma modificação oficial da política, a atual previsão não assume mudanças do limite de acesso ao mercado japonês para a carne bovina dos Estados Unidos.
A menor oferta doméstica também impulsionará as importações da Coreia, que deverão aumentar 8%, para 405 mil toneladas. A retomada das importações de carne bovina do Canadá e a implementação do KORUS FTA (acordo de livre comércio entre Coreia e Estados Unidos) não deverão ter um impacto significante em 2013.
As tarifas de importação da Coreia sobre as importações de carne bovina dos Estados Unidos serão reduzidas de 40% para 37,3%, mas essa redução não deverá compensar os maiores preços da carne bovina dos Estados Unidos.
Demanda do Oriente Médio e da África do Norte serão maiores
A demanda do Oriente Médio e da África do Norte deverão aumentar as importações dos principais fornecedores, Índia e Brasil. Maior importação é esperadas para Argélia (20%), Arábia Saudita (5%), Israel (8%), bem como muitos mercados menores, como Omã, Líbia e Emirados Árabes Unidos.
A crescente população, oferta doméstica limitada, recursos domésticos restritos e a ampla oferta da Índia e do Brasil a preços competitivos estão direcionando a demanda regional. Somente o Egito deverá ter queda (de 2%, para 225 mil toneladas), à medida que um aumento na produção doméstica compensa o crescimento no consumo.
Rússia retorna ao posto de segundo maior importador mundial
A Rússia deverá ser o segundo maior importador do mundo (depois dos Estados Unidos), com previsão de aumento de 1%, para quase 1,1 milhão de toneladas. As importações consistentemente representaram cerca de 45% do consumo nos últimos anos.
Fonte: Livestock and Poultry: World Markets and Trade, Foreign Agricultural Service/USDA – Outubro de 2012. Relatório traduzido pelo BeefPoint.

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